Psicologia dinâmica
Que a psicologia estuda e se propõe a corrigir os desvios do comportamento humano todo mundo sabe, mas também é certo que, vez por outra, os profissionais e pessoas que militam nesta área, se deparam com situações que fogem aos conhecimentos acadêmicos tradicionais e que muitas vezes, surpreendem até os mais experientes especialistas.
Isso acontece porque apesar de há anos, nas lides do comportamento humano e de saber que psique, quer dizer alma e por logia estudo da alma, poucos ainda admitem haver também aí um fenômeno espiritual.
Assim, é que para muitos, as manifestações psicossomáticas, psicológicas, hipnóticas, parapsicológicas inclusive as epiléticas são exteriorizações puramente físicas.
Com o respeito e a consideração que os companheiros de jornada merecem, é exatamente para tentar preencher essa lacuna que neste trabalho vamos abordar o comportamento das pessoas visto pelo prisma do senso comum, mas principalmente, levando em consideração a já consagrada dualidade humana, mesmo porque, a rigor, a mente enquanto física, por si só, não tem poder, nem vontade e nem tampouco existe. Para tanto é necessário o fluído cósmico que é o espírito para lhe dar existência e a capacidade de discernimento.
Devido às peculiaridades próprias das nossas abordagens e mesmo para que possamos ter maior liberdade na exposição da influência espiritual no comportamento humano, nos afastamos, propositadamente, dos complicados manuais de psicologia clássica e usamos termos, conceitos e denominações próprias mais acessíveis ao leigo.
Mesmo assim, para os mais acadêmicos, podemos adiantar que a nossa proposição contempla, inicialmente, as teorias comportamentais de Watson, Maslow e Alderfer as quais consideramos mais próximas da realidade. Já para justificar as implicâncias do espírito no comportamento humano recorremos a Myers, Richet, Jung, Rhine e as experiências e comprovações do próprio Dr. Watson.
De qualquer forma, é sem a mínima pretensão de fazer um artigo didático, e muito menos, um manual de psicologia aplicada, que nos propusemos elaborar o presente trabalho com o intuito único de levar aos comuns mortais um pouco do que sabemos sobre o comportamento das pessoas e principalmente sobre nós mesmos.
Albert Einstein, Físico, matemático, filósofo, cientista, inventor etc. Se não o maior, foi um dos maiores gênios que a humanidade já conheceu.
Como não era um homem comum, visto que a sua inteligência estava muito acima da média, certamente se fosse analisado por um hodierno psicanalista, no mínimo seria taxado de débil mental, como de fato foi.
Conta uma lenda, que certa vez, quando questionado pelos seus alunos, sobre o comportamento humano, desenhou no quadro, uma mesa com um boneco em cima e outro boneco embaixo da mesa.
Pois bem, pergunta-se para o boneco que está em cima da mesa, onde está a mesa? O boneco vai responder, a mesa está embaixo de mim. Pergunta-se ao boneco que está embaixo da mesa, onde está a mesa? E logicamente ele responderá, a mesa está em cima de mim.
Isso, quer dizer que as pessoas reagem a uma situação de acordo com sua posição, sua formação, nível intelectual, e principalmente pelo grau de evolução do seu espírito.
Essa demonstração que ficou conhecida como “Os bonecos de Einstein“, serviu para explicar, de forma simples, porque as pessoas agem e reagem de formas diferentes numa mesma situação.
Por outro lado, é comum uma pessoa criticar a outra, dizendo, você está louca, eu nunca faria o que você fez. É lógico, nós não somos a outra pessoa e cada um vê o problema de um ângulo, por isso age de forma diferente.
Mas deixemos de lado as experiências do mestre Einstein e usando a nossa costumeira linguagem, popular moderna, vamos á nossa exposição, descrição e explicação do comportamento das pessoas dentro da que denominamos Psicologia Dinâmica.
Qualquer estudo ou trabalho sobre psicologia passa obrigatoriamente pela tal personalidade, da qual muito se tem falado, mas que, na prática, poucos sabem explicar o que ela de fato é, como se manifesta ou a sua implicância no comportamento do individuo.
