PNL PARA A VIDA DIÁRIA- exercitando os sentidos 

As cinco cores cegam os olhos humanos; As cinco notas ensurdecem os ouvidos. Os cinco gostos injuriam o paladar, as corridas e as caçadas desencadeiam no coração paixões furiosas e selvagens.”
Tao Te Ching
 
 
Visual, Auditivo e cinestésico[1]
 
      Nossos sentidos externos são utilizados para recepcionar o mundo real e apresentá-lo à nossa mente através de informações visuais, auditivas, tácteis, gustativas ou aromáticas. Essas mensagens são recepcionadas pelos nossos sistemas de representação sensorial, onde são transformadas em imagens visuais, auditivas ou cinestésicas.    
      Esses sistemas são como equipamentos que recolhem a informação que vem do mundo exterior e a leva para dentro do cérebro, construindo uma representação dela em forma de imagem, som ou cinestesia. Assim, temos dentro de nosso cérebro três sistemas de representação sensorial que são:
 
    – Um sistema visual, que recepciona as informações visuais externas que temos do mundo e as transformam em visões internas (memória visual ou imaginação)
 
  – Um sistema auditivo, que recepciona as informações sonoras externas e as transforma em imagens sonoras internas (memória de sons e imaginação auditiva)      

   – Um sistema cinestésico, que recepciona as informações externas de aromas, paladares, temperatura, umidade, extensão, movimento, equilíbrio etc. e as transformam em imagens internas de sensações  ( sensações prioceptivas).
       Em resumo, os nossos sistemas representacionais têm como objetivo representar para nós mesmos, em forma de imagens visuais, auditivas ou cinestésicas, as funções que dão a um organismo a sua qualidade de ser vivente: ver, ouvir e sentir.
      Utilizamos normalmente todos os nossos sentidos, mas tendemos a privilegiar, em dado contexto, um deles. Dessa forma, algumas vezes somos levados mais a ver do que a ouvir, ou vice-versa. Em certos momentos poderemos ser mais sensitivos que bons ouvintes ou observadores. De repente, também podemos preferir um bom discurso ao invés de uma demonstração, ainda que interessante. Em outras oportunidades acharemos melhor sentir do que ouvir ou ver. 
      Assim, tudo que vemos, ouvimos ou sentimos é representado em nossa mente na forma de um sinal auditivo, visual ou sinestésico, e todos nós temos preferência por uma determinada forma de representar nossas experiências sensoriais.
      Exercitamos essa preferência diariamente. Num espetáculo musical, por exemplo, utilizamos preferencialmente nosso sistema auditivo; em um cinema ou numa galeria de arte é o sistema visual o mais requisitado. Quando namoramos, ou estamos dirigindo um automóvel, utilizamos de preferência a nossa cinestesia, embora os demais sistemas sejam constantemente requisitados, pois principalmente no último caso, não podemos nos abandonar apenas às sensações e deixar de ver e ouvir o que acontece em nossa volta.
     Isso pode explicar porque determinadas pessoas são mais eficientes do que outras em certas habilidades. Um pintor, por exemplo, tenderá a orientar-se para a visualização, enquanto um músico tenderá a privilegiar o sistema auditivo. Da mesma forma, um esportista se orientará preferencialmente pelo cinestésico.
     Por isso, quanto mais exercitamos nossos sentidos, maior será a variedade de informações que ofereceremos a nós mesmos para formatar os nossos “programas” neurológicos.
     Não basta saber qual é o sistema representacional que privilegiamos. Importante é procurar desenvolver todos eles. Precisamos ver, ouvir e sentir mais, muito mais, como dizia o filósofo Teilhard de Chardin. Isso nos possibilitará uma ampliação do nosso alfabeto neurolingüístico e uma melhor condição para formatar os nossos “programas”. Em conseqüência, teremos também mais opções de escolhas e quanto maior for essa possibilidade, a nossa chance de atinar com a resposta certa aumentará na mesma proporção.
     Daí o nosso conselho: exercite o mais que puder os seus sentidos. Procure fazer coisas que estimulem o sistema visual, como por exemplo, pintar, ler, desenhar, escrever; faça também coisas que estimulem seu sistema auditivo, tais como tocar um instrumento, compor uma canção, cantar, aprender uma língua estrangeira, ouvir tipos diferentes de música, etc.
     E não se esqueça de estimular a sua cinestesia. Sinta os aromas, experimente outras comidas além daquelas que você está acostumado a comer; mais que estimular suas sensações gustativas, você estará adquirindo uma enorme flexibilidade em termos de comportamento alimentar. Um dia isso poderá representar a diferença entre a vida e a morte para você.
     A natureza nos deu sentidos e eles existem para ser utilizados. No organismo humano não há nada que seja inútil. Tudo tem finalidade e propósito. Tudo nele é funcional, por isso use-os bem. Não deixe de tocar nos objetos. Examine a textura deles, sinta-lhes a temperatura, a dimensão, a forma. Verifique o sentimento que eles lhe trazem. Experimente como é bom acordar pela manhã e respirar o ar que entra pela sua janela; ouvir o canto dos passarinhos, os ruídos de um mundo que acorda e dá os seus primeiros bocejos.
    Movimente-se com alegria no ambiente em que você está. Saia para andar, e se puder, nade, corra, pratique algum esporte. Se não puder fazer nada disso, faça pelo menos algumas flexões no seu quarto. Dê um largo sorriso para você mesmo (a)  enquanto  estiver fazendo a barba, ou se maquiando; cumprimente cordialmente as pessoas que encontrar na rua, diga alguma coisa amável para todos os seus companheiros de trabalho, toque neles, abrace-os, faça-os sentir que você está satisfeito com a presença  deles. Sinta plenamente o mundo em que você vive e faça-o saber que você é parte importante nele.

 
 
[1] O termo admite duas grafias: cinestesia e sinestesia. Ambos têm o mesmo significado. Porém, como aqui o termo se refere a relações subjetivas que se estabelecem entre percepções de diferentes domínios ( sensibilidades provocadas por estímulos visuais, auditivos, táteis, olfativos ou paladares), entendemos que a palavra grafada com “c” é mais apropriada.