MORALIZAÇÃO DA POLÍTICA NO BRASIL - COMEÇO OU ILUSÃO?
Após aproximadamente um ano e meio e cerca de 1,3 milhão de assinaturas dos cidadãos brasileiros o Projeto Ficha Limpa tramita no Congresso Nacional. Dentre vários objetivos da Campanha é impedir que políticos condenados por crimes sejam candidatos, defendendo condenação desses por “improbidade administrativa e inelegibilidade”, isto se aplica também aos “políticos que detém foro privilegiado”. Será esse o principio da moralização da política no Brasil?
Devemos analisar que o projeto “ficha limpa”, nascido do clamor popular, não pode ser o único instrumento para que a consciência do eleitor seja mais uma vez desperta para a campanha eleitoral que estar por vir, mas é o começo da reflexão individual a quem pretendemos dar nossa “procuração”, pois é justamente o que fazemos quando elegemos seja lá quem for. Sim, damos uma “procuração” para que administrem e fiscalizem dinheiro público, mas essa “procuração” não lhes permite desvios para fins próprios; quando isso eles fazem, roubam da saúde, da educação, da segurança e de tudo o mais que tanto precisamos... Roubam, claro, da democracia!
Infelizmente, o projeto “ficha limpa” está propositalmente sendo jogado, pelos deputados federais e senadores, para uma provável não aprovação de uma emenda à Constituição Federal, na qual tende a impedir, já nessas eleições, candidaturas de cidadãos com problemas na Justiça, como os já condenados, por exemplo, a algum crime, além de extinguir o foro privilegiado para quem comete crimes no exercício do mandato.
Por que deputados federais e senadores agem dessa forma? Será que o cidadão comum, candidato a concurso público, que precisa ter ficha limpa para ser efetivado no cargo, é diferente de quem participa de eleições a cargos que curiosamente são públicos também? Irônico, não? Muitos milhares e milhares já foram a uma delegacia solicitar ficha de bons antecedentes para conseguir um emprego... Não deveriam aqueles, que se comprometem com a Nação, terem no mínimo bons antecedentes e permanecerem com “ficha limpa” durante o mandato?
Outro ponto que precisa ser posto na ferida: vereadores (principalmente os de primeiro mandato) que estão na metade do mandato, se licenciam para disputarem outros cargos eletivos com maior remuneração, não estão traindo confiança dos eleitores que os elegeram para cuidarem do município onde estão domiciliados ambos? Uma grande afronta ao eleitor, sem dúvida alguma, e cabe a ele dizer não a esse “vereador tampão”! Um agravante: esse “vereador tampão” se licencia, disputa as eleições, perde e depois reassume como se nada tivesse acontecido. Deveria, sim, renunciar; isso seria mais lógico e ético!
Caras pintadas, intelectuais, estudantes... nós! Nós eleitores não podemos ficar calados. Vamos falar das eleições nos bares, nos shoppings, nas escolas, nas associações comunitárias, nas nossas casas, vamos discutir com colegas de trabalho, acessar sites jornalísticos e apartidários, riscar da nossa lista candidatos que estão envolvidos com escândalos e corrupção e, ah, os vereadores tampões!!
Pode ser que daqui a alguns anos, olhemos para nossos parlamentares com outros olhos. Pode ser que olhemos e acreditemos que suas palavras não serão meros discursos alienadores, mascarados. Mas, agora, pressionar é preciso para que o “projeto “ficha limpa” seja aprovado na Câmara e no Senado Federal, sancionado pelo Presidente da República e que passe a valer para as próximas eleições! Que esse projeto não seja mais uma ilusão ou que fique apenas no papel, que seja de fato, o começo da moralização política em nosso belo país.
IEDA ALKIMIM