Para o leigo podemos dizer que “personalidade” é um derivado da palavra “persona” que, em latim vulgar, quer dizer, ser idêntico a si mesmo e diferente dos demais.
Grosso modo, dizemos que a persona mais os traços individuais de temperamento, perfil, afetividade e estatus é que vão formar a personalidade e é essa personalidade que faz uma pessoa ser diferente da outra quer no comportamento, quer nas atitudes, ou mesmo no entendimento.
Os estudiosos e pesquisadores do passado nos legaram farta biblioteca e trabalhos com os resultados de suas conclusões, que embora meio ultrapassados, ainda servem de base para tratamentos, estudos e para novas experiências.
Dizemos “meio ultrapassados” porque é evidente que as pessoas de hoje se comportam diferentemente das de ontem e que certamente se comportarão de forma mais esdrúxula no futuro.
Por exemplo, a escravatura, no tempo de Freud, era perfeitamente normal, hoje é considerada crime.
Dessa forma, a cada época temos que rever conceitos e os procedimentos antigos e buscar novas teorias e técnicas de tratamento mais adequadas ao comportamento corrente sob pena de perderem a eficácia da sua finalidade.
Se no passado, as doutrinas psicológicas observavam uma classificação de pessoas é evidente que hoje essa classificação deve ser remodelada ou reformada para se adequar aos novos tempos.
Em outras palavras, para estudarmos e entender o comportamento humano de hoje, temos que individualizar as pessoas por classes diferentes das que foram usadas ontem, mas que contemplem as mesmas tendências e reações.
Como este nosso trabalho é baseado no hodierno comportamento das pessoas, usamos também uma metodologia nova sem, contudo, desprezar os pressupostos dos antigos mestres. No entanto dispensamos o uso de termos puramente acadêmicos que pouco, ou quase nada, acrescentam a nossa proposição.
Embora continue sendo tudo muito teórico, sabemos que as pessoas, mesmo diferentes entre si, quando agrupadas, se comportam mais ou menos de forma homogênea. Por exemplo, um respeitável promotor público, num bloco carnavalesco, ou um sacerdote no meio da torcida do seu time.
Assim, não é conhecendo os grupos que vamos evitar atritos ou manter um relacionamento harmonioso na família, trabalho, rodas sociais, religiosas etc.
O que precisamos conhecer são as pessoas, e é por isso que para os nossos estudos e pesquisas, classificamos as pessoas por temperamento, perfil, afetividade e estatus.
O temperamento é o nível de tolerância que uma pessoa demonstra frente a uma provocação, e que o senso comum denomina de pavio curto, pavio médio e pavio comprido.
O pavio curto não leva desaforo para casa, é aquela pessoa que diante de uma ofensa parte logo pra porrada sem pensar nas consequências.
O pavio médio, como não gosta de baixaria, não revida de imediato, tenta dialogar e aguenta até certo ponto.
O pavio comprido é o mais perigoso, na hora, faz de conta que não é com ele, e mais tarde espera o desafeto numa esquina.
O perfil é a maneira de agir de uma pessoa como o introvertido, médiovertido e extrovertido. O introvertido é fechado minucioso, pensa mais e age menos, se da bem em atividades objetivas, como desenhista técnico, engenheiro de cálculos estruturais, cientista, economista, médico, romancista, historiador e filósofo.
O médiovertido é meio aberto e meio fechado, quando procura não acha, quase não pensa, mas também não age, esse se da muito bem em atividades repetitivas como motorista, taxistas, caixa de banco, entregador, piloto, padeiro, digitador e cozinheiro.
O extrovertido é todo aberto, age mais e pensa menos. Como é uma pessoa das generalidades não perde tempo e, às vezes, até se irrita com detalhes. Pertencem a esse perfil todos os bons profissionais de comunicação como oradores sacros ou políticos, palestrantes, professores, advogados, vendedores, apresentadores, locutores, escritores, jornalistas e humanistas.
A afetividade é demonstrada pelo grau de envolvimento emocional de uma pessoa para com outra que podem ser quentes, mornos e frios.
