Formigas ociosas
Jean de la Fontaine teve a ambição de ensinar os homens por meio do comportamento dos animais. E as formigas mereceram-lhe elevado conceito comportamental. Trabalhadeiras por sinal. E em oposição às folgadas cigarras, que viviam a cantar, sem com o futuro se precatar.
E parece que aprendemos a lição de la Fontaine. Formiga, das que a gente vê habitualmente, é por natureza obreira-servente. Tudo faz pelo bem de sua comunidade, que costuma ter pra cima de milhares de indivíduos.
E na vertente religiosa fala-se até nas formigas bordadeiras, que obedecendo ordens divinas, estariam tecendo figuras pontilhadas de Maria em folhas que caem ao chão. Também, se do Pai são cria, por quê não (a)bordar Maria?
Contudo, e contado, um estudioso francês publicou um relato, baseado em detidas e cuidadosas observações, onde assinala que as coisas não são bem assim. Nem todas as formigas merecem a qualifcação de trabalhadeiras.
Numa análise que fez do comportamento formigal, o estudioso concluiu, duma amostragem de 225 indivíduos - todas fêmeas, e estéreis por sinal, 34 dedicam-se a cuidados com as larvas e filhotinhos, 26 trabalham fora do ninho, 62 fazem serviços gerais e, pasmem: 103 não fazem orra nenhuma. São completamente ociosas.
Pode ser que estejam de folga planejada também. Como sabemos a economia dílmica vai mal e féria coletiva na indústria é o que hoje mais abunda. E no reino das formigas, as coisas podem estar se humanizando. La Fontaine, estaria revirando na cova? Ou as formigas (trabalhadeiras) já há muito de sua fome lhe fizeram prova?