As escolhas de cada um

As escolhas dos indivíduos são pouco determinadas pelo meio em que vivem, mas sim pela sua própria consciência. Esta é a conclusão do professor Stanton Samenow, psicólogo forense americano, cuja vasta experiência prática com criminosos lhe rendeu material para o livro "Inside the criminal mind". Nele, o autor discorre acerca da propensão de certas pessoas à criminalidade. Sugere, ao contrário do que afirmam os pensadores viciados pelas narrativas sócio-históricas, que o comportamento delituoso é produto de modelos de pensamento individuais. Isto é, criminosos constroem, desde cedo, uma personalidade voltada a agir de modo socialmente inaceitável e, portanto, sedimentam uma trajetória repleta de escolhas que convergem para esse fim, pouco importando o meio no qual estão inseridas.

Não há exemplo mais eloquente de tal tese do que os criminosos de colarinho branco: há pessoas que ostentam uma condição social favorável que acabam por praticar toda sorte de delitos sofisticados, sem qualquer repreensão moral. No outro espectro social, a narrativa também se aplica: a grande maioria dos pobres não se torna delinquente. A pressão do meio é evidentemente mais poderosa neste último caso, no entanto, como demonstram os dados empíricos, somente uma pequena parcela escolhe o caminho da criminalidade.

Tais evidências levantam necessariamente algumas hipóteses, quais sejam: 1) as penas de ressocialização de delinquentes podem ser ineficazes na maioria dos casos; 2) explicações deterministas do comportamento humano tendem a falhar se assumidas individualmente.

São muitos os aspectos que levam à decisão consciente. Considerar apenas um único deles ou um conjunto restrito de variáveis (como a condição de classe ou cor da pele) é uma hipótese falha em seu princípio.