A DECADÊNCIA MUSICAL RETRATADA NO SERTANEJO UNIVERSITÁRIO
Batizada como o gênero musical retratando o homem do sertão e do dia a dia da roça, o Sertanejo nasceu com a perspectiva de representar a zona rural brasileira nos seus hábitos e no jeito humilde do seu povo. No primeiro terço do século passado, foi composta a primeira canção sertaneja e daí surgiram duplas consagradas como Tonico e Tinoco, Vieira e Vieirinha, Tião Carreiro e Pardinho, Milionário e José Rico, entre tantas outras. Foi nessa época que o cunho “música caipira” nasceu e deu legitimidade para o ritmo musical ganhar o Brasil, uma vez antes se tratava apenas de um estilo regional, especialmente nos Estados de Goiás e Mato Grosso.
Com o aparecimento de duplas como João Paulo e Daniel, Leandro e Leonardo, Zezé Di Camargo e Luciano, Chitãozinho e Xororó, Crystian e Ralf entre outras, a música sertaneja ganhou nova roupagem. A temática da roça cede espaço para o romantismo. As canções passaram a tratar do amor presente nos relacionamentos, das incertezas, das desilusões e também de sexo, de maneira suave e poética. O Eu lírico vivia numa busca incessante pela mulher amada visando consumar seus mais íntimos desejos. Essa foi a tônica dos anos 80 e 90 e, com certeza, modificou o olhar da própria música sertaneja para suas influências. Podemos, então, nomear esse momento como a segunda fase do Sertanejo.
Nos anos 2000 começou a adentrar nas paradas de sucesso pelo país afora músicas com temáticas voltadas para festas, bebedeira e pegação. Estourava aí o tal do Sertanejo universitário. Embora se tenha registro desse tipo de música em 1994, foi na primeira década do século XXI que o estilo invadiu os grandes centros e se tornou o preferido entre a população, perdurando até hoje. Com letras empobrecidas e com arranjos tecnicamente simplórios, essas canções surgiram para competirem com o Funk, disputando palmo a palmo para saber qual dos dois ritmos representa fielmente a decadência do cenário musical. Com pegada estritamente hedonista, o Sertanejo universitário tem um malfadado perfil corporativista: os cantores possuem o mesmo timbre, usam as mesmas roupas, falam da mesma forma, e as canções, geralmente, utilizam lá, lá, lê, lê e outros monossílabos para denotar a prática sexual nos refrãos, além de exaltarem as baladas e as bebidas, é claro. Um horror!
Seria injusto afirmar que todos os cantores desse famigerado gênero são sem talentos e se encaixam no perfil acima. Há exceções. Alguns são afinados e possuem repertórios menos dolorosos aos ouvidos, mas, via de regra, não se aproveita muito. A falta de originalidade é algo impressionante. Se não bastassem as canções serem monotemáticas, as vozes dos intérpretes parecem ter a mesma sonoridade, com os timbres padronizados. Até os falsetes são iguais. A imagem passada ao público é, os cantores divergentes desse padrão, ficarão eternamente no limbo. Pode se aproveitar algo das letras? Quase nada! Com raríssimas exceções, você encontrará uma música cuja letra propicie uma reflexão sobre algo. Talvez seja por isso que a apreciação dessas canções deva vir sempre acompanhada de uma boa dose de cerveja, pois, quando se está alterado, se aceita tudo, até o ruim. Os arranjos são até bem executados, principalmente àqueles da sanfona, mas é sabido que eles pertencem aos músicos de apoio, logo estão fora do pacote.
Entretanto, é honesto ressaltar: a decadência musical que assola o país nas últimas décadas não tem só o sertanejo universitário como contribuinte. Há outros tantos gêneros corroborando todo santo dia para a ruína do cenário. A moda universitária piorou a situação. Em tese, o brasileiro sempre foi adepto à música massiva. Por si só, isso não seria problema caso não existisse o culto à imbecilidade coletiva propagadas por essas músicas. A indústria fonográfica nos empurra goela abaixo esse tipo de conteúdo, fazendo-nos legitimar sua qualidade. Cabe a nós sermos mais criteriosos com aquilo que ouvimos. Enquanto ao velho e bom Sertanejo raiz — expressão essa criada justamente para diferenciar do Sertanejo universitário, esse ficará somente nas nossas lembranças, nos cds e discos antigos, nos lembrando um dia esse gênero musical nos emocionou e foi capaz de produzir canções de boa qualidade.
