BOB DYLAN

BOB DYLAN

 

 

Ser um dos nomes mais importantes da arte não é suficiente para defini-lo. Ao tentar explicar quem é Bob Dylan, concluímos que é necessário amplificar a ideia para "quem são Bob Dylan". Ícone da canção de protesto, trovador, poeta… e muito mais. Quando a gente acha que encontrou, ele nos mostra que não é nada daquilo.
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Gênio, revolucionário e incomparável: esse é Bob Dylan (Foto/Reprodução/Internet)
Gênio, revolucionário e incomparável: esse é Bob Dylan (Foto/Reprodução/Internet)
Foto: Cifra Club

 

Ser um dos nomes mais importantes da arte não é suficiente para defini-lo. Ao tentar explicar quem é Bob Dylan, concluímos que é necessário amplificar a ideia para "quem são Bob Dylan". Ícone da canção de protesto, trovador, poeta… e muito mais. Quando a gente acha que encontrou, ele nos mostra que não é nada daquilo.
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Por exemplo, Robert Zimmerman (seu nome de nascimento) não apareceu na inauguração do Bob Dylan Center, um museu em sua homenagem. Ou seja, Dylan sendo Dylan. Mas, como bem disse a cantora Patti Smith no evento, ele "está por todos os lados".
Entenda a obra de Bob Dylan

Vale lembrar que o compositor esnobou até do Prêmio Nobel de Literatura, com o qual foi agraciado em 2016. Talvez a sua viralizada imagem durante as gravações de We Are The World ajude a entender quem é Bob Dylan na fila do pão.

Mas, se faltam definições, sobra um universo musical gigantesco para mergulhar. Portanto, é justamente isso o que esse texto vai trazer para você!
Bob Dylan e a reinvenção da canção de protesto

Bob Dylan foi a Nova York em 1961 para conhecer Woody Guthrie - aquele que estampava em seu violão a frase "this machine kills fascists". Na ocasião, Guthrie, herói do folk de protesto, lutava contra um câncer. Dylan acabou se estabelecendo na cidade e, alguns meses depois, homenageou o ídolo em Song To Woody, faixa do seu álbum de estreia, de 1962.

A marca do folk operário era contar histórias reais de trabalhadores que lutavam contra a opressão capitalista. Mas Dylan não só herdou essa veia, como também a ampliou. Assim, ele levou a narrativa - até então restrita a ouvintes da classe proletária - a um público mais amplo: jovens, roqueiros, consumidores de arte…

Agora, a música pop, de festas e de rádio, podia também ser engajada. Ademais, não dá para deixar de lado o fato de que as sementes do punk rock também estavam sendo lançadas aqui!

Primeiramente adaptando canções tradicionais, Dylan logo passou a cantar as próprias criações. Algumas delas são Masters of War, Ballad Of Hollis Brown, Only A Pawn In Their Game (essa última baseada em um assassinato político).
Bob Dylan, o trovador do rock

Mas, um belo dia, em 65, o então fenômeno do folk apareceu com uma guitarra em um festival do gênero, o Festival de Folk de Newport. Foi vaiado e chamado de Judas pelos puristas do movimento, o que marcou a transição do folk para o rock.

Isso porque sua missão ia além da causa social, pois ele queria mesmo falar do humano. Assim, passou a cantar as questões do homem em seu tempo.

Seu segundo disco, The Freewheelin' Bob Dylan, é aberto com versos marcantes: "Quantos caminhos há de um homem percorrer antes de se dizer que ele é um homem?", do hino Blowin' in the Wind.

O mesmo álbum traz a clássica A Hard Rain's A-Gonna Fall, escrita durante a crise dos mísseis de Cuba. De The Times They Are A-Changin' (1964) a Murder Most Foul (2020), a pegada de cronista do mundo ao redor sempre esteve em Dylan. Dessa forma, influenciou muita gente, de Pearl Jam a Raul Seixas - já reparou em Ouro de Tolo?.

Ao anunciar seu quarto disco, com o apropriado nome de Another Side of Bob Dylan, o cantor afirmou que não queria mais ser um "porta-voz". Seu novo lado estava explícito em faixas como My Back Pages.

Quase uma década depois, Dylan lançaria Forever Young, uma benção de pai para o filho Jakob, de três anos na época. E lá na década de 90, na casa dos 50 anos, Not Dark Yet refletiu sobre envelhecer.
Dylan, o poeta

Até o começo dos anos 60, a música pop não trazia letras muito elaboradas. O rock, ritmo mais relevante entre os jovens, abordava basicamente namoros, festas e carros. Porém, Bob Dylan conseguiu expandir o conteúdo abordado.

Junto do estilo moderno, Dylan trouxe influências de vários gêneros literários marcantes. Confira, por exemplo, Subterranean Homesick Blues. O clipe traz o autor exibindo placas com palavras que marcam a letra da música. Além disso, no fundo, está o poeta Allen Ginsberg, ícone da geração beatnik.

Para ter uma ideia, aquele estilo de letras compridas e ininterruptas, presente em clássicos como It's Alrigh, Ma (I'm Only Bleeding), vem da literatura beat. É uma técnica de escrita chamada "fluxo de consciência".

Ademais, outras várias músicas trazem inspiração em diversos nomes da literatura, como Charles Baudelaire, Andre Breton, William Blake, e T.S. Elliot. Algumas dessas canções são Mr. Tambourine Man, Love Minus Zero, Simple Twist of Fate e Desolation Row.

Nem a Bíblia escapa, já que All Along the Watchtower traz ecos do livro de Isaías. Além disso, a Babilônia e o Apocalipse aparecem em Jokerman.

De todas essas luzes, Bob Dylan criou uma galáxia infinita e particular, mas que funcionou! Em 1965, Like a Rolling Stone alcançou o número 1 nas paradas estadunidenses e imortalizou o estilo Bob Dylan de escrever, cantar e de ser.

Em seguida, viriam Jim Morrison, Renato Russo e muitos outros. Com eles, poemas cantados, ricos em referências artísticas de todos os tipos. E, com isso, a letra de música pop mudou para sempre.
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Bob Dylan e o amor

Reza a lenda que, certa vez, Bob Dylan ouviu Love Is Just a Four-Letter Word na voz de Joan Baez. Após elogiar a canção, foi lembrado de que ele mesmo era o autor.

Simples, angustiada e atrevida, essa faixa é um bom exemplo de como Dylan aborda o assunto. Outra amostra é It Ain't Me Babe, o "fora" mais bem dado em uma música. Nela, sua voz anasalada soa ao mesmo tempo debochada e elegante.

A desilusão amorosa também está presente nos versos de It's All over Now, Baby Blue. Já em Just Like a Woman, o cantor assume as contradições presentes na visão de um homem sobre sua mulher.

Por sua vez, o álbum Blood On The Tracks é inteiramente uma das lavações de roupa suja mais poéticas que você vai conhecer. Um dos filhos de Bob, Jakob, disse que ouvir o disco é como escutar seus pais conversando.

A separação do cantor com Sara Dylan é descrita em joias como Tangled up in Blue, If You See Her, Say Hello e Idiot Wind. Eles foram casados por 12 anos e tiveram quatro filhos.

 

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