Depressão e suicídio
Depressão e suicídio
Solomon (2002), afirma que, muitos suicidas não são deprimidos e vários deprimidos não são suicidas. Mas é de suma importância observar as relações entre elas que podem ser latente, haja vista que muitos deprimidos suicidaram, mas afirma o médico neurologista Dr. Francisco de Faria, que muitos dos casos suicidas não houve relação alguma com a depressão. Mas todo suicida foi um deprimido em maioria das vezes. Então Solomon (2002), afirma que o suicídio pode ser um problema que coexiste com a depressão, sendo que é diferente se matar, querer morrer e está morto. Querer morrer diz Solomon (2002), é querer se livrar do sofrimento que assola a “alma’. Querer se matar ; é necessário impulso e uma certa paixão, sendo que os suicidas fazem por uma força indescritível, como só é possível a morte imediata, força mental do indivíduo, sendo a morte á única fuga para os problemas que “não tem solução”.
Já Durkheim (2003), classifica o suicídio em três tipos: o suicídio egoísta, pois o indivíduo se integrou de forma inadequada em sua própria sociedade. O suicídio altruísta, onde o indivíduo defende sua causa, onde à uma paixão ou ódio muito grande. O suicídio fatalista, são de pessoas que sofrem, pedem mais da vida do que se pode obter. Segundo Durkeim (2003), o indivíduo deveria ter, ou teoricamente, ser livre para fazer de sua vida o que bem entender. Inclusive se matar, não querer viver é um direito que o ser humano deveria ter. Conforme Durkeim (2003), tal fato é normal em uma sociedade complexa.
“Teorias psicológicas baseadas nas doutrinas de Freud atribuem as causas do suicídio a depressões derivadas de estados emocionais de agressividade , medo, culpa, frustração e vingança.” ( Durkheim, Émile, O suicídio; 2003. PG.447)
Sendo o senso comum, à entender que o suicida foi um depressivo profundo, uma tristeza indescritível, um total desprezo pela vida. Haja vista que o estado de desespero humano, pode levar ao sentimento de morte, o que não é o mesmo que vontade de suicidar. Eis então a incógnita da morte voluntária, o que pode levar um indivíduo ao auto extermínio? Afirma Solomon (2002), que os suicidas apresentam baixos níveis de serotonina em locais chave do cérebro. Então a baixa dessa substância pode causar um estresse tão grande que o indivíduo se torna agressivo à própria vida. Sendo que, afirma Solomon (2002), a tecnologia aprimorou e contribuiu para a morte voluntária. Através de armas letais e menos dolorosa do que antes, nutri à força do suicida. Os problemas se tornam tão fortes que muitos não suportam viver. Kay Jamison, citado por Solomon (2002), conta sua história de martírio diante da morte, nenhuma quantidade de amor, amizade, carinho, resolveu para abrandar a força do suicídio, sobrevivente, relata; minha família , meus amigos, estarão melhor sem mim. Este pensamento não saia da cabeça e cada vez mais nutria a força para o auto extermínio. Solomon (2002), conta seu lado negro da depressão, perde as forças disse ele, e aí era melhor estar morto.
Um médico cirurgião, oficial da polícia militar, se mata. Novamente a incógnita se manifesta diante da tragédia que surpreendeu familiares e amigos, mas deixou por escrito a razão que o fez acabar com a própria vida. Em suas palavras temos:
“Aos meus pais peço o perdão e que meu sofrimento seja elevado a Deus sob forma de orações, em minha intenção não tenham revolta ou raiva!
A minha esposa, o perdão e a compreensão de que tenho a certeza que sempre me amou com todo amor que possuía e da sua forma de amar que sabia, fiel. As minhas duas filhas peço-lhe perdão, foram a grande razão de minha existência, a melhor parte de minha vida. São carinhosas meigas verdadeiros anjos; lembre-se de mim com amor e não tentem nunca procurar culpados, sejam caridosas serenas e boas. Aos meus amigos, peço-lhes, ajudem minha esposa, meus pais e minhas filhas. Sempre rezem por mim, quero uma missa e cerimônia simples. A depressão é enorme, esmagadora, agonizante, uma dor indescritível, aniquiladora.
Aos meus irmãos peço perdão e a compreensão, difício, mas ajudando minha esposa e minhas filhas estarão me ajudando e serei eternamente grato á vocês. A Deus rogo e imploro o perdão pelo meu desespero e que aceite a minha alma a seu lado. À todos que na minha vida de alguma forma eu possa ter ajudado, socorrido, amparado, peço que rezem por mim e pelo meu perdão”. (carta de suicida, 03-02-2006), médico cirurgião e oficial da polícia militar de Diamantina.
É de suma importância à reflexão do sentimento melancólico da carta citada: a depressão instalada, o desespero completo. Todo um contorno depressivo que esse indivíduo relata, algo agonizante, aniquiladora. Na idade média diria que seria algo demoníaco, no renascimento uma doença, no iluminismo seria algo que somente os gênios sentiam, e agora, nos nossos dias, a máscara chamada depressão.
“Demonstrar a um deprimido suicida que viver vale a pena, equivale a tentar explicar a um cego que o céu é azul” ( Cuche, Gerard,1988).
Diz o autor que se deve fazer entender que a vontade de morrer è porque o indivíduo se encontra doente, e não tentar dizer ou mostrar que a vida vale a pena, pois o sucesso não seria possível. Como médico, diz Cuche (1988), é necessário tratar o doente, ganhar tempo e faze-lo entender à distanciar do sentimento suicida. Deixar o deprimido expressar, alivia a tensão inicial que seria um risco eminente ao depressivo. O papel do médico disse Cuche (1988), è fazer o paciente entender que tal sentimento de morte é passageiro, é da condição do momento e é possível minar tal sentimento, logo a cura, logo passa a vontade de morrer. Mas afirma também que não à chantagem no suicídio, ou seja, chamar atenção, pois muitos que suicidaram falaram dele antes de cometê-lo, vigiar seria essencial pois, a dor é indescritível e a idéia de morte pode se impor a qualquer momento.
Bibliografia: Durkheim, Èmile: O suicídio. Obra capital do pai da sociologia (Durkheim).