A melhor cantora do mundo cantou no Brasil

A MELHOR CANTORA DO MUNDO CANTOU NO BRASIL
Miguel Carqueija


“Quem não é a maior tem que ser a melhor.”
(dito popular)

Dia 19 de maio de 2018, sábado. Felizmente a chuva torrencial que desabou no Rio de Janeiro durante a tarde passou e o tempo firmou. Com Luiz e Ademi chego ao Vivo Rio, no final do Centro, onde já se encontra o Francisco. Nós quatro estávamos no Canecão em 5 de dezembro de 1987, e aí estamos de volta para assistir Rita Pavone, que finalmente retornou ao Brasil. Alyne e Léo, que também estiveram em 1987, não localizamos. Mas vimos outras pessoas conhecidas.
Rita no palco possui um carisma inigualável. Impressiona o seu modo de cantar, uma voz forte como a de um tenor, e que parece tão forte como em 1964, quando pela primeira vez ela cantou no Brasil, com 18 anos naquela época.
Já tenho dito muitas vezes: a voz de Rita Pavone é um milagre. Não só a potência mas o timbre a entonação. Ela possui uma expressividade ímpar, seu modo de se movimentar faz parte. Ela é bastante enérgica e mesmo que a idade já pese, parece uma adolescente de 72 anos.
No repertório canções antigas e novas, algumas em inglês. Rita é uma roqueira de primeira água e o público (o Vivo Rio estava lotado, uma multidão surpreendente) fica eletrizado, cantávamos com ela, na verdade muitos brasileiros aprenderam italiano com Rita Pavone. Emociona seu carro-chefe, “Cuore”, música cuja batida imita a batida do coração. “Comme te non c’e nessuno” é acompanhada pelo público. “A distância”, de Roberto e Erasmo Carlos, ela canta em francês (La distance) e também em espanhol. E vem “Sapore di sale”, “Datemi un martello”, “Alla mia etá” e a sensacional “La partita di palone”. Rita encerra com “Il geguegê”, do filme “O mosquito”.
Ela brinca com o público, as pessoas riem embora não se consiga entender tudo o que ela diz. Mas Rita é uma artista extremamente bem-humorada. Uma hora ela sentou no chão para conversar com a plateia. Sentou um pouco antes das caixas de som, mas levantou em seguida, chegou mais para a frente e posicionou-se mais visível, entre as duas caixas de som. E observou que as caixas eram maiores que ela (sic). E nas duas vezes em que se levantou, ela se ergueu facilmente; está bastante ágil para a idade.
Na verdade ela é uma alma iluminada pela graça divina. Sentimos em sua presença a sua luz, a sua energia. Ela é um espírito de paz e amor, por onde passa desperta emoções e afasta depressões. Ela é uma existência dedicada a fazer o bem e espalhar a arte e o amor.
Desta vez Rita veio ao Brasil acompanhada de seu filho mais novo, Giorgio, que estava completando esses dias 44 anos. Aliás o casamento de Rita com o empresário e cantor Teddy Reno, que a lançou profissionalmente em setembro de 1962, completou em março último 50 anos — talvez um recorde no meio artístico, ao menos em figuras tão conhecidas.
Este espetáculo, que encerrou a turnê de Rita Pavone no Brasil (Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Rio) será provavelmente inesquecível para todos os que lá foram. Um público fiel e entusiasmado que prova, Rita Pavone ainda é um ícone da música internacional e com inúmeros fãs brasileiros.

Rio de Janeiro, 21 de maio de 2018.

(imagem: Teatro Positivo, Curitiba, 15 de maio de 2018)