ALIENAÇÃO

ALIENAÇÃO

Uma palavra muito usada nos dias de hoje. Às vezes compreendida por uns e detestada por outras. Tem derivação latina de alienatione e vem como ato ou efeito de alienar-se. Muitas nuanças fazem parte do écran dessa palavra como alheação, cessação de bens, transporte, enlevo, arrebatamento. Poderíamos ficar aqui nas sinonímias, mas vamos mais além. Na filosofia a Alienação Mental se refere ao processo ligado essencialmente à ação, consciência e à situação dos homens, e pelo qual se oculta ou se falsifica de modo que apareça o processo, e seus produtos como indiferentes, independente ou superior aos homens, seus criadores, bem como a objetivação e reificação. Estado e condição ou produto de alienação. Segundo a filosofia, Hegel refere-se ao processo essencial à consciência e pelo qual ao observador ingênuo o mundo parece constituído de coisas independentes uma das outras, e indiferentes à consciência, independência e indiferença serão negadas pelo conhecimento filosófico. (hegelianismo). Não fica por ai.

Depois vem Marx e diz que a alienação é uma situação resultante dos fatores materiais dominantes da sociedade, e por ele caracterizadas, sobretudo, no sistema capitalista, em que o trabalho do homem se processa de modo que produza coisas que imediatamente são separadas dos interesses e do alcance de quem as produziu, para se transformarem, indistintamente, em mercadorias. Fonte: dicionário Aurélio. A falta de consciência dos problemas políticos e sociais. Além da filosofia, a psiquiatria também se refere à alienação mental e coloca-a como forma de perturbação mental que incapacita o indivíduo para agir segundo as normas legais e convencionais do seu meio social. Alienação nada mais é do que uma perturbação mental. (Marxismo). Esses problemas desde há muito tempo essa alienação vem sendo debatidos sem que haja interesse em acabá-la. A crítica a alienação ficou marcada na história. Nos últimos quarenta anos o estudo está centralizado nos Manuscritos Econômicos e Filosóficos de 1844, de Max. A primeira edição desse manifesto mesmo incompleta apareceu na Rússia em 1927 e logo após em 1932.

Quando completa a obra surgiram exemplares na língua russa, alemã e francesa, que fizeram uma difusão em círculos filosóficos e literários por todo o mundo. O objetivo desse manuscrito tinha como objetivação a alienação mental e sua publicação foi incontável o número. “O tempo é o campo do desenvolvimento humano” “O nosso crescimento como ser racional é determinado pelo nosso tempo de vivências. (Karl Marx). Segundo estudiosos o marxismo é uma Doutrina filosófica, econômica, política e social formulada pelos filósofos alemães Karl Marx e Friedrich Engels (1820-1895) entre 1848 e 1867. Tem como fontes principais o idealismo de Friedrich Hegel (1770-1831), o materialismo filosófico francês do século XVIII e a economia política inglesa do começo do século XIX. Segundo o marxismo, a característica central de qualquer sociedade está no modo de produção (escravista, feudal ou capitalista), que varia com a história e determina as relações sociais. Com o processo produtivo, os homens criam as próprias condições de sua existência.

A história seria, então, o resultado das lutas entre os interesses das diferentes classes sociais. Esse conflito só desapareceria com a instalação da sociedade comunista, concebida como igualitária e justa. Nela, o Estado é abolido, não há divisão social nem exploração do trabalho humano, e cada indivíduo contribui de acordo com sua capacidade e recebe segundo sua necessidade. Para o marxismo, o capitalismo é um sistema no qual a burguesia concentra o capital e os meios de produção (instalação, máquina e matéria-prima) e explora o trabalho do proletariado, mantendo-o numa situação de pobreza e alienação. Por estar baseado nessa característica contraditória, a de explorar seu próprio alicerce - a classe trabalhadora -, o sistema prepara o caminho para sua própria destruição. O capitalismo levaria a luta de classes a um ponto crítico, em que o proletariado, privado de sua liberdade por meio da contínua exploração, acabaria por se unir.

