A política é a arte de captar em proveito próprio a paixão dos outros
O título acima resume tudo o que penso sobre a maioria absoluta das nossas lideranças políticas. Tomei essa frase emprestada de Henry M. Joseph Frédéric Expedite Millon de Montherlant, escritor, ensaista e romancista francês que nasceu em 1896 e partiu em 1972, deixando um legado de valiosos romances e peças teatrais para a posteridade. Ao contrário de Henry de Montherlant, qual o legado que deixará a maioria dos nossos políticos? Oportunamente, reitero que este ano será importantíssimo para os destinos do nosso país, pois, além das eleições para o executivo (governador e presidente), deveremos escolher os deputados estaduais, federais e senadores.
Apesar de não darmos a devida importância ao voto para aqueles que irão compor o poder legislativo nas esferas estadual e federal, é importante salientar que são os nossos deputados e senadores que de fato conduzem os nossos destinos, pois são eles que criam as leis sobre os impostos, a segurança pública, a saúde e a educação, portanto, antes de votar em um deputado federal ou senador procure saber o que ele pensa sobre assuntos tão importantes como carga tributária, redução da maioridade penal, prisão perpétua, punição para crimes hediondos, controle de natalidade, habitação, saneamento básico e investimentos para a educação e saúde.
Se os nossos políticos são tão preocupados com a qualidade de vida do nosso povo, por que então se esquivam em tocar em assuntos tão corriqueiros e importantes para a população dos quatro cantos desse país? O fato é que tanto políticos quanto eleitores ficam anestesiados no período eleitoral diante da possibilidade de resolver os problemas pessoais, ou seja, basta receber a promessa de emprego, dinheiro ou benefícios para si ou para a família que o mais crítico dos eleitores esquece os problemas sociais. Felizmente, ainda conheço uma meia dúzia de pessoas que respeitam a si mesmas e ao restante da sociedade e que em hipótese alguma negociam seus votos ou suas convicções em troca de benefícios individuais. Como retaliação, essas pessoas jamais ocuparão cargos importantes, receberão título de cidadão ou serão reconhecidas pelo caráter íntegro. Essa é a nossa sociedade!
William Shakespeare, poeta inglês e reconhecido como o maior dramaturgo de todos os tempos, afirmou que “O Demônio não soube o que fez quando criou o homem político; enganou-se, por isso, a si próprio”. Eu sou um grande admirador de Shakespeare, entretanto, confesso que tenho grande desconfiança dos nossos políticos, especialmente aqueles que se vestem em pele de cordeiro para enganar a população. O mesmo Shakespeare afirmou que “O diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém”, ou seja, no Século XVI já era bastante comum as lideranças políticas se utilizarem das igrejas e das escrituras sagradas para tirarem algum proveito em detrimento da grande maioria dos seus eleitores. Tenho acompanhado de perto os vários eventos políticos na nossa região e não é difícil perceber que alguns religiosos e políticos estão de braços dados em torno dos mesmos objetivos. Fica a impressão de que vale qualquer coisa para a captação de votos, aliás, não faz diferença o sufrágio do mais fervoroso cristão nem do mais radical ateu. O importante é que os líderes alcancem os seus objetivos e se for necessário se faz as coligações nunca dantes imaginadas, afinal, a política é a arte de captar em proveito próprio a paixão dos outros!