DOENTES MENTAIS E SHOPPING CENTER TAMARINEIRA

O Hospital Psiquiátrico Ulysses Pernambucano, mais conhecido em Pernambuco como TAMARINEIRA está prestes a virar um SHOPPING. Diante disto e em nome da ecologia, do espaço verde que deve ser preservado, mas acima de tudo em defesa dos "doidinhos" que lá se encontram internados, os poderes constituídos da saúde se uniram para defender o hospital. A impressão que temos é que agora os internados têm valor, pois está servindo de argumento contrário a construção do centro de compras. Abandono, estruturas físicas precárias, péssimo atendimento aos pacientes, são uma breve retrospectiva de uma unidade que, certamente, não fará diferença se não permanecer naquele local.
Se os argumentos fossem contrários em função da área verde, da especulação imobiliária, do fluxo de carros aumentado com a construção do novo Shopping, até haveria coerência.  Todos sabem que o SUS não tem dado atenção como deve e na forma como a constituição assegura aos usuários "normais", como agora querem defender quem não sabe se defender? Como agora querem usar pessoas sem poder de pensar pela  condição de doentes mentais? Quem for àquela unidade psiquiátrica, certamente vai sair desesperado com o que ver de descaso. Talvez um descaso que não torne Pernambuco com mais essa exclusividade, mas representa, provavelmente, uma amostra de como a saúde mental é tratada no país. Certamente não justifica, mas serve para se tirar conclusões acerca de pessoas que defendem verdadeiramente a reforma sanitária e psiquiátrica, mas que na prática fazem pouco ou quase nada pela sua efetivação.
Faz mais de 40 anos que esse hospital se encontra naquela localização privilegiada. Lá, até pacientes mortos já foram encontrados, segundo informações correntes. Ninguém nunca deu muita importancia para isto nem para recuperar o quadro funcional composto por abnegados médicos e auxiliares que fazem milagres para que o mínimo de atenção seja prestado. Talvez a construção que se prenuncia sirva, dentre outras coisas, para que um local mais digno seja providenciado, segundo consta nos protocolos da arquidiocese de Olinda e Recife. Talvez também sirva para que Estado e Município se dêem as mãos para cumprirem as determinações legais vigentes acerca da nova política de saúde mental. Ela preconiza, dentre outras coisas, o tratamento psiquiátrico via CAPS e residências terapêuticas. O município do Recife avançou consideravelmente neste sentido, inclusive criando novas categorias profissionais com esse fim. Contudo, 
muito há que ser aprimorado, inclusive ampliando sua rede para receber a demanda psiquiátrica do Estado e, quem sabe, os da Tamarineira?
O projeto do novo Shopping tudo indica esteja bem monitorado pelo meio ambiente, igreja e Ministério Público. O patrimônio histórico certamente fará sua parte, mas continuamos sem entender o FALSO MORALISMO de boa parte dos entusiastas que, nesta última hora, defendem os pacientes do Ulysses. Talvez o longo tempo em que os pacientes da TAMARINEIRA foram ESQUECIDOS por eles, tenha despertado nos especuladores capitalistas, o desejo de construir mais um centro de compras como se no Recife não houvesse tantos outros.
Por não termos ainda opinião mais definida sobre o caso, talvez seja vantagem a troca dos "doidinhos sem juízo" da TAMARINEIRA, pelos neuróticos consumidores compulsivos do novo shopping.
Talvez um decretodo Prefeito resolva esta celeuma e isto está sendo visto com todas as possibilidades. Em acontecendo, um parque municipal estará garantido, mas os pacientes do Ulysses, sabe Deus!