PNL- O PRINCÍPIO DA INCERTEZA NA VIDA DIÁRIA

    O princípio da incerteza
 
     Muitas vezes a gente tenta fazer alguma coisa com o maior entusiasmo e ela não dá certo. Não devemos desanimar. Quando isso acontecer é preciso mudar o jeito de fazer. É preciso lembrar que se nós estamos obtendo sempre o mesmo resultado é porque estamos fazendo as coisas sempre do mesmo jeito. Temos que evitar a frustração do mau resultado. Se deixarmos que ela acabe com a nossa autodisciplina, estaremos perdidos.
Todos os grandes sucessos foram construídos em cima de muitos maus resultados, mas a cada insucesso, o vencedor recomeçava o processo, alterando, pelo menos, uma seqüência, um ingrediente, uma ordem de fator. Uma informação muitas vezes repetida pode tornar-se uma crença, e toda crença, fundamentada em falsas premissas, mutila a consciência e nos impede de encetar qualquer reação quando ela é desmentida. Isso aconteceu com os líderes nazistas. Quando suas crenças desmoronaram eles se mataram pois não viram outro caminho além do precipício em que se meteram.
Há uma grande diferença entre expectativa e resultado. A gente sempre começa um negócio com grandes expectativas. Quando elas não se realizam a tendência é desanimar. Mas se permitirmos que essa tendência se confirmem, então estaremos derrotados de verdade.
Podemos pensar no que aconteceria se Steve Wozniak e Steve Jobson, ou Thomas Alva Edison não fossem capazes de controlar a frustração dos maus resultados e desistissem de seus intentos e experimentos. Hoje não teríamos computadores pessoais, nem Internet, nem sequer as lâmpadas elétricas, e provavelmente ainda estaríamos escrevendo nossos textos em velhas máquinas Underwoods ou Remington e iluminando nossas casas e ruas com lampiões de gás. E eles experimentaram algumas centenas de vezes até acertar uma.
Para quem gosta de jogar na loteria, uma única vez que acertar não compensará as milhares que não acertou? Então, para quem tem um objetivo na vida, é preciso não desanimar se ele não for realizado nas primeiras, segundas, terceiras tentativas. Pois ainda que o sucesso ocorra só na milésima vez, o resultado compensará as novecentas e noventa e nove que não deram certo.
Quando uma coisa não dá certo o que deve ser mudado é o jeito de fazer e não o objetivo. Devemos elaborar novos processos, testar novas alternativas, desenvolver estratégias diferentes. Todos os nossos resultados dependem da qualidade da informação recebida e do processamento que damos à elas.
Ganhar dinheiro não é tão difícil. Nem é muito complicado estabelecer bons e duradouros relacionamentos. Manter uma boa situação financeira ou um bom relacionamento por um longo tempo pode ser mais complicado, pois quando se chega a esse resultado, há sempre uma tendência para parar e desfrutar do prazer que ele nos trás. E podemos estar certos de uma coisa: não é fazendo as coisas sempre do mesmo jeito que vamos conseguir isso.
Um dos pressupostos mais interessantes postos pela PNL diz que é melhor ter muitas alternativas de resposta para escolher do que ter apenas uma. Isso significa: quem tem apenas uma alternativa de escolha, se esta falhar, está perdido. Só lhe restará o desespero do fracasso fatal e inevitável. Mas quem põe à sua frente um rol de escolhas não se verá de frente para o fracasso, mas apenas de um mau resultado quando a sua escolha não for satisfatória. Por isso se diz que o ignorante não é aquele que nunca leu nenhum livro, e sim aquele que na vida inteira só leu um único livro.
Para quem tem muitas escolhas não existem erros, mas apenas maus resultados. Na mecânica quântica, parte da física nuclear que estuda o comportamento das menores partículas de energia existentes na natureza, partículas essas que são a matéria prima de tudo que existe no universo, existe uma lei chamada Princípio da Incerteza, que afirma a impossibilidade de se prever como o universo será no futuro, porque as partículas que o formam nunca se comportam de modo previsível a cada observação que delas se faz.[1] 
Esse princípio, transportado para a realidade da nossa vida diária, nos diz que a incerteza está presente em todas as ações que realizamos. Há sempre um quociente de probabilidades com os quais teremos que lidar todas as vezes que fizermos uma escolha. E a probabilidade de atinarmos com a resposta certa (a que nos trará o melhor resultado) será sempre maior quanto maior for a nossa possibilidade de escolhas.
Tudo isso nos leva a concordar com José Saramago: “o que as vitórias tem de mau é que não são definitivas. O que as derrotas tem de bom, é que elas também não são.” Por fim, é bom não esquecer o que disse Henry Kissinger: “O sucesso resulta de cem pequenas coisas feitas de forma um pouco melhor. O insucesso, de cem pequenas coisas feitas de forma um pouco pior.”
 
