AtOalidades

É de coisa de sessenta dias que dura o silêncio das Atoalidades. E não é falta de matéria que, de tão fecunda, sempre abunda. É mesmo o espírito que anda, e desanda, ausente, e de banda.

E efemérides não param de ser evocadas, e equifocadas, dos 500 anos de surgimento de um gênio, e 25 de desaparecimento de outro. Da Vinci e Ayrton Senna.

No entremeio, vi ecoar também o cinquentenário de ingresso à Universidade de minha turma das Letras, da UFMG, rua Carangola 88, sétimo andar, ou andor, se me deixar, bairro Santo Antônio. E, para nada no ar deixar, a comemoração dos cem dias do Governo Bolsonaro, trigésimo-oitavo Presidente do Brasil.

Muito evento, e vento também, num período inusitado de dois Papas em que um distribui graça e fala ao coração da massa. Serão bentos ambos?

Entretempo dois influentes Cardeais, McCarrick e Pell, foram significativamente despurpurados por excessivo ardor carnal nos seus acobertados apostolados.

Do Oriente, além do retorno de Kim Jong à pirotecnia, aparentemente por se sentir esquecido por seu Xerifão americano, a ascensão discreta e quase silente e um tanto lúgubre de Naruhito ao trono do Japão em oposição pavoneio real do antigo Sião, com a coroação do outrora traquinas, hoje grave e solene rei Vajiralongkorn, aos 66 anos, imerso no draconiano sistema em que se pune com a morte o que for discricionariamente entendido, ou mesmo mal-entendido mesmo, ato de lesa-majestade.

Brumadinho, Moçambique, Índia, com seus desastres, tanto do humano quanto do divino, entram na avassaladora quota das catástrofes. E até o Rio de Janeiro, fustigado pelo vendaval tanto das águas, quanto pelos 82 disparos do Exército que mataram pelo menos dois inocentes indefesos, exibem a rudeza dos tempos que vivemos,...e morremos.

Tiger Woods, após um lustro de quase total deslustre, re-emergiu, ganhando o prestigiosíssimo torneio de golfe de Augusta e dando novo alento um esporte quase ignorado no país do futebol. Foi uma ressurreição em tempo pascal, que contudo não deixou de ter o contraponto, criticado por muitos, da sujeição a homenagem na Casa Branca.

Nos campeonatos europeus de futebol de maior expressão, Barcelona, Paris Saint Germain e Juventus levantam os títulos nacionais, comme d'habitude, por alongada antecipação. Sensação mesmo fica por conta do título da Premiership inglesa, em que Liverpool e Manchester City prometem ir até a derradeira gota.

No Brasil, ainda em clima de campanha eleitoral e midiática, a imprevidência de sucessivos governos leva-nos ao conundrum das reformas imperativas e impostergáveis. Vítimas desse digladiar, entre tantas, a Filosofia e a Sociologia.

E malgrado a pressão internacional, inclusive a dos hermanos, e a interna, Maduro não parece achar que a hora é de já ir.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 05/05/2019
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