Uma vida abaixo de cão, para provar não ser cachorro não!
Waldick Soriano, nasceu a 13 de maio de 1933, em Caetité, Bahia. Fez o estilo do boêmio cantor de cabaré do Norte-Nordeste. Antes do microfone, foi lavrador, garimpeiro, motorista de caminhão, engraxate, sanfoneiro de feira e servente de pedreiro. Resolveu deixar sua cidade, após um fim de um noivado com uma professora, relacionamento este que não foi aceito pela família da moça. Foi tentar a vida no sudeste. Nos anos 50, emplacou seu primeiro sucesso: Quem És Tú, adotou o visual de Durango Kid, com roupas e óculos escuros. Em sua primeira turnê em Belém do Pará, conheceu Zelita, uma prostituta, que segundo relata em sua biografia, foi a sua primeira esposa. Ele, como os românticos do seu tempo, cantou o amor e as suas desilusões em simples boleros onde, imprimia a força avassaladora do seu canto, numa voz forte, que em certos momentos parece soluçar em choro.
Ao gravar o seu maior sucesso: Eu Não Sou Cachorro Não, o cantor, não imaginava que aquela letra de despedida, conotando a separação de um casal, estava ao mesmo tempo denotando uma forma de protesto contra o regime de exceção. Assim, para o slogan da época: Brasil: Ame-o ou Deixe-o! Na letra da canção de Waldick se ouve: Tu nãos sabes compreender quem te ama quem te adora, tu só sabes maltratar-me e por isso eu vou embora.
Dizia que cantava a dor de cotovelo e, esta só era vivida pelos fortes que não fugiam da dor. Os fracos, os mentirosos, eram os que se disfarçavam e fingiam nada sentir, os fortes viviam em plenitude: fumando, bebendo, brigando rezando, chorando suicidando-se, assumindo a tristeza de gente, de homem e de animal com sentimentos. Dizia que seu público era toda pessoa que gostava de viver suas dores, paixões, erros, desenganos e suas glórias e acertos.
Em 2005, Waldick e outros como Odair José, foram objeto de estudo pelo escritor Paulo César de Araújo, que reivindica aos críticos de música, uma posição coerente dentro da MPB para as obras desses cantores, tão apreciados pela massa do nosso país nas décadas de 1960 e 1970. Soriano, foi autêntico, porque viveu o que cantou. É considerado o maior ícone da música cafona de todos os tempos, sendo ídolo do folclórico humorista Falcão e reverenciado pela atriz Patrícia Pilar.
Waldick atuou em dois filmes: Paixão de um Homem de 1972; e O Poderoso Garanhão de 1974. Em suas capas de discos, ele sempre aparece bem vestido, portando charuto ou cachimbo, fazendo o charme do boêmio conquistador.