OFERECENDO A OUTRA FACE- QUEBRA DE PADRÃO
Muito antes de os profissionais de PNL desenvolverem técnicas para a melhoria dos relacionamentos interpessoais , os grandes comunicadores e os cultores do chamado pensamento positivo já discursavam sobre a possibilidade de melhorarmos os nossos resultados nessa complicada área das relações humanas através daquilo que hoje nós chamamos de quebra de padrão.
Um exemplo muito explorado dessa técnica era a metáfora de Jesus Cristo "ofereça a outra face". Ela funciona da seguinte maneira. Você acabou de receber uma pessoa. De imediato ela lhe passa uma sensação de antipatia ou uma impressão de agressividade. Digamos que a pessoa o (a) procurou para reclamar ou cobrar alguma coisa, que ela pensa que você lhe fez, ou por algo que a incomodou e ela acha que você tem alguma responsabilidade por isso. Você sabe que ela não tem razão, mas ela pensa que tem. Ela entra na sua sala agressivamente, e você, sentindo a iminência da agressão, já se posiciona para a defesa. Se você não tomar cuidado, é bem possível que acabem rolando pelo chão.
Essa é uma resposta muito natural. Vem do nosso sistema límbico, da área que no nosso cérebro é responsável pela defesa física, área que gera respostas instintivas. Nessa região cerebral, a qualidade que chamamos de inteligência emocional não foi desenvolvida. Goleman chama essa área do cérebro de "cérebro reptiliano", ou seja, resquícios das primeiras estruturas cerebrais desenvolvidas pelas espécies vivas, quando a vida não era mais que uma intensa luta pela sobrevivência.*
Nessa área do cérebro não são interpretadas as mensagens verbais que nos vêm das pessoas, mas sim as mensagens não verbais que elas emitem. Por isso é que os répteis e os animais selvagens são ariscos e agressivos. Seus cérebros respondem imediatamente ás mensagens de perigo. E essas mensagens estão presentes na postura das pessoas, na coloração da pele, no timbre da voz, nos gestos, no fulgor e no movimento dos olhos, na grossura dos lábios, enfim, no seu comportamento e não nas suas palavras.
Num caso desses é preciso aprender a não responder de imediato a agressão. Tente outra resposta. Ao invés de posicionar seu corpo para a luta, respondendo à mensagem não verbal da pessoa, imagine que ela é um possível cliente do seu negócio. Convide-a para sentar-se, ofereça-lhe água ou café, deixe-a dizer tudo que pensa, mesmo que isso lhe pareça ofensivo. Isso é o que se pode chamar de “oferecer a outra face”. É fácil e não dói. Era isso que Jesus estava ensinando quando mandou “oferecer a outra face.” Uma quebra de padrão no comportamento da outra pessoa e não uma atitude covarde de apanhar sem reação.
Toda ofensa é uma carapuça que a gente só usa se quiser. Lembre-se que ela entrou em sua sala para brigar. Se não achar alguém com a mesma disposição, não terá ninguém com quem dividir o ringue. Isso quebra o padrão de qualquer agressor. Depois que ela falar tudo que quis, exponha o seu ponto de vista de uma forma que você não esteja meramente contestando o dele. Não use conjunções adversativas, do tipo mas, contudo, todavia, porém, etc. ( Eu concordo com o que você disse, mas....; eu entendo o que você sente, contudo.....; eu sei como é isso, porém...) Isso quer dizer: você concorda, entende e sente coisa nenhuma! Experimente usar no lugar das conjunções adversativas, conjunções aditivas ou alternativas. (Eu concordo com isso e...; eu entendo o que você quer dizer, ou... ).
Seja o que for que você diga, nunca deixe que a pessoa pense que foi completamente derrotada. Muitas vezes, o que a pessoa quer é apenas uma satisfação. Se você a deu, é o que basta. Observe como se iniciam as discussões. As pessoas se digladiam como se fossem pugilistas em um ringue. Dão "jabs" um no outro, demarcam espaços, estudam os movimentos dos adversários antes de partirem para a luta aberta. Empenham-se tanto em demolir os argumentos do outro que nem se propõem a analisar suas razões. Vencer a discussão lhes parece um caso de vida ou morte.
Como se alguém pudesse vencer uma discussão! Você já viu alguém que já tivesse, de fato, vencido uma discussão? Você já viu, aliás, alguém que já tivesse vencido um debate político? Há pessoas que dizem que determinado candidato venceu. Depois você lhe pergunta qual é o candidato dele e aí descobre por que ele acha que o tal candidato venceu. Mesmo que o candidato dele fosse mudo, gago, ou incapaz de formular uma única frase coerente, ele teria vencido.
Vencer uma discussão é como torcer para um time de futebol.Ainda que o nosso time seja rebaixado para a segunda divisão, ele sempre será melhor do que os outros times.
Discussões são jogos que não podem ser vencidos. Vitória é um resultado que não existe nesse jogo. No campo dos relacionamentos humanos, não se pode obter bons resultados com uma parte tentando impor-se à outra. Uma discussão é sempre um confronto de mapas mentais. E eles nunca são idênticos, nunca dividem, pacificamente, o mesmo espaço, nem se conformam aos mesmos limites. Por isso, nesse jogo, quem quiser vencer, não pode fazer força para ganhar.
