FICHAS SUJAS. HAJA ÁGUA SANITÁRIA

O que dá pra rir dá pra chorar. A vida imita a arte ou esta a vida? A gente nasce para o que é ou é para o que nasce? Trocadilho a parte, mas é sério brincar com a seriedade. Parece-nos que é como querer compreender o que não tem compreensão lógica, formal, social, que nos faz assim pensar.

No Brasil, a criatividade do povo tem servido de amparo para liberar geral aquilo que o povo não tem condições de mudar pelo voto. Talvez por ignorância espontânea, quiçá por contexto “pelesiano” (de Pelé) acerca do não saber votar. A gente acha graça de coisas sérias e torna sérias coisas sem graça. Elegemos maus políticos e achamos ruins os fichas sujas. Estes são duplamente ruins. Primeiro porque não fazem nada como a maioria deles; depois pelo agravante de terem “rabo preso” com a justiça. Ou, no absurdo conformista daqueles que diziam que Maluf roubava, mas fazia.

A atual situação de clamor pela lei que não permite eleger quem tiver “ficha suja” tem seu valor. Simboliza, dentre outros, o clamor de uma parcela considerável da população que já aprendeu votar. Sabendo votar, exige que quem tiver ficha suja não possa concorrer a cargo eletivo nas três esferas de governo. Entendemos que seja positivo, mas isto seria resolvido pelo próprio povo diante da relação desses candidatos que têm nome pendente na justiça. Mas o que abunda não prejudica. Afinal quem pode mais pode menos.

Dos males, sempre o mal menor. A grande maioria do nosso povo ainda vota em candidatos que não são escolhidos por eles, mas pelo dono do cabresto. Esse cabresto só mudou de dono e de formato, pois hoje ele é representado, inclusive, eletronicamente. Afinal, a “poderosa” da comunicação brasileira foi à grande responsável pela eleição do collorido, lembram? 

A época dos coronéis já passou. Em Pernambuco os últimos foram Chico Heráclito em Limoeiro e Abílio Ávila em Bom Conselho, há mais de 40 anos. Pouco tempo para que os resquícios deste modelo sejam banidos. Eles continuam de outra forma, sincrônicos ao atual modelo de sociedade cercada de tecnologias de dominação por todos os lados.

O projeto contra os “fichas sujas” foi aprovado pela câmara. Melhor que fosse retirado para que pudéssemos deixá-lo mais completo. Inserir-se-iam outras prerrogativas igualmente coerentes, tipo: que não bastasse aos políticos terem fichas limpas, mas a) seus filhos estudando em escolas públicas e b) seus planos de saúde ser o oficial, que é o SUS?

No viés do SUS a questão é tão séria que nos faz retomar ao mote inicial das coisas sérias tidas e havidas com galhofa. O texto que segue foi por nós recebido pela internet, recorrentemente. Desta vez decidi incluí-lo neste “reboque” por vários motivos, mas principalmente, porque apesar de tudo, há nele muita verdade cifrada inteligentemente. Pena que neste caso, guardadas as devidas proporções, não é difícil a gente identificar conduta parecida no dia-a-dia da população usuária do SUS. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência: é, de certa forma, uma resposta jocosa que retrata a relação espúria entre um plano de saúde público e sua população ossuária, digo, usuária:

 

 

OS 12 MANDAMENTOS DO MÉDICO DO SUS:

 


1. Se você não sabe o que o paciente tem, dê Voltaren;
 
2. Se você não entende o que viu, dê
Benzetacil;
 
3. Apertou a barriga e fez "ahhnnn", dê Buscopan;
 
4. Caiu e passou mal, dê
Gardenal;
 
5. Tá com uma dor bem grandona, dê
Dipirona;
 
6. Se você não sabe o que é bom, dê Decadron;
 
7. Vomitou tudo que ingeriu, dê
Plasil;
 
8. A pressão subiu? Dê
Captopril;
 
9. Se a pressão deu mais uma grande subida, dê
Furosemida;
 
10. Chegou morrendo de choro, ponha no
soro;
 
11. Arritmia doidona dê
Amiodarona;
 
12. Pelo não, pelo sim, dê
Rocefin...
 
PS: Se nada der certo, não tem neurose, diga que é só uma virose!!! E se, com toda a profilaxia e tratamento o indivíduo achar de morrer, a causa do óbito é parada cardíaca ou respiratória. Afinal, quando o sujeito morre pára de respirar e o coração pára de bater - não tem erro.
“Coração de pobre não bate, apanha”...


PS.: Hoje, 20 de maio de 2010, os jornais divulgam que o Senado aprovou o projeto contra os "FICHAS SUJAS". Fez sérias modificações e ficou quase do jeito que eles queriam, mas já foi um avanço. O presidente Lula deverá sancionar. Quem sabe as demais questões suprimidas mais estas que estamos sugerindo não serão, no futuro, retomadas?