CRENÇAS- PROGRAMAS
Os livros sagrados de todas as religiões do mundo, sejam elas metafísicas como o Budismo, o Taoísmo e o Bramanismo, ou reveladas como o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo, são baseadas em pressupostos fundamentados em visões, audições e sensibilidades de pessoas que viveram experiências psíquicas extraordinárias, que as levaram a propagar as crenças que deram origem a essas religiões.[1]
No fundo, o que menos importa é a crença na origem da nossa crença. Se ela foi revelada por um deus (ou por Deus), ou se foi deduzida pela mente humana. Tanto os metafísicos quanto os adeptos da revelação podem estar certos. Afinal, quando se trata de crenças, o que menos precisamos é de uma que pretenda ser absoluta. A humanidade já sofreu demais com a pretensão de alguns grupos humanos de afirmar suas crenças sobre as demais. E continua sofrendo.
No entanto, provado está que toda crença é mais produto de uma sensibilidade particular do que de fatos, propriamente ditos. Deus não tem religião, os homens sim. Deus não induz crenças nas pessoas. São as pessoas que induzem as outras a acreditar no que elas acreditam.
Toda a nossa cultura está alicerçada num sistema de crenças. Muitas vezes tão sutis que não nos apercebemos delas, mas são elas que modelam o nosso comportamento, por que constituem os fundamentos que dão per – missão para as ações que realizamos na vida.
É isso mesmo. Toda crença embute um conceito de missão do qual geralmente não conseguimos escapar. Por isso é que se costuma dizer: o que a gente pensa (ou acredita) que é, isso é o que somos. Isso quer dizer: Nós fazemos o que as nossas crenças nos mandam fazer.
E é verdade. Quando acreditamos que as pessoas não irão nos aceitar, que elas não gostam de nós, que as ideias e habilidades dos outros são maiores e melhores do que as nossas, que o dinheiro pode comprar tudo, que ele é mais importante que a atividade interpessoal expressa no amor e na amizade, enfim, quando acreditamos em qualquer coisa, boa ou ruim, o que estamos fazendo é simplesmente um julgamento de valor baseado em algo que vimos, ouvimos ou sentimos. E de acordo com esse julgamento nós pautamos nossas ações.
Tudo bem. Crença é uma coisa pessoal e cada um acredita no que quer e lhe faz bem. O único condicionador de crenças que nós temos é o nosso próprio sentimento. Nós acreditamos naquilo que nos faz bem. Ou que julgamos que faz bem. Ninguém pode julgar os nossos sentimentos. Só mesmo quem os sente.
Só tem uma coisa aí com a qual precisamos tomar certo cuidado: é a incrível deficiência dos órgãos sensoriais que captam as informações contidas nos fatos e os transmitem ao nosso cérebro. É fato comprovado, por exemplo, que os nossos ouvidos não conseguem captar ondas sonoras abaixo de 20 ou acima de 20.000 ciclos. E que nossos olhos só conseguem “ver” fenômenos luminosos entre 380 e 680 milimicrons. Assim, ondas sonoras ou luminosas formadas abaixo ou acima desses limites não são captadas por nossos ouvidos nem detectadas pelos nossos olhos. Um cão ouve melhor do que nós e uma águia consegue ver mais longe. Com as sensibilidades também estamos submetidos a muitas limitações. A intensidade das sensações no corpo varia em pontos diferentes da pele, da mesma forma que de indivíduo para indivíduo. Isso nos leva a uma indagação: será que tudo que vemos, ouvimos e sentimos é isso mesmo que a nossa mente nos faz pensar que seja?
Raul Seixas, em um dos seus primeiros sucessos, lamentava se sentir ridículo, humano, limitado, por usar só dez por cento da sua cabeça animal. De certo ele ouviu isso de alguém, como de certo nós também já ouvimos. Quem foi que disse isso? Como essa pessoa chegou a essa constatação? De onde obteve essa informação? De certo foi de alguém que acreditava nesse pressuposto. E se acreditava, essa era a potencialidade cerebral que estava utilizando no momento em que descobriu essa “verdade”. Agora uma pergunta: como alguém que só usa dez por cento da sua potencialidade cerebral pode assentar verdade tão absoluta?
