PNL- QUAL O TAMANHO DO SEU UNIVERSO?

Dizem que nós só usamos cinco por cento da nossa capacidade cerebral. Isso significa que outros noventa e cinco estão à nossa disposição para serem usados. Apenas não sabemos como. O filósofo Alfred Korzibsky, em seus estudos sobre a nossa incapacidade de traduzir em linguagem tudo que o nosso cérebro armazena, afirma que nós só conseguimos “mapear” uma mínima parte das informações que os nossos sentidos captam no ambiente. Com isso ele quer dizer que o nosso cérebro só processa uma pequena quantidade das informações que recebe, por isso o nosso conhecimento do mundo é menor do que as informações que temos dele, o que justifica a frase de Shakespeare: o mundo é bem maior do que supõe a nossa vã filosofia.

A frase atribuída a Korzibsky, de que o “mapa não é o território”, é um pressuposto que merece uma análise mais profunda por parte de todos nós. Por exemplo: O quanto nos ocupamos em checar uma informação que nos chega ao conhecimento? O quanto ela representa um fato, realmente? De que fonte ela veio? A fonte merece credito ou não? Ela vem de uma fonte original ou já é uma repercussão carregada de meta-mensagens, seja, uma narrativa, como se costuma dizer modernamente? Nem sempre fazemos qualquer esforço para descontaminar a mensagem. Fica mais fácil acreditar nela ou desacreditá-la a partir das próprias opiniões que já temos sobre o assunto.

Raul Seixas, em uma das suas polêmicas canções dizia que era melhor ser uma metamorfose ambulante do que ter uma opinião formada sobre tudo. Claro que isso é um exagero. Pessoas que não tem opinião formada sobre coisa alguma não existem. E se existissem seria um grande perigo para a sociedade. Pessoas assim não constroem nada de duradouro, estão sempre contradizendo de noite o que disseram de manhã. São como castelos de areia erguidos na praia, cujas ondas, por mais leves que sejam, acabam levando. É impossível confiar nelas para qualquer propósito, pois a inconstância é a sua marca registrada.

Por outro lado, pessoas que tem opinião formada sobre tudo e são muito resistentes para mudá-las, também podem tornar-se extremamente perigosas para a sociedade. Porque estão conformadas em um padrão de pensamento cristalizado, que resiste à inovações, a contrapontos e a tudo que não esteja conforme o “mapa” que eles tem sobre o assunto. Com isso prejudicam a evolução e atravancam o progresso.

Mas, principalmente, esse é o tipo de pessoa que acaba caindo fácil naquilo que chamamos de extremismo. Extremismo político, extremismo cultural, extremismo religioso, ideológico etc. E todo extremismo é perigoso porque hospeda intolerância, arrogância, autoritarismo, radicalismo e sectarismo, que são os principais inimigos de uma sociedade sadia e inclusiva.

O quanto do universo cabe em nossa cabeça? Para o extremista radical apenas uma pequena parcela do todo. Quer dizer, apenas a própria medida de si mesmo. Somente aqueles que pensam como ele são admitidas no seu “mapa mundi”. O resto do universo fica fora dele. E geralmente lhe é francamente hostil. Torna-se algo que precisa ser combatido. As vezes até com violência.

Não precisamos conviver com pessoas, ideologias e comportamentos dos quais não gostamos. Nem com crenças e valores com os quais não compartilhamos. Aliás, o nosso cérebro já tem filtros específicos para isolar esses incômodos. Ele cancela, omite e distorce toda informação que não se amolda às nossas crenças, valores e critérios de julgamento. Essa proteção natural o nosso “ego” já tem. Só não podemos fazer dessa proteção uma prisão para nós mesmos, evitando que tudo aquilo que não está nosso mapa seja julgado “estrangeiro” para nós e não mereça, pelo menos, “um vou pensar sobre isso”. Crenças firmes, valores sadios e tradições bem conservadas fazem um povo forte. Mas intolerância, fanatismo, extremismo e radicalismo só estreitam horizontes e acabam sufocando quem os hospeda.