Povo, pessoa disponível
O episódio do impeachment de Collor, o dos anões do orçamento, o do mensalão e dos recentes escândalos das ambulâncias (58% da propina foi para evangélicos, diz CPI dos Sanguessuga) provam, para quem ainda tinha dúvidas, que sob as cúpulas generosas do Congresso Nacional se abriga uma das maiores concentrações do poder de bandidos.
Cento e setenta parlamentares suspeitos de envolvimento nesse mais novo ato de bandidagem.
Isso significa 33% do Congresso Nacional como todo. Raras corporações abrigariam em seus quadros semelhante fatia de foras-da-lei.
Dos que estavam na ponta de chegada do produto distribuído. Gente que estavam tanto no mensalão quanto nas ambulâncias, e ainda assim, a soma dos dois escândalos resultará num acréscimo do número de pessoas voltadas para a delinqüência.
De políticos de todas as espécies, servidores públicos de qualquer exercício de cargo, civis inseridos em quadrilhas bem aparelhadas e esquemas muito bem organizados, abrigados em entidades, associações, igrejas, sindicatos ou grupos e amparados por ternos, batinas, taillers, aventais, jalecos, togas e fardas, que usam de suas influências e que desviam recursos, materiais e instrumentos públicos, obtidos através do povo, assaltantes, traficantes, a um simples marginal ladrão de galinha que começa a escalada do crime empunhando uma arma, na minha opinião, são todos bandidos.
São constantes e já está virando modismo as afirmações comodistas de que não se deve generalizar. Que maus homens há em todos os setores, nos ternos, nas batinas, taillers, aventais, jalecos, togas e fardas. Os seguidores, os defensores, os admiradores, os bajuladores e principalmente os honestos, bravos e bons PARES desses setores tinham que ter o dever de agir na tentativa da criação de mecanismos, aparelhamentos, instrumentos e promoção da necessária e eficaz limpeza para honrar os seus e principalmente o orgulho dos uniformes (ternos, batinas, taillers, aventais, jalecos, togas e fardas) daqueles que tombaram, que foram tingidos de vermelho no "heróico" cumprimento de suas ações e deveres e não se conformarem com a proliferação de maus elementos desfilando com iguais uniformes (ternos, batinas, taillers, aventais, jalecos, togas e fardas), usando esses e desses para praticarem seus atos de bandidagem, infectando toda a sociedade.
O grande entrave para a atuação eficaz da Justiça é a existência de leis casuísticas que protelam ao máximo a apuração e o julgamento desses infratores.
A justiça tarda e não raras vezes, falha.
O sistema eleitoral brasileiro é feito sob medida para ladrões, candidatos a ladrão e mal-intencionados em geral.
Como lutar pelo direito de exigir punições e que esses recursos desviados voltem aos cofres públicos?
E o pior... nos meios de comunicação, na opinião pública, inclusive na Internet, e lamentável... nos discursos, nas atitudes e nos "programas" das oportunistas figuras partidárias, NÃO há manifestAÇÕES contra a impunidade e dos tantos e tantos desvios dos recursos público, o nosso dinheiro, volte aos cofres da nação.
Mas o fato é que o traço característico do subdesenvolvimento no âmbito político é a debilidade da participação popular. O povo simplesmente pratica o ato de votar e não tem consciência de seus direitos, não tem consciência da importância do Estado e não participa. O povo é uma clientela, é uma pessoa disponível e se comporta como sempre se comportou, como simpatizantes e fanáticos torcedores das figuras partidárias.