Mas quem sabe não seja o ser humano que é ridículo, limitado, incompetente, mas sim as crenças que ele assume. O cérebro não é uma máquina ajustada para trabalhar com esta ou aquela potência, mas sim de acordo com os “programas” que são colocados nele. Crenças são programas que alguém, ou a gente mesmo, na procura por um método de agir, enfiou no cérebro. E esses “programas” não são definitivos nem absolutos. Se uma pessoa acredita que não sabe falar em público, por exemplo, essa crença será derrubada no dia em que ela tiver sucesso fazendo um belo discurso perante um grupo; se alguém acredita que nunca conseguirá amar de verdade, essa crença será desmentida no dia em que ela viver um grande amor. Enfim, nada é definitivo, nada é absoluto, a não ser, talvez, Deus…
Desafiar as próprias crenças é o primeiro passo para desarmar o disjuntor das nossas limitações. Aquele disjuntor que liga uma luz na nossa mente e aciona aquela voz que diz: você não pode fazer isso, você não é capaz de fazer isso; o tempo para fazer isso já passou…
Afinal, só você pode escolher no que quer ou não quer acreditar. Pense nisso da próxima vez que alguém (seja lá quem for) quiser lhe impor alguma verdade. Ouça com muito respeito, mas antes de deixar que ela vire um “programa” para a sua mente, faça cinco perguntinhas básicas para você mesmo: 1) Quem está dizendo isso? 2) Quais são os fundamentos desse pressuposto? 3) Em que contexto isso foi provado? 4) Que bem me fará se eu acreditar nisso? 5) O que aconteceria se eu desafiasse essa crença?
Por fim, é bom se lembrar de uma coisa: só há dois acontecimentos sobre os quais nós não temos nenhum controle: o nascimento e a morte. E isso é só por que nós ainda não estávamos, ou já não mais estaremos lá por ocasião desses fatos…
A propósito, eis algumas “crenças-programas” que a gente costuma instalar inconscientemente. Se isso aconteceu c om você, talvez seja a hora de desafiá-las.
Sobre a idade
A idade e a doença andam juntas. Não há como escapar disso.
Já estou muito velho para começar uma vida nova.
É impossível mudar de hábito depois de certa idade
Sobre o físico
É fácil engordar. Difícil é emagrecer.
Obesidade é hereditária. Todo mundo é gordo na minha família. Eu não posso escapar disso.
Quem para de fumar sempre engorda.
Sobre masculinidade
Deixar de responder as ofensas é sinal de fraqueza.
É triste ver um homem chorar em público.
Infidelidade é um atributo de masculinidade.
É preciso mostrar autoridade para obter respeito
Sobre relacionamento
Hoje em dia já não se pode confiar em mais ninguém.
Eu sempre escolho o parceiro (a) errado.
Se eu não fizer o que os outros querem não serei aceito por eles.
Não existe verdadeira amizade; só convergência de interesses.
Se eu pedir alguma coisa para alguém pensarão que eu sou carente.
Se não aceitam minhas ideias é porque não gostam de mim.
Não existe almoço de graça.
Sobre autoestima
Meus pais sempre gostaram mais do meu irmão (ã) do que de mim.
É impossível viver só fazendo coisas que a gente gosta.
Fico inibido na presença de pessoas mais cultas do que eu.
Muita gente olhando para mim me intimida.
Não sou capaz de falar em público. Vão me achar ridículo (a).
Sobre comportamentos em geral
Não é possível fazer certo sem errar primeiro.
Só com muito dinheiro é possível ser feliz.
É de pequeno que se torce o pepino.
Á noite todos os gatos são pardos.
Quem usa cuida.
[1] Religiões metafísicas são aquelas cujos pressupostos são fundamentados em experiências psíquicas ou filosóficas de seus fundadores. As religiões reveladas são aquelas cujos pressupostos os fundadores afirmam ter recebido da própria divindade.
