A IMPORTÂNCIA DECISIVA DAS MULHERES NA TRAJETÓRIA DE SUCESSO DE SIVUCA, O POETA DOS SONS

No dia 26 de maio de 2020, comemoramos os noventa anos do imortal SIVUCA.

Severino, como tantos outros Severinos, encantava-se com os sons do Maracatu e dos realejos quando criança em Itabaiana. Ainda adolescente, decidiu construir o próprio destino e se aventurou em Recife/PE, aproveitando as oportunidades que surgiam ( programa de calouros, festas, entre outras ).

Na trajetória de sucesso e do poeta dos sons, devemos lembrar que as mulheres foram decisivas e esse artigo visa a dar-lhes essa devida visibilidade e destaque.

A primeira delas foi a rainha do Baião, Carmélia Alves, que o conheceu em Recife/PE no final da década de 40, e o convidou para gravar um disco em São Paulo/SP. As portas foram abertas para conhecer pessoalmente grandes compositores e cantores da época, como Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga. Ainda na década de 50, participou dos shows da rainha do baião e gravou discos.

Como todos sabemos no mundo artístico, as oportunidades são maiores no eixo cultural Rio-São Paulo ( gravadoras, emissoras de rádio e de televisão a partir da década de 50 ). Logo, é fácil concluir como foi importante esse convite de Carmélia Alves para Sivuca viajar para a capital paulista.

Outra mulher de importância na trajetória de sucesso de Sivuca foi Carmem Costa, uma das divas da Bossa Nova. Para quem não sabe, ela participou do concerto histórico de Bossa Nova no Carnegie Hall em Nova Iorque em 1963.

Ela o convidou para ir aos Estados Unidos para acompanhar as apresentações da cantora. Uma vez aceito esse convite, Sivuca se depara com novas oportunidades para consolidar o sucesso internacionalmente. Nesse contexto, surge Miriam Makeba, a inesquecível “Mama Africa”, que o convida a assumir a direção musical dos discos a serem gravados. Com a cantora sul-africana, entre 1965 e 1969, gravou três discos e foi o arranjador instrumentista do sucesso internacional “Pata-pata”. Em 1966, o primeiro disco da parceria “All About Miriam” trouxe a interpretação pela cantora sul-africana de “Adeus, Maria Fulô”. No álbum seguinte, “Pata Pata” traz novamente a gravação da música já imortalizada na década anterior no Brasil.

E na década de setenta, quando retorna ao Brasil, conhece a talentosa Glorinha Gadelha que foi sua esposa e parceira musical até o falecimento dele. Ela compôs com Sivuca a inesquecível “Feira de Mangaio”, magistralmente interpretada por Clara Nunes. Durante várias décadas, Glorinha Gadelha não apenas compôs com o marido, ela também foi responsável pela produção e direção de vários discos de Sivuca. Pelo que foi observado, uma parceria de sucesso no amor e na arte.

Vejamos outros exemplos musicais dessa parceria: Energia, Te pego na mentira, Feira de Itabaiana, Quadrilha do bacurau, Vale do Rio do Peixe, São João de Sapoti, entre tantas outras.

Essas quatro mulheres foram decisivas no alavancar a carreira de Sivuca em momentos distintos da vida dele e merecem, portanto, nossa singela homenagem no ano dos noventa anos de Severino Dias de Oliveira, o inesquecível SIVUCA.

Pierre Andrade Bertholet em 25 de maio de 2020.

Professor da UFPB

PIERRE BERTHOLET
Enviado por PIERRE BERTHOLET em 25/05/2020
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