    Possibilidades e impossibilidade
 
Se acreditarmos que podemos, podemos; se acreditarmos que não podemos, não podemos. Possibilidade e impossibilidade são fatores que se hospedam no mesmo domínio mental e se anulam na medida em que uma vai ocupando o espaço da outra.
Quando se põe o cérebro para pensar na possibilidade de fazermos alguma coisa, o contrário começa a perder espaço. E a recíproca também é verdadeira. Se a nossa mente foca nas impossibilidades de realização de uma ação, elas se multiplicam como vírus em tempo de pandemia.  
Quanto mais a nossa mente trabalha no território das possibilidades, mais se amplia a nossa capacidade de resposta aos desafios da vida. Essa é uma das estruturas de comportamento com as quais a PNL trabalha. Mente voltada para as possibilidades de solução e não para as dificuldades que o problema apresenta. Aliás, essa é característica fundamental das pessoas proativas.
Essa deveria ser até uma atitude lógica, pois a nossa mente não consegue trabalhar simultaneamente com dois problemas, mas pode fazê-lo em relação às soluções. Experimente pensar em dois problemas ao mesmo tempo: você verá que para preencher a tela de sua mente com um deles, você terá de limpá-la para entrar com o outro. É como tentar trabalhar com dois programas de computador ao mesmo tempo. Para entrar em outro é preciso sair daquele em que estamos trabalhando.
Mas isso não ocorre com as soluções. As soluções para um problema qualquer, mesmo que sejam muitas, fazem parte de um mesmo processo. Elas são opções dentro do programa, montadas de acordo com as informações (ou seja, os recursos neurolingüísticos que temos), e não “programas” fechados, propriamente ditos. Assim, para dado problema, poderemos ter a solução A,B,C,D. É mais ou menos como um problema aritmético do tipo: como fazer para atingir o resultado 10?  Podemos escolher entre 9+1, 8+2, 7+3....ou ainda 5x2, 2x5,... 13-3, 16-6... etc….
A tendência da nossa mente é se fixar no problema e gastar muito mais energia com a sua discussão do que com a imaginação das possíveis soluções. Isso por que o medo das conseqüências, a dor das mudanças, a insegurança, etc. fazem com que ela se ocupe mais desse aspecto do processo do que com os demais.
No entanto, quando focamos nossa atenção nas múltiplas maneiras que temos para resolver um problema estamos segmentando a informação. E já sabemos que quanto mais segmentada ela for, com maior facilidade será processada pela nossa mente. Permitir que ela fique vagando pelos elementos de um determinado conjunto facilita a dispersão. E em condições de dispersão nenhuma aprendizagem se transforma em uma competência inconsciente.(a competência para se fazer uma coisa sem precisar pensar nela).
     Segmentar a informação – que no caso é o mesmo que pensar nas múltiplas formas de resolver um problema – é exercitar a capacidade de reflexão. A massa do neocórtex, que é a sede do pensamento criativo, tende a avolumar-se à medida que aumentamos a nossa capacidade de refletir.  O número de conexões neurais também se multiplica na mesma proporção em que ampliamos o nosso arsenal de respostas.  Por isso é que uma pessoa que desenvolve uma grande habilidade em determinada atividade, verá que seu talento naquela especialidade aumentará se ela adquirir habilidades afins. Um tenista terá sua técnica aprimorada aprendendo a dançar, da mesma forma que um dançarino ficará mais hábil em sua especialidade se aprender a jogar tênis, praticar uma arte marcial, nadar etc., enfim, praticar atividades que estimulem em sua mente a área responsável pela coordenação dos movimentos dentro de um espaço.
     Já quando a nossa mente permanece ocupada com o problema ocorre o fenômeno inverso. Ficamos prisioneiros da chamada “preocupação”. Preocupar-se significa “ocupar-se antes”, o que quer dizer que quando nos preocupamos com alguma coisa, ficamos patinando no “espaço-problema” ao invés de trabalharmos no “espaço solução”. Antecipamos resultados sem ter as informações necessárias para tomar as decisões adequadas. Isso é o que normalmente acontece quando ficamos ruminando um problema em nossa mente ao invés de ocupá-la com as possíveis soluções.

A estratégia mais eficiente para mantermos a mente ocupada é adotar posturas flexíveis na nossa maneira de ver o mundo, liberando-a para procurar opções variadas de composição. A prova disso é que quando desconhecemos as dificuldades que uma empreitada pode oferecer, nós a realizamos com mais facilidade. Antony Robbins (Desperte o Gigante Interior, 1998) conta a história do aluno que dormiu na sala de aula e quando acordou, copiou dois problemas que o professor havia escrito no quadro negro pensando que fossem lições de casa. Passou a noite tentando resolvê-los e teve sucesso na solução de um deles. No dia seguinte, mostrou seu resultado ao professor, que ficou estupefato, pois os dois problemas eram considerados insolúveis pelos matemáticos.
A nossa mente funciona assim. Se não lhe opomos limites, ela se sente livre para responder. Como uma resposta tem que ser dada de qualquer maneira quando se lhe opõe uma questão, ela gera inúmeras possibilidades de responder. Com isso acabamos chegando à solução de qualquer problema, ainda que, em princípio, ele pareça não ter solução.
Esse é o grande segredo dos gênios, das pessoas que realizam empreitadas soberbas. Essa capacidade parece ser prerrogativa de pessoas muito inteligentes, mas isso não é verdade. A magia consiste simplesmente em ter uma mente preparada para pensar, de preferência, nas possibilidades de resposta, ao invés de ficar patinando no interior do problema. Portanto, reclamar do que está errado, ficar procurando culpados, ficar criticando a tudo e a todos não resolve os problemas de ninguém. O que está errado precisa ser consertado, os que cometeram enganos devem ser instruídos ou afastados, o que não funciona deve ser substituído por algo que funcione. O que não se pode é ficar perdendo tempo discutindo o problema, ao invés de empregar todos os nossos recursos na busca de soluções.  É com esse tipo de atitude que um mau resultado se transforma em rotundo fracasso.
Seria bom que os nossos políticos, ao invés de ficarem discutindo quem tem razão, se apercebecem de quão inúteis e perniciosas são essas brigas pelo poder. 
 
[1] Princípio da Incerteza” é o termo utilizado para designar o estado de um elétron em volta do seu núcleo. Esse princípio, enunciado pelo físico alemão Werner Heisenberg em 1927, diz que é impossível saber a posição exata que um elétron ocupa na eletrosfera de um átomo, pois que a cada medição feita na sua posição, o próprio ato do observador em realizar a medição influi no resultado da medida. Na imagem, o físico Werner Von Heisemberg.