Análise do livro "Deu no New York Times" - Larry Rohter.

A prefácio disso, isso:

Acho incrível contemplar a perspectiva de um repórter, como cita o livro, do “Jornal mais influente do mundo”, sobre o Brasil. Como pode, na verdade, falar do Brasil e apontar seus respectivos problemas e desacertos sócio-culturais, um norte americano, logo quem não nasceu nesta terra?

Inquestionável, para mim, a ilegitimidade do escritor para pautar no livro discutido; mas como estudioso externo, jornalista cujos olhos presumem-se limpos de influências internas, aceito suas ponderações por se tratarem, talvez, de amistosa avaliação imparcial.

POLÍTICA

Política Nacional

O que Larry diz como sendo o maior problema dentre a jovem democracia brasileira, a qual está “pela metade do copo” é já inquestionável sobre credo brasileiro: A corrupção.

O clientelismo, apadrinhamento, e outros círculos viciosos que se arrolam à estrutura política do Brasil, com observância a esse nosso jeitinho brasileiro de agir, fragilizam a máquina e atrapalham o bom arquétipo. As estruturas do Senado já não suportam pilastras que não aceitem a subjetividade dos legisladores; estes, já há muito acostumados com a acomodação necessária obtida entre a troca de favores entre os três poderes. Forma Rousseau de moldar a sociedade, que deveria respeitar suas arbitrariedades devidas.

Chega a ser curiosa a narrativa do autor, de quando sua mulher, sem ter infringido a alguma norma de trânsito, é abordada pelo policial, quem pede por dinheiro em troca de negar alguns pontinhos em sua carteira.

Veja-se: Sob minha ótica, dê a César o que é de César.

Não creio que o policial tenha agido de tal forma pelo fato de teus governantes, como é de sua ciência, trabalharem assim. Mas deposito confiança no fato de que nossos governantes laboram neste lamaçal por causa de nossa população, nossa sociedade; esta assim esquematizada por fatores culturais.

Isso equivale dizer que o governo é omissivo mas tambem assim é o povo; se deixam influenciar; seja porque não querem participar da real democracia a que tem direito; seja porque depois de tantos anos de engodos e de enganos, já não acreditam mais nos mecanismos legais. Partes do sistema falido, onde ambos lados não querem alçar novos rumos.

Logo, neste abatido sistema político – laborando sob interesses – as classes sociais acentuam-se como mais isoladas a cada momento, desfragmentando mais ainda o já combalido conceito de União, da igualdade perante a Nação, essência esta que o próprio mundo jurídico pretende alcançar.

Não se perca o foco, concluo:

O círculo vicioso está na sociedade e então presente na política, esta exercendo o espelho de teu povo.

As pessoas continuam estacionando seus carros em lugares inapropriados, buzinando em locais indevidos, passando no sinal vermelho e ainda, como efeito disso, sob o álcool e não respeitam o limite de velocidade. Claro está também a sonegação fiscal, a inadimplência geral, pirataria e outros.

É o povo que abala a lei que quer que o proteja.

EU E LULA

Quente e amargo. Quente e amargo fora o primeiro gole de café que acabo de tomar para relatar este tópico que li. Quente e amargo, também, é o modo como desce a atualmente semanal “pinguinha” de meu presidente. Gostoso como café, é a minha preocupação com a política desse meu país, mas nos próprios pequenos grãos do ouro preto, tenho o relato dos grandes articuladores do lamaçal PT. Oligarquias sujas, sonegações do MST, enfim, coisas que acredito promulgarem-se neste mandato.

Trata-se na verdade de um relato particular entre o relacionamento de Luís Inácio Lula da Silva e o jornalista, que se conheceram na greve do ABC paulista. Narração absoluta que coaduna a discrepância entre a figura de Luís e a função que hoje exerce. Há relatividade na pessoa pública de Lula, claro, questione-se a veracidade das palavras e frases usadas no livro. Mas olvide-se, entretanto, se qualquer mentira for feita, já que ele nem com o português, sua língua mãe, expressa-se direito.

O desvio das atenções sobre a morte de Celso Daniel e outros acontecimentos, delegaram que Lula e seus compatriotas acometeram-se dos mesmos desfalques que os doutores do passado. FHC, Fernando Collor que nada. O governo Lula seria mais honesto, justo e capaz que qualquer outro na história da República Brasileira. Ironia.

Caso do mensalão, este que alarmou Larry Rohter para que se atentasse algumas de suas escritas a vislumbrar o Brasil, deixou bem clara a interferência da esquerda na Nação; esta caracterizada com a intenção, antes, pelo avanço ético e transparente do modo se governar. Hoje, nada disso mais aceito; o partido dos trabalhadores provou-se não muito diferente das críticas que seus próprios filiados faziam a outros conglomerados de sujeira qualquer.

