A Mente Humana e os sistemas 1 e 2.
Lendo uma coletânea de artigos da Revista Superinteressante, intitulada "Como as pessoas funcionam", por Maurício Horta e Otavio Cohen, resolvi expandir algumas ideias expostas nesse material, sobre como nossa mente funciona para a coleta e análise de informações vindas do mundo que nos cerca; os chamados "sistema 1", e "sistema 2".
Esses dois sistemas trabalham em conjunto, formando uma espécie de parceria que fornece suporte a nossa existência e sobrevivência no meio em que vivemos. Agem da seguinte forma:
O sistema 1 rege as funções básicas de reconhecimento e percepção do mundo, captando e registrando fatos e acontecimentos. Funciona de maneira simples e automática, exigindo pouca energia, apenas o suficiente para lidar com situações comuns do dia a dia.
No sistema 2 é onde acontecem o processamento, a análise, a crítica, as reflexões, e as conclusões dos dados obtidos pelo sistema 1. O sistema 2 consome uma quantidade bem maior de energia por exigir concentração, foco, tempo, experiência e habilidades de análise para execução de sua função. Enquanto o sistema 2 "roda", o sistema 1 fica menos ativo, mais silencioso.
A medida que o sistema 2 tem liberdade e espaço para trabalhar, ele volta a alimentar o sistema 1 com as informações agora, mais elaboradas e complexas, que vão sendo, aos poucos, incorporadas, modificando e o aprimorando. O sistema 1 se torna mais perspicaz, mais ativo, esperto, rápido, flexível, versátil, e cada vez melhor adaptado ao mundo.
Com o sistema 1 melhorado, atualizado e mais "empoderado" podemos lidar com problemas e questões complexas da atualidade de forma cada vez mais eficaz.
Como podemos fazer para que nosso sistema 2 possa continuar a enriquecer o sistema 1? Esse processo se faz por meio de constante processo de aprendizagem - através de leitura, estudo, observação do meio ambiente, análise de situações, desafios e fatos, participação em eventos, cursos, exibições, discussões, atualizações, etc.
O sistema 2 requer espaço, energia, tempo, foco, concentração para poder processar tantos dados, o que exige muito trabalho; e nós seres humanos, somos dotados de um elemento negativo que joga contra o sistema - a nossa preguiça.
Assim, a quem não interessa que sistema 2 rode? Às vezes, nós mesmos, nos sabotando. Em geral, é muito mais cômodo para nós que não pensemos. Costumamos deixar que os outros façam tal tarefa árdua, que deveria ser nossa. Nós, frequentemente, apenas "surfamos a onda" com tudo já mastigado e até digerido por outros.
Pode parecer, inicialmente, bastante agradável, mas tudo tem um preço.
Ficamos, dessa forma, mais vulneráveis aos "predadores" que coexistem em nosso ambiente. Ficamos a mercê dos espertinhos, dos políticos, dos espertalhões, dos autoritários, dos machistas, dos gurus esquisitos, dos aproveitadores, paqueradores baratos, mentirosos, trapaceiros, farsantes, tratantes, falsificadores, exploradores, manipuladores, dos folgados, safados, dos líderes mal intencionados, dos controladores, traficantes, agressores, chantagistas, ladrões e bandidos de toda espécie.
Em todo canto pode-se encontrar alguém disposto a pagar muito barato por nossa alma. Esses, usam nosso empobrecido sistema 1 a seu favor, manipulando, o enfraquecendo cada vez mais.
A falta de investimentos e incentivos à educação, cultura, laser e saúde é uma máquina poderosa, destruidora de sistemas. E não é à toa.
E nós caímos, ou entramos nessa armadilha de bom grado, afinal, é bom não precisar pensar, apenas "curtir". Nós, então, sofremos, e sofremos muito. Fazemos ainda mais: geralmente, colocamos a culpa no destino, nos deuses, no azar, no governo, no chefe, na vida. Proporcionalmente, não nos faltam desculpas e justificativas.
Nosso cérebro nos presenteia com todas as bases, fórmulas, sistemas, métodos, processos e ferramentas já, praticamente prontas, para que as utilizemos; a decisão de como, é sempre nossa. Assim como suas consequências. Para o bem ou para o mal, ainda podemos contar com nossa capacidade de transformar ações em hábitos.