Os livros sagrados de todas as religiões do mundo, sejam elas metafísicas como o Budismo, o Taoísmo e o Bramanismo, ou reveladas como o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo, são baseadas em pressupostos fundamentados em visões, audições e sensibilidades de pessoas que viveram experiências psíquicas extraordinárias, que as levaram a propagar as crenças que deram origem a essas religiões.[1]
No fundo, o que menos importa é a crença na origem da nossa crença. Se ela foi revelada por um deus (ou por Deus), ou se foi deduzida pela mente humana. Tanto os metafísicos quanto os adeptos da revelação podem estar certos. Afinal, quando se trata de crenças, o que menos precisamos é de uma que pretenda ser absoluta. A humanidade já sofreu demais com a pretensão de alguns grupos humanos de afirmar suas crenças sobre as demais. E continua sofrendo.
No entanto, provado está que toda crença é mais produto de uma sensibilidade particular do que de fatos, propriamente ditos. Deus não tem religião, os homens sim. Deus não induz crenças nas pessoas. São as pessoas que induzem as outras a acreditar no que elas acreditam.
Toda a nossa cultura está alicerçada num sistema de crenças. Muitas vezes tão sutis que não nos apercebemos delas, mas são elas que modelam o nosso comportamento, por que constituem os fundamentos que dão per – missão para as ações que realizamos na vida.
É isso mesmo. Toda crença embute um conceito de missão do qual geralmente não conseguimos escapar. Por isso é que se costuma dizer: o que a gente pensa (ou acredita) que é, isso é o que somos. Isso quer dizer: Nós fazemos o que as nossas crenças nos mandam fazer.
E é verdade. Quando acreditamos que as pessoas não irão nos aceitar, que elas não gostam de nós, que as ideias e habilidades dos outros são maiores e melhores do que as nossas, que o dinheiro pode comprar tudo, que ele é mais importante que a atividade interpessoal expressa no amor e na amizade, enfim, quando acreditamos em qualquer coisa, boa ou ruim, o que estamos fazendo é simplesmente um julgamento de valor baseado em algo que vimos, ouvimos ou sentimos. E de acordo com esse julgamento nós pautamos nossas ações.
Tudo bem. Crença é uma coisa pessoal e cada um acredita no que quer e lhe faz bem. O único condicionador de crenças que nós temos é o nosso próprio sentimento. Nós acreditamos naquilo que nos faz bem. Ou que julgamos que faz bem. Ninguém pode julgar os nossos sentimentos. Só mesmo quem os sente.
Só tem uma coisa aí com a qual precisamos tomar certo cuidado: é a incrível deficiência dos órgãos sensoriais que captam as informações contidas nos fatos e os transmitem ao nosso cérebro. É fato comprovado, por exemplo, que os nossos ouvidos não conseguem captar ondas sonoras abaixo de 20 ou acima de 20.000 ciclos. E que nossos olhos só conseguem “ver” fenômenos luminosos entre 380 e 680 milimicrons. Assim, ondas sonoras ou luminosas formadas abaixo ou acima desses limites não são captadas por nossos ouvidos nem detectadas pelos nossos olhos. Um cão ouve melhor do que nós e uma águia consegue ver mais longe. Com as sensibilidades também estamos submetidos a muitas limitações. A intensidade das sensações no corpo varia em pontos diferentes da pele, da mesma forma que de indivíduo para indivíduo. Isso nos leva a uma indagação: será que tudo que vemos, ouvimos e sentimos é isso mesmo que a nossa mente nos faz pensar que seja?
Raul Seixas, em um dos seus primeiros sucessos, lamentava se sentir ridículo, humano, limitado, por usar só dez por cento da sua cabeça animal. De certo ele ouviu isso de alguém, como de certo nós também já ouvimos. Quem foi que disse isso? Como essa pessoa chegou a essa constatação? De onde obteve essa informação? De certo foi de alguém que acreditava nesse pressuposto. E se acreditava, essa era a potencialidade cerebral que estava utilizando no momento em que descobriu essa “verdade”. Agora uma pergunta: como alguém que só usa dez por cento da sua potencialidade cerebral pode assentar verdade tão absoluta?
