OS DOURA DORES DE PI...LULAS (II)
OS DOURA DORES DE PI...LULAS (II)
MINHA IMAGINAÇÃO ME conduz à memória de um poema de Drummond que me surgiu de memória: “Quando nasci um anjo torto/Desses que vivem na sombra/Disse: vai Decio, ser gauche na vida”. A inclusão de meu nome em lugar do de Carlos sugere que um dia vivemos semelhante impasse.
DEVERIA EU ESTAR EM outro planeta de diverso sistema solar??? Ou aquele anjo torto sem vergonha e doidão (e não era de batida de limão) pingou de propósito, de sacanagem, numa sequência líquida de composto orgânico com instruções genéticas no fluido amniótico da mulher que me pariu, que para mim sempre fora uma estranha criatura sem m mínima empatia com meu intelecto e emoções???
ESTÁ DIFÍCIL ACHAR UMA identidade que me favoreça a existência sempre negada de reconhecimento não apenas materno, mas de familiares, vizinhos e conterrâneos habitantes do mesmo chão. Dos meus 2000 textos (poesias, artigos, crônicas, romances, roteiros, ensaios, trabalhos universitários de estudos históricos, políticos, sociológicos, semânticos literários, jornalísticos, nenhum mereceu deles o mais frívolo ou rápido comentário. Como se não existissem.
É COMO SE MEUS TEXTOS nunca tivessem sido escritos. E a ordem genética e social à qual pertenço não lhes dissesse nada nem lhes despertasse mínimo interesse intelectual. Será porque não têm intelecto??? Ou têm medo de se manifestarem com algum elogio que certamente acreditam que não mereço??? Será que minha inexistência para eles significa que não pertencemos às mesmas instâncias do mesmo caos amniótico???
POR VEZES MEDITO SOBRE o que se passa em seus corações e em suas mentes. O sol, o vento, as nuvens não lhes parecem semelhantes às paisagens que contemplo??? Eles as ignoram completamente??? Será que estamos no mesmo sistema planetário??? Estão num sono tão profundo em suas vidas concentradas apenas em seus interesses (de ogivas nucleares) sabendo-se não despertar senão para suas ambições absurda mente pueris???
SEREI EU REAL MENTE UM Et personagem de uma criação surrealista num painel criado para reproduzir um certo/errado e lamentável estado das coisas de uma realidade que, mesmo antes da pandemia, se afigurava enquanto cenário familiar e social de Guernica???
TEREI SIDO EU QUEM NÃO despertei do estado letárgico de múltiplo pesadelo proveniente do Inconsciente Coletivo Familiar e Social??? Serei eu quem continuei vivendo num mundo de medos, trancafiado enquanto prisioneiro de sombras semoventes às quais não se permitem compartilhar??? Diz o dito: “quem é vivo sempre aparece”. Estarão eles mortos para o compartilhamento de impressões e expressões sobre as minhas e as suas vivências??? Terão medo da intimidade comunicativa que os comentários sobre meus textos poderiam sugerir???
POR QUE NÃO RECONHECEM a dádiva de repartir o pão de minhas percepções sobre a realidade diversificada de um país sem a devida consideração por seus representantes literários??? Terá a cultura e a civilização desse lugar na América do Sul ressecado as almas dos ambientes mentais das pessoas, famílias e sociedade assoladas por quinhentos anos de solidão???
QUAL A FINALIDADE DE SUAS vidas se não podem ser repartidas com seus próprios irmãos de estirpe, etnia, discernimentos, juízos, pensamentos, inteligência, apreensões??? Todos somos igualmente sobreviventes de uma multidão de exilados, hilotas excluídos da divisão do pão e do vinho da motivação pelo compartilhamento de biografias??? Serão elas tão desprezíveis, vexativas, vergonhosas??? Acredito que não sejam suficiente mente vexativas para não serem superadas!!!