Alckmin e FHC continuam a depor no inquérito deste caso, como é ciente que os fez dia 5 de junho de 2009, e nada deles aparece. Ora agora têm insurgido inexistente, até mesmo em autos, a parte direita da política deste país em envolvimento com este caso. O que não é direito,é errado.

Ainda não rei, mas de caráter presidencial, embora não Deus, mas elogiado por internacionalistas de todos os países, acompanha-se na conclusão deste título, o desenvolvimento do operário líder que conquistou a massa – esta com sede de aumentos salariais para a “ruptura necessária” – a seu enquadramento no poder.

Vejo os cargos públicos como quadrados, moldes, formas a se aceitar. Não consegue um líder de esquerda chegar e romper com laços burocráticos, tentáculos estes formadores da máquina administrativa. Lula e seus subordinados não podem caminhar com os pés fora da constituição, com as ciências marginais às condicionadas em formas de lei; como queria antes de subir ao poder.

Ascendeu-se como Presidente e tem governado bem, é o que eu acho. Fora, e excepcionalmente fora os roubos absurdos que já parecem tomar conta, não sei se reflete a boa e velha fisiocracia Inglesa este modo Lula de governar, mas ele tem tido dados positivos: Diminuição na taxa de desemprego, aumento do IDH brasileiro, qualidade de vida e outros.

CULTURA

Já que estou lendo ao livro fora de sua ordem cronológica, já que comecei pelo âmbito político de sua visão - feita assim para carregar consigo certa estrutura literária e nos passar certa visão geral -, entro agora no estudo americano do caráter do modelo cultural brasileiro.

Brasil Nação. Caráter de terras exploradas, teve, na verdade, o chão da península ibérica, os sapatos de vôo da Europa ocidental, as calças, parte de sua vestimenta.

Indubitável frisar uma das coisas que é dita no livro, de inestimável sabedoria. A ansiedade e falta de autoconfiança marteladas em nossa sociedade reproduziram um acervo cultural de medo. É assim que vejo; Nossos músicos, pintores e artistas em geral sempre precisaram de ter seus nomes proclamados em findos internacional para serem valorizados. Isso tudo é devido ao caráter colonial da Nação, posto que durante séculos nunca se viu livre monetariamente, e hierarquicamente de Portugal.

Sempre tive em mente que o Brasil e os outros países do sul, considerados novo mundo, deveriam ter passado pelo mesmo processo pelo qual passaram os países do antigo mundo.

Quem tiveram os Estados Unidos, a Inglaterra, a Itália e França – imperialistas escrachos do séc. XIX – para interromperem seu estágio de fundar a República?

Não foram interrompidos por caravelas quando eram meros povoados indígenas, não tiveram suas riquezas retiradas por estelionatários armados de bons argumentos, e não perderam seus negros para a escravatura. Tornaram-se justamente os monstros que nos devoraram porque tiveram vontade e oportunidade para crescer. E nós, nós tivemos só a vontade encubada de interesses elitistas. Assim, viramos-nos contra nós mesmos.

Nisso, volta-se ao assunto das artes deste país. A não confiança vislumbrada por aqueles que não tinham o selo internacional de aceitação, era a mesma interna, pelos próprios brasileiros forjada, dos outros estados para com São Paulo. Os artistas de outros estados que não passaram por São Paulo, simplesmente não poderiam ser. E assim, nessa negligência ignorante, é a economia, é o mercado e a política brasileira. A concentração de “óóhh” é para São Paulo.

Fora a parte artística relativa à nossa cultura, nada menos correto que entender que a Cultura não é só a arte. Trata-se do corpo de um povo, o símbolo que carregam as pessoas no intuito indireto de ser as pessoas que são. O patrimonialismo, apadrinhamento e outros “ismos” e “entos” que não fogem desta esteira cultural, deu-se pelas oligarquias deste país.

Que ninguém, visivelmente mesmo eu, encha os pulmões para dizer dessa erva daninha, das veias que corroboram para esse fortalecimento de poucos e inibição de muitos. A começo de conversa, quem tem capacidade para fazê-lo, criticá-lo de alguma forma ou outra fora beneficiado, mesmo que indiretamente, pelo jeitinho brasileiro. A mesma mão que toma, dá.

Falta encorajamento e entendimento de muitos brasileiros para se desvencilhar do exterior, de coisas não suas, estas que são ainda, inferiores a peculiaridades nossas. Se entendêssemos que temos a maior biodiversidade mundial, fortaleceríamos o turismo interno. É uma questão de dupla troca favorável. Se ouvíssemos mais a músicas nossas e fossemos privados desse bombardeamento da mídia em prol da estética americana de ouvir, falar e se vestir, o Brasil seria mais brasileiro.

Alexandre Bonilha
Enviado por Alexandre Bonilha em 21/07/2010
Código do texto: T2392065
Classificação de conteúdo: seguro