Batizada como o gênero musical retratando o homem do sertão e do dia a dia da roça, o Sertanejo nasceu com a perspectiva de representar a zona rural brasileira nos seus hábitos e no jeito humilde do seu povo. No primeiro terço do século passado, foi composta a primeira canção sertaneja e daí surgiram duplas consagradas como Tonico e Tinoco, Vieira e Vieirinha, Tião Carreiro e Pardinho, Milionário e José Rico, entre tantas outras. Foi nessa época que o cunho “música caipira” nasceu e deu legitimidade para o ritmo musical ganhar o Brasil, uma vez antes se tratava apenas de um estilo regional, especialmente nos Estados de Goiás e Mato Grosso.
Com o aparecimento de duplas como João Paulo e Daniel, Leandro e Leonardo, Zezé Di Camargo e Luciano, Chitãozinho e Xororó, Crystian e Ralf entre outras, a música sertaneja ganhou nova roupagem. A temática da roça cede espaço para o romantismo. As canções passaram a tratar do amor presente nos relacionamentos, das incertezas, das desilusões e também de sexo, de maneira suave e poética. O Eu lírico vivia numa busca incessante pela mulher amada visando consumar seus mais íntimos desejos. Essa foi a tônica dos anos 80 e 90 e, com certeza, modificou o olhar da própria música sertaneja para suas influências. Podemos, então, nomear esse momento como a segunda fase do Sertanejo.
Nos anos 2000 começou a adentrar nas paradas de sucesso pelo país afora músicas com temáticas voltadas para festas, bebedeira e pegação. Estourava aí o tal do Sertanejo universitário. Embora se tenha registro desse tipo de música em 1994, foi na primeira década do século XXI que o estilo invadiu os grandes centros e se tornou o preferido entre a população, perdurando até hoje. Com letras empobrecidas e com arranjos tecnicamente simplórios, essas canções surgiram para competirem com o Funk, disputando palmo a palmo para saber qual dos dois ritmos representa fielmente a decadência do cenário musical. Com pegada estritamente hedonista, o Sertanejo universitário tem um malfadado perfil corporativista: os cantores possuem o mesmo timbre, usam as mesmas roupas, falam da mesma forma, e as canções, geralmente, utilizam lá, lá, lê, lê e outros monossílabos para denotar a prática sexual nos refrãos, além de exaltarem as baladas e as bebidas, é claro. Um horror!
Seria injusto afirmar que todos os cantores desse famigerado gênero são sem talentos e se encaixam no perfil acima. Há exceções. Alguns são afinados e possuem repertórios menos dolorosos aos ouvidos, mas, via de regra, não se aproveita muito. A falta de originalidade é algo impressionante. Se não bastassem as canções serem monotemáticas, as vozes dos intérpretes parecem ter a mesma sonoridade, com os timbres padronizados. Até os falsetes são iguais. A imagem passada ao público é, os cantores divergentes desse padrão, ficarão eternamente no limbo. Pode se aproveitar algo das letras? Quase nada! Com raríssimas exceções, você encontrará uma música cuja letra propicie uma reflexão sobre algo. Talvez seja por isso que a apreciação dessas canções deva vir sempre acompanhada de uma boa dose de cerveja, pois, quando se está alterado, se aceita tudo, até o ruim. Os arranjos são até bem executados, principalmente àqueles da sanfona, mas é sabido que eles pertencem aos músicos de apoio, logo estão fora do pacote.
Entretanto, é honesto ressaltar: a decadência musical que assola o país nas últimas décadas não tem só o sertanejo universitário como contribuinte. Há outros tantos gêneros corroborando todo santo dia para a ruína do cenário. A moda universitária piorou a situação. Em tese, o brasileiro sempre foi adepto à música massiva. Por si só, isso não seria problema caso não existisse o culto à imbecilidade coletiva propagadas por essas músicas. A indústria fonográfica nos empurra goela abaixo esse tipo de conteúdo, fazendo-nos legitimar sua qualidade. Cabe a nós sermos mais criteriosos com aquilo que ouvimos. Enquanto ao velho e bom Sertanejo raiz — expressão essa criada justamente para diferenciar do Sertanejo universitário, esse ficará somente nas nossas lembranças, nos cds e discos antigos, nos lembrando um dia esse gênero musical nos emocionou e foi capaz de produzir canções de boa qualidade.