Os quentes com a mesma facilidade com que se apaixonam também trocam de parceiros. Dizemos os quentes não ficam viúvos, porque, se casam, no dia seguinte ao enterro do falecido. Como não vivem sós, são sinceros quando dizem não vivo sem você.
Os mornos gostam e precisam de companhia, cuidam com razoável atenção as necessidades comuns, mas se um morrer seguem muito bem sozinhos. Como não se apegam demais a ninguém, se um quiser abandonar o ninho dizem, na cara, que não é só você que existe.
Já para os frios uma companhia pode até existir, mas eles vêem no outro mais um ajudante do que um companheiro por isso divide, muito bem, as tarefas e o dinheiro. Em todo o caso, para evitar complicações é melhor só que mal acompanhado.
O estatus a que pertence uma pessoa pode ser verificado de longe, mesmo porque, os fortes, bonitos ou feios, como dizem, está na cara, pois é o porte que os identifica.
Os fortes se impõem pela presença e resolvem seus problemas no braço e na intimidação. Por isso, querer medir forças com eles é pura perda de tempo. Mas como ninguém está livre de uma boa conversa, eles facilmente se rendem a uma argumentação.
Os bonitos estão plenamente convencidos que a beleza é fundamental e que o seu charme abre todas as portas. Para eles a palavra de ordem é andar bem vestidos e na moda. Seu mundo são as rodas sociais e por isso quase não fazem força. É exatamente por pensarem que o dinheiro cai do céu é que normalmente são os primeiros a chegar num asilo.
Os feios sabendo que tem poucas chances numa disputa aberta trabalham muito para vencer as adversidades e é exatamente pelo seu esforço que sempre chegam lá. Os grandes gênios da humanidade, se não eram horríveis, também para bonitos não serviam. Assim, é ficando no seu canto e comendo quieto que normalmente, os feios, levam vantagem sobre os demais.
Além disso, todas as nossas ações obedecem a necessidades básicas amplamente abordadas, tanto pelo Maslow quando se refere a segurança, estima e realização, quanto ao Alderfer ao tratar da existência, relacionamento e crescimento. Embora usem palavras diferentes ambos tratam das mesmas coisas que aqui denominamos simplesmente necessidades “dinâmicas”.
Apesar de a estrutura física humana como coração, cérebro e músculos ser projetada para estar em constante movimento, a mente tende naturalmente ao repouso. Assim, para o homem se colocar em movimento precisa ser motivado.
De acordo com o grau de motivação a emoção ativa a memória, a inteligência, sensibilidade, reflexos, aptidão, hábitos e inclusive à vontade.
O instinto é a motivação natural ou nata do “necessito fazer” que são basicamente as satisfações biológicas que forçam o homem a buscar o alimento, a se defender e se acasalar para a perpetuação da espécie.
Decorrente dessa necessidade primaria surgem as demais que fazem parte do dia a dia do ser humano.
Embora e conforme já comprovado, as pessoas nasçam com seus traços de personalidade definidos é inegável que eles podem ser modificados indefinidamente e desde que dentro de certos limites tanto para melhor quanto para pior.
Veja bem que nos referimos à mudança de traços da personalidade e não mudança da personalidade o que é totalmente impossível.
De qualquer forma, é na personalidade que serão agregadas todas as demais experiências e aprendizados adquiridos durante a vida presente.
As modificações dos traços da personalidade podem ser impostas ou intencionais. É imposta, quando submetemos alguém a um aprendizado objetivando uma finalidade específica como, por exemplo, disciplina militar, regras inflexíveis de comportamento nas escolas ou obediência as leis.
São intencionais as modificações decorrentes de aprendizado por cópia ou por assimilação, mas sempre motivadas pela convivência com outras pessoas ou grupos humanos, como sotaque, trejeito, modo de vestir ou algumas imitações como corte de cabelo, gestos, modelo de carro, uso de acessórios, palavras, marcas, cores, movimentos sociais, seguir um líder etc.
É importante frisar que com a mesma facilidade que aprendemos coisas boas como doar uma roupa usada, também assimilamos coisas ruins, como pegar o tênis do vizinho ou ficar com jaqueta que o nosso filho pegou de um colega da escola.
