O fim da Geografia...?

Em 1989, o nipo-americano, ou americannipo Francis Fukuyama causou grande sensação ao anunciar o fim da História. Estudioso do assunto e palpitativo como ele só Fukuyama foi guru de muito governo de direita. Um tiquinho à esquerda com ele, e o contendor era implacavelmente levado às cordas. E massacrado.

E não é por acaso que circula hoje nos jornais nacionais que o bolsonarismo têm a seu serviço 4.900 robôs, disparadores de notícias e não-notícias favoráveis ao que temos aí a nos governar. O que dá pena, a meu ver, é que com essa onda imparável de desemprego, a robotagem tenha essa proeminência.

Mas Fukyiama inspirou sim os governos de Ronald Reagan e de Margaret Thatcher, que desferiram golpes mortais na esquerda universal. Ao que consta, até hoje, só o bom ladrão, que estava à direita de Jesus crucificado é que ganhou o reino dos céus. Palavra da Salvação, proferida pelo próprio Salvador, e grafada e proclamada nas Escrituras Sacras. Do da esquerda, até hoje, estamos sem notícias. Seu processo, é verdade, desde o início, pareceu mais complexo. E enquanto o da direita chamava-se Dimas, do da esquerda jamais vi o nome. Situação tão ou mais difícil, só o caso do Fabrício Queiroz, que se internou para uma operação ainda no final de 2018, e seguimos sem pista sua, não sabendo nem ao menos se estaria apto a receber visitas...E nesse contexto, imaginem se Adélio não estivesse recolhido, incomunicável...Mais uma facada não seria nada em sua excêntrica jornada...

Mas vamos à Geografia, que intitula este escripto. Dela sei, e desde os meus tempos de aluno do Curso de Geo-Ciências da UFMG, de 1971 a 1974, que, como ciência, muitos de seus componentes, buscam vida própria, e obtêm esse reconhecimento por parte de estudiosos, e independentistas mundo-afora. Assim, por exemplo, a Cartografia, a Geomorfologia, a Petrografia, a Edafologia, etc reivindicam com justiça e justeza um lugar ao sol do saber, como ciência tout-court. E pronto.

Em meu tempo, essas tentativas de separações foram bravamente contidas pela idéia maior, e centralizadora, que homenageava o grande Heródoto, e por quê não, em escala e escola menor o nosso Aroldo de Azevedo...? E foi o que prevaleceu. E o grifo nem é meu.

E ao longo de mais de quatro décadas, os bravos Geógrafos de minha geração resistiram, construíram carreiras e reputações e, miraculosamente, voltaram a se reunir em torno de um ideal: a boa convivência.

Assim, foi auspicioso um reencontro nosso, consolidando tentativas tópicas anteriores - a partir de um núcleo inicial, composto por Mônica, Sandra, Glícia e Sílvio - e reencontro esse de mais da metade da turma, acontecido em final de 2014, que reassegurou as bases para reuniões periódicas, e bem animadas - do grupo.

Mais recentemente, o momento político passou a fazer parte substantiva das discussões grupais. E a entrega às causas que se defendiam desde então foi total. Cumpria salvar o Brasil de tudo de ruim que temos aí..

E o que emergiu desse embate foi, literalmente, um quase impasse, um empate, sem recuos e com amuos...A cizânia levava à insânia, no zelo extremado pela salvação do país...que parecia estar ao alcance de todos e de cada um...

A tensão dia desses chegou a ser tamanha que o grupo se dissolveu, no mais ácido breu do mal-entendu...Seria o Fim da Geografia, na esteira e rasteira da tese de Fukuyama, em relação à História?

Era sim. Só que em tempo récorde, mais breve até do que no caso de Jesus Cristo, a ressurreição veio logo. E a paz, rapaz, que chegara a perigar, voltou a reinar. E rediviva, eis a nobre e nossa Geografia da cada dia...

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 06/04/2019
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