A derrota da burguesia coincidiria com a instalação do comunismo. A limitada leitura “literal” de trechos isolados para não enumerarmos erros de leitura de motivação ideóloga. De aforismo e trechos igualmente isolados. Só pode produzir teorias como a do “Marx radicalmente novo” de muitos escritos, que se concentram unilateralmente em certos dos Manucristos de Paris., tomados fora do contexto opostos ao resto da obra monumental de Marx, teorias básicas na metodologia que transforma citações isoladas em slogans sensacionalistas. A obra se divide na Fragmentarismo, na linguagem e terminologia, inadequação da estrutura conceitual, ambiguidade terminológica, complexidade do conceito-chave: alienação. O conceito de alienação de Marx tem quatro aspectos principais, sendo: o homem está alienado na natureza, está alienado em si mesmo ou de sua própria atividade, seu “ser genético” de seu ser como membro da espécie humano, o homem está alienado do homem (dos outros homens). Na primeira está a relação do trabalhador com o produto de seu trabalho, que ao mesmo tempo, segundo Marx, sua relação com o mundo exterior dos sentidos, os objetivos da natureza. A segunda uma atividade alheia, oferecendo satisfação em si e por si mesma, recebe também o nome de alienação da coisa, e a segunda “auto-alienação”.

A terceira é a objetivação da vida da espécie humana. A terceira seria uma união das duas. Resumindo, o conceito de alienação de Marx compreende as manifestações do “estranhamento do homem em relação à natureza e a si mesmo, de um lado, e as expressões desse processo na relação entre homem-humano e homem e homem, de outro. Sinceramente definições e citações difíceis de entender. Num estudo bem sistematizado poderemos chegar ao idealismo de Marx. Logo após, vem e estruturação dos manuscritos de Paris. Nos manuscritos econômicos e filosóficos de 1844 - Marx formula duas séries complementares de questões. A primeira investiga por que há uma contradição antagônica ou “oposição hostil”, como ele por vezes dizia. A segunda série ocupa-se da questão da “transcendência (Aufhebung), perguntando como é possível substituir o atual estado de coisas, o sistema predominante de alienações, da alienação evidente na vida cotidiana até as concepções alienadas da filosofia.

Na dialética e Aufhebung - “A dialética é o princípio de todo movimento e de toda vida "O botão desaparece na explosão da florada, e nós poderíamos dizer que o botão é refutado pela flor. Quando o fruto aparece, igualmente, a flor é denunciada como um falso ser-estar da planta, e o fruto se introduzem no lugar da flor como sua verdade. Essas formas não são apenas distintas, mais ainda cada uma reprime a outra, porque elas são mutuamente incompatíveis. Mais ao mesmo tempo a natureza fluida delas faz que isto seja momentos de unidade orgânica na qual elas não se rejeitam unicamente, mais na qual uma é tão necessária quanto à outra, e essa igual necessidade constitui sozinha a vida do todo. (1941). A dialética é para Hegel “a alma de todo conhecimento científico verdadeiro”. Ela não constitui para ele um método exterior o seu objeto, um diálogo filosófico sobre um sujeito sério onde se chocam opiniões opostas, como podia pensar Platão. Ao contrário, Hegel vê na dialética “na realidade o princípio de todo movimento, de toda vida e de toda atividade". A dialética é o motor da realidade. Nós estamos então bem longe do método tese-antitese-síntese que nós encontramos nas dissertações escolares. “A dialética é segundo Hegel “a alma de todo conhecimento científico”, o princípio de todo movimento, de toda vida e atividade”.

No livro A Fenomenologia do Espírito (1807), de qual é o extrato acima, Hegel dá uma imagem. Examinemos o botão de uma planta. Ele se desenvolve e dá nascimento a florada. Esta “nega" o botão que lhe dá origem. Usamos alguns aspectos inseridos no site: “(http://expressaototal.blogspot.com/2007/08/dialtica-e aufhebung.html) Da mesma maneira, o aparecimento dos frutos vai negar a florada. Do botão ao fruto, a planta evolui graças a um processo negativo que Hegel chama dialética. A "totalidade viva" que a constitui, do germe ao fruto, não é uma "síntese", pois não existe no ser e no tornar-se da planta nada de estático, como indica o conceito difícil hegeliano Aufhebung. Falar mais sobre a alienação e os princípios filosóficos de Hegel seriam necessárias páginas e páginas, mas procuramos aqui tentar expor algum detalhe sobre a alienação mental.