Da mesma forma, aprendemos a esconder tanto coisas ruins quanto as boas, como por exemplo, não contar para alguém uma crise conjugal ou prestar um serviço voluntário anonimamente em um orfanato.
Assim é a partir do aprendizado intencional ou imposto que o individuo, começa a agir e seguir as regras da sociedade como rir em um casamento ou chorar num velório.
A somatória das informações e dos conhecimentos que adquirimos é que vão formar a base daquilo que chamamos de cultura, que não quer dizer necessariamente, uma coisa boa. Já a sabedoria é a utilização dos conhecimentos adquiridos e aplicados em benefício da própria pessoa ou da coletividade.
Assim, se quisermos viver em harmonia, além e aceitar as pessoas como elas são, nunca devemos criar expectativas muito otimistas sobre as pessoas ou sobre alguma possibilidade, pois toda a certeza é puro fanatismo.
Até aqui tratamos do homem enquanto físico, mas como nós somos metade matéria e metade espírito também somos sensíveis a essa dualidade, e por isso somos impelidos pela emoção, controlados pela razão e comandados pelo espírito.
É a emoção que cria as necessidades tanto de ordem “superior” como, por exemplo, um carro novo, estudar, andar bem vestido, bem acompanhado, aquisição de bens, apego a pessoas ou coisas materiais, quanto às necessidades de ordem “inferior” como mágoa, raiva, ódio, desejo de vingança, querer mal, tristeza ou melancolia.
Como todas as satisfações das necessidades criadas pela emoção devem passar pela aprovação da razão que pondera e avalia o que deve ou pode ser feito, é evidente que exista um constante conflito entre uma e outra.
As mediações e julgamentos desses conflitos são feitos pelo espírito que de acordo com o seu grau evolutivo tanto poderá acertar quanto errar no seu julgamento ao determinar qual a necessidade a ser satisfeita prioritariamente entre os interesses da emoção e as ponderações da razão.
Assim, se a pessoa tiver um espírito mais evoluído as suas decisões serão mais equilibradas é o que nós chamamos pessoa de bom senso. Porém se o seu espírito for leviano ou insensato optará por uma decisão não muito coerente com as regras sociais o que leva a pessoa, quase sempre, para situações complicadas como, por exemplo, gastar mais do que ganha.
É exatamente no erro desse juízo ou em super avaliar uma necessidade não satisfeita como uma perda ou uma conquista, que nasce o desequilíbrio, o transtorno emocional, baixa a estima e se instala a depressão mais conhecida entre nós como “desânimo”.
Como exemplos de julgamentos errados temos, Agora que perdi o meu amor a minha vida não tem mais sentido. Choro de tristeza pela derrota do meu time. Não consegui me classificar sou mesmo um perdedor.
Por outro lado, quando o espírito é mais evoluído e por isso julga uma necessidade com mais acerto, a emoção e a razão se equilibram e conferem ao individuo uma estabilidade emocional fazendo dele uma pessoa com alta estima, otimista, alegre e saudável que o senso comum denomina de bem com a vida.
Como exemplos de julgamentos acertados temos, foram os anéis, mas ficaram os dedos. Estou pronto para recomeçar tudo. Que descanse em paz, vamos tocar a vida. Certamente vou conseguir coisa muito melhor.
Devemos dizer ainda, que como os apelos aos sentimentos sempre dão mais resultados que os apelos a razão é apelando positivamente para a “emoção” que sempre conseguimos os melhores resultados, seja para reverter uma depressão, aumentar a auto-estima, incentivar uma pessoa a melhorar a sua vida ou até mesmo uma conversão religiosa.
É o que se propõem os livros de auto-ajuda, as palestras motivacionais, as psicoterapias, os vendedores quando criam uma necessidade para um possível comprador e os sermões dos pregadores religiosos.
No entanto, não podemos esquecer que um apelo negativo pode provocar um desequilíbrio emocional que é a vertente da mania de grandeza, da prepotência, do fanatismo, do orgulho, da vaidade, do ciúme, da inveja, das perseguições e das vinganças.