Como nasce uma ideia (inspirações)

Texto retirado do site abaixo:

http://super.abril.com.br/ciencia/como-nascem-as-ideias

...“Muitas idéias vêm em sonho, quando a mente recupera cenas e imagens diversas e faz conexões inesperadas entre elas”, diz Solange Wechsler. Para o neurocientista Henrique Del Nero, da USP, a criatividade é proporcional ao repertório do indivíduo: um rico banco de dados significa maior possibilidade de rearrumações significativas de informações...

... “Não se trata de ser depressivo para ser criativo. Mas tanto depressivos quanto criativos pertencem a uma categoria de pessoas muito sensíveis. Pessoas que sentem o mundo com uma intensidade maior. Há provavelmente uma base fisiológica comum, mas não a conhecemos ainda.”...

...A relação entre criatividade e algum grau de distúrbio mental sempre foi tida como óbvia. Ela existe, mas a inspiração não nasce da insanidade. É o contrário. “A loucura não contribui em nada para a criatividade. Trata-se de um mito”, diz o psicólogo e antropólogo Daniel Nettle, da Universidade Open, na Inglaterra, autor de Strong Imagination: Madness, Creativity and Human Nature (Imaginação Poderosa: Loucura, Criatividade e Natureza Humana, inédito em português).

“Entretanto, muitos indivíduos criativos apresentam alto risco de desenvolver uma doença mental.” Segundo Nettle, existem duas razões para isso. “A primeira é que a criatividade envolve um tipo de afrouxamento das associações mentais – que, em excesso, pode levar à psicose e à ruptura com a realidade. A outra é que capacidade criativa parece estar ligada a grandes oscilações no humor”, diz. São momentos de euforia seguidos de fases de depressão.

Outra crença comum – e também errônea – é que o uso de drogas estimularia o pensamento criativo. “Todas as evidências mostram o contrário”, diz Nettle. “As drogas fazem o indivíduo achar que está mais criativo, mas isso acontece porque as substâncias afetam sua capacidade de julgar. A longo prazo, a dedicação e o trabalho são comprometidos pelo uso de estimulantes, alucinógenos e tranqüilizantes.”

A melhor maneira de livrar-se dos bloqueios à criatividade é buscar ambientes estimulantes, onde seja possível se expressar livremente e testar diferentes meios e perspectivas. O ócio também é fundamental. “Infelizmente nossa sociedade, ao mesmo tempo que valoriza a criatividade como um atributo necessário, privilegia os conformistas, estimula a memorização, a resposta única, os resultados mensuráveis e o excesso de regras”, diz Solange Wechsler.

O indivíduo criativo tem, diante de si, duas opções: seguir a multidão – e repetir conceitos – ou trilhar um rumo completamente diferente, muitas vezes na direção oposta. Relatos de artistas e cientistas revelam que os criadores sentem que possuem um missão a cumprir. “A coisa mais importante é criar”, dizia Picasso. “Nada mais importa, a criação é tudo.” Que venha a inspiração.

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Para saber mais

Na livraria:

Criatividade e Processo de Criação, Fayga Ostrower, Vozes, 1987

Dimensões da Criatividade, Margaret A. Bonden (org.), Artmed, 1999

Einstein, Picasso - Space, Time and the Beauty that Causes Havoc, Arthur, Miller, Basic Books, 2001

Handbook of Creativity, Robert J. Sternberg (org.), Cambridge University Press, 1999

Robertson
Enviado por Robertson em 18/09/2015
Reeditado em 18/09/2015
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