O ENIGMA DA POPULARIDADE DE LULA
É, o Brasil perdeu.
Não digo que fiquei triste por isso.
Contudo, não gostei da seleção ter perdido. Seria melhor se ganhássemos.
Explico: O Brasil atravessa uma ótima fase econômica, política e social como “nunca antes na história desse país”! A vitória da seleção no mundial somente reforçaria o clima de otimismo pelo qual estamos passando.
Nosso presidente certamente teria ainda mais altos níveis de popularidade. Mas é certo que não chegaria aos 100%.
E por que não?
Porque há uma porção mínima da sociedade brasileira que detesta ver o operário barbudo no poder. Odeiam simplesmente por odiar, pois não há motivo.
O país está melhor do que nunca.
Essa porção mínima tentou e tentou por diversas formas derrubá-lo. Quantas e quantas foram as tentativas de golpe branco pela mídia marrom. Mídia marrom, como a cor do cocô.
Esse é o valor do setor midiático brasileiro, o valor de um excremento.
Lembro-me de uma capa da revista Veja em que havia uma foto do presidente Lula com uma marca de sapato no traseiro. A revista se engajou numa campanha explícita de difamação e tentativa de derrubada do chefe do executivo federal.
Para mim a campanha era escancarada.
Quantas e quantas vezes ouvimos a velha e batidíssima retórica: “Olhem o operário, não tem faculdade, não sabe falar inglês; como esse burro vai representar o Brasil lá fora?”
Mas, contrariando as expectativas, o Brasil vai muito bem lá fora e muito bem aqui dentro também, obrigado!
O Brasil pela primeira vez tem alguém que o represente, que representa o povo brasileiro de fato e não apenas meia dúzia de privilegiados como sempre foi no passado.
Algumas pessoas, a despeito de sua pouca inteligência, precisam compreender que o nosso país não é o lugar de aristocratas, não é um país em que se ouve ópera e se vai a recitais de piano.
Não usamos smoking no dia a dia, não falamos inglês nem francês, muito mal o próprio português é falado por aqui, escrito então...
Contudo, se as características do povo são ouvir música sertaneja, fazer churrasco no final de semana, usar jeans e camiseta, ler pouco ou nem ler, então precisávamos de alguém que fosse a cara do povo.
Alguém como Lula.
Falo isso sem ser pejorativo, pois isso é fato.
O que adiantou termos Fernando Henrique Cardoso no poder? Aristocrata, doutor em sociologia, poliglota, homem fino e educado, mas que no poder representou apenas uns poucos seguimentos.
Lula representa o país. Ele não representa uma classe social, nem algum setor em especial, mas o país como um todo. O Brasil era um determinado país antes de Lula e agora é outro depois dele.
Lula é um divisor de águas na história do país, um marco.
Os números favoráveis, a popularidade sempre crescente, o ganho eleitoral que elegerá sua sucessora – primeira mulher presidente do Brasil – são méritos dele, ele merece.
É mérito dele a redução da miséria, é obra dele pegar uma faca enorme e pesada e dividir o famoso bolo do qual já estávamos esperando nosso pedaço a muito tempo.
Amigos, companheiros, simpatizantes e caras amarradas: os números da popularidade do presidente não são o que são porque o povo é trouxa e vota nele por causa do Bolsa Família, muito pelo contrário, o povo é bem esperto e sabe perceber quando, por exemplo, não há comida no prato.
Tudo bem que é uma coisa extremamente difícil de perceber, mas o povo percebe, não sei como, que o prato de comida em cima da mesa agora está mais cheio e colorido.
Por que será?
O povo também, outro enigma que tento descobrir, sabe o que é ter emprego depois de passar por décadas com uma economia em recessão.
Eu ainda descubro o que esse povo faz para perceber essas coisas que alguns poucos no Brasil não percebem, ainda descubro.
Engraçado é que outros governantes não tiveram a popularidade da qual desfruta o operário hoje, por que será?
Esse é um enigma de tão difícil resolução quanto o de Édipo e o da Esfinge.
A diferença é que aqui no Brasil as pessoas, quando não decifram o enigma, não são devoradas. Mas ao contrário, estão devorando e muito, consumindo bastante, pois o tempo de bonança tem sido para todos.
É que tem gente que é cega ou não sabe a hora certa de calar a boca. Só isso.