“Os filósofos se limitaram a interromper o mundo de diversas maneiras, o que importa modificá-lo”. (Marx). Você leitor concordaria com os ideais de Marx e Engel? Karl Marx -Karl Heinrich Marx, filósofo e economista alemão, nasceu em Trier (atual Alemanha Ocidental) a 5 de maio de 1818. Estudou na Universidade de Berlim, interessando-se principalmente pelas idéias do filósofo Hegel. (http://www.algosobre.com.br/sociofilosofia/marxismo.html). Formou-se pela Universidade de Lena em 1841. Em 1842 assumiu o cargo de redator-chefe do jornal alemão Gazeta Renana, editado em colônia onde tinha a postura de um liberal radical. Ele queria descobrir a causa dos conflitos de classes provocadas pela revolução Industrial e o meio de resolvê-los. Algumas influências no desenvolvimento do pensamento de Marx: leitura crítica da filosofia de Hegel (método dialético), contato com o pensam (...) ”Na relação com a mulher, como presa e servidora da luxúria coletiva, se expressa à infinita degradação na qual o homem existe para si mesmo, pois o segredo desta relação tem sua expressão inequívoca, decisiva, manifesta, desvelada, na relação do homem com a mulher e no modo de conceber a relação imediata, natural e genérica.” [Karl Marx). Segundo o grande estudioso Vázquez (1968, p.448) a distância que separa o conceito de trabalho alienado para o do fetichismo da mercadoria é a distância entre uma concepção do trabalho ainda não fundamentada dentro de uma análise da estrutura do modo de produção capitalista em que opera o conceito, e outra na qual se concretiza nas categorias de força de trabalho, trabalho assalariado, trabalho abstrato e concreto, etc.

São estas determinações ontológico-históricas que estabelecem que demarquem "as diferenças fundamentais quanto ao lugar, alcance e conteúdo da forma concreta com que aparece a alienação em "O Capital" como fetichismo econômico". Não obstante, em ambas as concepções estão presentes uma estrutura axial da alienação: tanto os homens (o trabalhador individual - alienação da essência humana em 44), ou as relações sociais (alienação de um modo de sociabilidade própria do desenvolvimento histórico-social - em 57-58) se objetivam em produtos que se tornam autônomos e que se apresentam com um poder próprio. O caráter de continuidade que se afirma é a contradição entre os homens e a realidade exterior. Em consequência, não se trata de dissolver ou substituir a teoria da alienação na teoria do fetichismo. A primeira é qualitativamente a mesma e a segunda é sua particularidade funcional e sua problemática é um aspecto da problemática mais abrangente daquela: ... "a concepção marxiana do fetichismo supõe uma teoria da alienação”... Netto (1987 pgs. 59-60).

Mas... "fetichismo e alienação não são idênticos" (p.74). Nesse sentido, se o fetichismo exprime a forma mais desenvolvida da alienação, isso não significa que esgote seu conceito e suas formas de manifestação: "se a relação da alienação condiciona o aparecimento do fenômeno do fetichismo, e se o fetichismo das mercadorias for uma consequência específica da alienação, nesse caso esta é a noção mais ampla e mais rica, que não pode ser limitada ao fenômeno do fetichismo." Schaff (1967, p.135) Nos Manuscritos, a alienação desenvolve-se quando os indivíduos não conseguem discernir e reconhecer o conteúdo e o efeito da sua ação interventiva nas formas sociais. Assim, os processos alienantes podem ser entendidos como processos que envolvem, a partir das condições dadas pela vigência da apropriação privada do excedente econômico, múltiplas e complexas concretizações da atividade sócio-humana nas diferentes esferas da vida social.

Nesse campo amplo de afirmações e desenvolvimentos, a alienação estende sua materialização sem cristalizar-se em relações objetuais, que são próprias da sua nova e determinadas formas constitutivas a partir do fetichismo. Marx evolui de um conceito geral da alienação para uma concepção como fenômeno que deve ser recuperado em sua processualidade histórica, como produtos históricos particulares que necessitam ser investigados concretamente. Em Marx, o primado das categorias econômicas decorre do significado central que tem o trabalho como estrutura fundamental da objetivação social e das relações humanas. E é de uma análise daquelas categorias que se deve partir para "desmistificação" das relações sociais. Não obstante, as relações econômicas e os resultados de sua investigação não determinam e não podem ser simplesmente transferidos mecanicamente para todo conjunto complexo das inter-relações sociais. O específico destas tem que ser identificado em suas múltiplas mediações internas e externas e em suas interligações estruturais fundamentais. Pense nisso!

ANTONIO PAIVA RODRIGUES- MEMBRO DA ACI- DA ALOMERCE – DA AOUVIRCE- DA UBT- DA AVESP

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 02/05/2010
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