Bolsa Família, um câncer social
Veio-me à lembrança um episódio marcante na vida de Roma Antiga, a partir de 30 a.C., ou seja, a inserção da conhecida política do PÃO E CIRCO, criada pelo Império Romano, com o intento de desviar a atenção da revolta dos plebeus desempregados, que foram migrando para as cidades, porque a mão de obra assalariada passava a ser exercida por escravos, frutos das conquistas territoriais romanas. Devido a essas conquistas, as províncias controladas por Roma passaram a fornecer grandes riquezas à Capital, assim o Império desenvolveu-se, de forma vertiginosa. Com o propósito de evitar o confronto com o povo desempregado, que formava um verdadeiro exército de carentes, o Império criou a política de oferecer, quase diariamente, espetáculos de lutas entre gladiadores em grandes estádios (o mais famoso foi o Coliseu), onde também eram distribuídos alimentos aos “desafortunados”. Vejam que, desde essa época, já se usava o golpe do “paternalismo” governamental, em prol da “erradicação” da carência popular, cujo objetivo real sempre foi a de manter sob controle a receptividade dos necessitados, por conta da “bondade” e “preocupação” dos governantes. Hoje, no Brasil, a política do Pão e Circo está sendo resgatada pelo governo, com o nome de Bolsa Família, como sendo a melhor forma de distribuição de renda aos mais pobres, assim transformando esse golpe baixo em solução para a desigualdade social do País!
Nunca, em hipótese nenhuma, os problemas de fome e desemprego de um país podem ser resolvidos com o pagamento de esmolas aos necessitados, de forma permanente, “ad infinitum”, porque essa forma de dependência cômoda cria cada vez mais cidadãos desocupados e indolentes, com isso aumentando os gastos públicos (dinheiro arrecadado dos contribuintes que trabalham), sem que haja algum retorno de produtividade ao país. Por outro lado, essa benemerência governamental passa a garantir um curral eleitoral de grandes proporções, provocando assim um alto índice de “aprovação” do eleitorado, que não quer mudar o “status quo”, por razões óbvias, vindo assim a manter no poder, indefinidamente, o seu benfeitor ou quem ele apresentar à sua sucessão, porque o “profissionalizado” em necessidade não se incomoda que tudo o mais venha a desandar, desde que ele garanta a sustentabilidade própria e de seus familiares, mesmo que de forma precária, sem ter de enfrentar algum tipo de trabalho.
Há muitos ditados populares que não podem ser desprezados, por espelharem sábias verdades que direcionam as atitudes sensatas para a formação de uma boa qualidade de vida cidadã, e um deles é muito conhecido e que está sendo colocado à margem pelos eleitores preguiçosos e desinformados e pelos mandatários corruptos e venais: “Não se dá o peixe para o faminto comer, mas devemos ensinar-lhe como pescar”; esse ensinamento é arquilógico e crucial.
A política do Pão e Circo (Bolsa Família e futebol) é a maneira mais deprimente de se violentar as leis democráticas, pelo caminho legal. Um verdadeiro estadista preocupa-se em preparar o povo para ser útil ao crescimento do seu país, fornecendo-lhe condições abundantes para a alfabetização e para o aprendizado tecnológico necessário para seu engajamento no mercado de trabalho, através de subsídios temporários aos mais carentes, a título de empréstimo sem juros, a ser reembolsado, a longo prazo, por conta dos resultados do próprio trabalho profissional, oferecendo assim a esse trabalhador o resgate da sua dignidade de cidadão. É evidente que tudo isso deve vir acompanhado de uma política de crescimento sustentável, com a facilitação ao fomento da criação de postos de trabalho, através do incentivo aos empreendedores, para entrarem no mercado comercial-produtivo com o mínimo de burocracia e entraves fiscais escorchantes. Para se criar condições favoráveis a essas ações de bom senso administrativo, os gastos públicos, necessariamente, têm de ser reduzidos a patamares honestos e compatíveis com as necessidades do país, sem “cabides de emprego”, sem corrupção, sem distribuição e criação política de ministérios inoperantes e, principalmente, sem gastos com “turismo marketeiro”.