__________
* Daniel Goleman- Inteligência Emocional, 1995.
Muito antes de os profissionais de PNL desenvolverem técnicas para a melhoria dos relacionamentos interpessoais , os grandes comunicadores e os cultores do chamado pensamento positivo já discursavam sobre a possibilidade de melhorarmos os nossos resultados nessa complicada área das relações humanas através daquilo que hoje nós chamamos de quebra de padrão.
Um exemplo muito explorado dessa técnica era a metáfora de Jesus Cristo "ofereça a outra face". Ela funciona da seguinte maneira. Você acabou de receber uma pessoa. De imediato ela lhe passa uma sensação de antipatia ou uma impressão de agressividade. Digamos que a pessoa o (a) procurou para reclamar ou cobrar alguma coisa, que ela pensa que você lhe fez, ou por algo que a incomodou e ela acha que você tem alguma responsabilidade por isso. Você sabe que ela não tem razão, mas ela pensa que tem. Ela entra na sua sala agressivamente, e você, sentindo a iminência da agressão, já se posiciona para a defesa. Se você não tomar cuidado, é bem possível que acabem rolando pelo chão.
Essa é uma resposta muito natural. Vem do nosso sistema límbico, da área que no nosso cérebro é responsável pela defesa física, área que gera respostas instintivas. Nessa região cerebral, a qualidade que chamamos de inteligência emocional não foi desenvolvida. Goleman chama essa área do cérebro de "cérebro reptiliano", ou seja, resquícios das primeiras estruturas cerebrais desenvolvidas pelas espécies vivas, quando a vida não era mais que uma intensa luta pela sobrevivência.*
Nessa área do cérebro não são interpretadas as mensagens verbais que nos vêm das pessoas, mas sim as mensagens não verbais que elas emitem. Por isso é que os répteis e os animais selvagens são ariscos e agressivos. Seus cérebros respondem imediatamente ás mensagens de perigo. E essas mensagens estão presentes na postura das pessoas, na coloração da pele, no timbre da voz, nos gestos, no fulgor e no movimento dos olhos, na grossura dos lábios, enfim, no seu comportamento e não nas suas palavras.
Num caso desses é preciso aprender a não responder de imediato a agressão. Tente outra resposta. Ao invés de posicionar seu corpo para a luta, respondendo à mensagem não verbal da pessoa, imagine que ela é um possível cliente do seu negócio. Convide-a para sentar-se, ofereça-lhe água ou café, deixe-a dizer tudo que pensa, mesmo que isso lhe pareça ofensivo. Isso é o que se pode chamar de “oferecer a outra face”. É fácil e não dói. Era isso que Jesus estava ensinando quando mandou “oferecer a outra face.” Uma quebra de padrão no comportamento da outra pessoa e não uma atitude covarde de apanhar sem reação.
Toda ofensa é uma carapuça que a gente só usa se quiser. Lembre-se que ela entrou em sua sala para brigar. Se não achar alguém com a mesma disposição, não terá ninguém com quem dividir o ringue. Isso quebra o padrão de qualquer agressor. Depois que ela falar tudo que quis, exponha o seu ponto de vista de uma forma que você não esteja meramente contestando o dele. Não use conjunções adversativas, do tipo mas, contudo, todavia, porém, etc. ( Eu concordo com o que você disse, mas....; eu entendo o que você sente, contudo.....; eu sei como é isso, porém...) Isso quer dizer: você concorda, entende e sente coisa nenhuma! Experimente usar no lugar das conjunções adversativas, conjunções aditivas ou alternativas. (Eu concordo com isso e...; eu entendo o que você quer dizer, ou... ).
Seja o que for que você diga, nunca deixe que a pessoa pense que foi completamente derrotada. Muitas vezes, o que a pessoa quer é apenas uma satisfação. Se você a deu, é o que basta. Observe como se iniciam as discussões. As pessoas se digladiam como se fossem pugilistas em um ringue. Dão "jabs" um no outro, demarcam espaços, estudam os movimentos dos adversários antes de partirem para a luta aberta. Empenham-se tanto em demolir os argumentos do outro que nem se propõem a analisar suas razões. Vencer a discussão lhes parece um caso de vida ou morte.
Como se alguém pudesse vencer uma discussão! Você já viu alguém que já tivesse, de fato, vencido uma discussão? Você já viu, aliás, alguém que já tivesse vencido um debate político? Há pessoas que dizem que determinado candidato venceu. Depois você lhe pergunta qual é o candidato dele e aí descobre por que ele acha que o tal candidato venceu. Mesmo que o candidato dele fosse mudo, gago, ou incapaz de formular uma única frase coerente, ele teria vencido.
Vencer uma discussão é como torcer para um time de futebol.Ainda que o nosso time seja rebaixado para a segunda divisão, ele sempre será melhor do que os outros times.
Discussões são jogos que não podem ser vencidos. Vitória é um resultado que não existe nesse jogo. No campo dos relacionamentos humanos, não se pode obter bons resultados com uma parte tentando impor-se à outra. Uma discussão é sempre um confronto de mapas mentais. E eles nunca são idênticos, nunca dividem, pacificamente, o mesmo espaço, nem se conformam aos mesmos limites. Por isso, nesse jogo, quem quiser vencer, não pode fazer força para ganhar.
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* Daniel Goleman- Inteligência Emocional, 1995.