Mas quem sabe não seja o ser humano que é ridículo, limitado, incompetente, mas sim as crenças que ele assume. O cérebro não é uma máquina ajustada para trabalhar com esta ou aquela potência, mas sim de acordo com os “programas” que são colocados nele. Crenças são programas que alguém, ou a gente mesmo, na procura por um método de agir, enfiou no cérebro. E esses “programas” não são definitivos nem absolutos. Se uma pessoa acredita que não sabe falar em público, por exemplo, essa crença será derrubada no dia em que ela tiver sucesso fazendo um belo discurso perante um grupo; se alguém acredita que nunca conseguirá amar de verdade, essa crença será desmentida no dia em que ela viver um grande amor. Enfim, nada é definitivo, nada é absoluto, a não ser, talvez, Deus…
Desafiar as próprias crenças é o primeiro passo para desarmar o disjuntor das nossas limitações. Aquele disjuntor que liga uma luz na nossa mente e aciona aquela voz que diz: você não pode fazer isso, você não é capaz de fazer isso; o tempo para fazer isso já passou…
Afinal, só você pode escolher no que quer ou não quer acreditar. Pense nisso da próxima vez que alguém (seja lá quem for) quiser lhe impor alguma verdade. Ouça com muito respeito, mas antes de deixar que ela vire um “programa” para a sua mente, faça cinco perguntinhas básicas para você mesmo: 1) Quem está dizendo isso? 2) Quais são os fundamentos desse pressuposto? 3) Em que contexto isso foi provado? 4) Que bem me fará se eu acreditar nisso? 5) O que aconteceria se eu desafiasse essa crença?
Por fim, é bom se lembrar de uma coisa: só há dois acontecimentos sobre os quais nós não temos nenhum controle: o nascimento e a morte. E isso é só por que nós ainda não estávamos, ou já não mais estaremos lá por ocasião desses fatos…
A propósito, eis algumas “crenças-programas” que a gente costuma instalar inconscientemente. Se isso aconteceu c om você, talvez seja a hora de desafiá-las.
Sobre a idade
A idade e a doença andam juntas. Não há como escapar disso.
Já estou muito velho para começar uma vida nova.
É impossível mudar de hábito depois de certa idade
Sobre o físico
É fácil engordar. Difícil é emagrecer.
Obesidade é hereditária. Todo mundo é gordo na minha família. Eu não posso escapar disso.
Quem para de fumar sempre engorda.
Sobre masculinidade
Deixar de responder as ofensas é sinal de fraqueza.
É triste ver um homem chorar em público.
Infidelidade é um atributo de masculinidade.
É preciso mostrar autoridade para obter respeito
Sobre relacionamento
Hoje em dia já não se pode confiar em mais ninguém.
Eu sempre escolho o parceiro (a) errado.
Se eu não fizer o que os outros querem não serei aceito por eles.
Não existe verdadeira amizade; só convergência de interesses.
Se eu pedir alguma coisa para alguém pensarão que eu sou carente.
Se não aceitam minhas ideias é porque não gostam de mim.
Não existe almoço de graça.
Sobre autoestima
Meus pais sempre gostaram mais do meu irmão (ã) do que de mim.
É impossível viver só fazendo coisas que a gente gosta.
Fico inibido na presença de pessoas mais cultas do que eu.
Muita gente olhando para mim me intimida.
Não sou capaz de falar em público. Vão me achar ridículo (a).
Sobre comportamentos em geral
Não é possível fazer certo sem errar primeiro.
Só com muito dinheiro é possível ser feliz.
É de pequeno que se torce o pepino.
Á noite todos os gatos são pardos.
Quem usa cuida.
[1] Religiões metafísicas são aquelas cujos pressupostos são fundamentados em experiências psíquicas ou filosóficas de seus fundadores. As religiões reveladas são aquelas cujos pressupostos os fundadores afirmam ter recebido da própria divindade.