Chorões em Destaque
INTRODUÇÃO
Em nosso primeiro e anterior artigo “Choro Urbano e Mestiço” indicamos que iríamos destacar o tópico “Chorões em Destaque”, para que não ficássemos com artigo muito extenso.
Ou seja, este artigo é parte integrante do anterior e visa única e exclusivamente ilustrar com os nomes mais importantes dos chorões responsáveis pela criação, divulgação, consolidação do Choro e torna-lo definitivo como integrante da música brasileira.
JOAQUIM ANTÔNIO CALLADO (1848-1880)
Flautista carioca e figura central no nascimento do choro. É considerado um dos criadores do choro. Integrou “O Choro de Calado”, mais dois violonistas e outro no cavaco.
CHIQUINHA GONZAGA (1847-1935)
Carioca, tornou-se a primeira mulher compositora brasileira, a primeira pianista do choro e, também, a primeira maestrina brasileira. A mestiça Chiquinha Gonzaga foi a primeira chorona. Dentro das muitas composições que deixou destacam-se os chorinhos: “Atraente” e “Não Insistas Rapariga”
ERNESTO NAZARETH (1863 – 1934)
Pianista e compositor carioca, dono de talento único e estilo singular tem, até hoje, lugar à parte na música brasileira. Foi importantíssimo na criação da música popular urbana do país, miscigenando músicas de salão europeias e os elementos africanos.
Da extensa obra de Ernesto Nazareth são poucas as classificadas como Choro, como “Feitiço não Mata” e “Janota”. Entretanto, tornou-se grande compositor e nome do Tango Brasileiro, considerado subgênero do Choro.
Dentre a centena de tangos brasileiros de autoria de Ernesto Nazareth destacam-se: “Famoso”, “Favorito”, “Gemendo, Rindo e Pulando”, “Paulicéia como és Formosa” e “Vem cá Branquinha”.
Nazareth foi um músico que soube trabalhar tanto no estilo erudito quanto no popular com toque singular.
ZEQUINHA DE ABREU (1880 – 1935)
Pianista, compositor, instrumentista e regente paulista da cidade de Santa Rita do Passa Quatro.
Foi um grande divulgador do Choro, visto que sua composição mais famosa rompeu as fronteiras brasileiras e ganhou cenário internacional com Tico-Tico no Fubá interpretado por Carmem Miranda.
Assim como outros, como instrumentista divulgou o gênero em trabalhos diversos como em cinemas, dancings, bailes, casamentos e teatros, bem como com a venda das partituras de músicas.
PIXINGUINHA (1897-1973)
Flautista, saxofonista, compositor e arranjador carioca.
Considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, contribuiu diretamente para que o choro encontrasse forma musical definitiva.
Além de divulgar o Choro como instrumentista e componente de regional, deixou choros de sua autoria, dentre os quais: "Carinhoso", entre 1916 e 1917 e "Lamentos" em 1928.
WALDIR AZEVEDO (1923-1980)
Músico e compositor carioca.
Da flauta, para o violão, para o bandolim, a viola americana de quatro cordas, o banjo e enfim o cavaquinho.
Mestre do cavaquinho e pioneiro ao explorar de forma inédita as potencialidades do cavaquinho, promovendo-o do papel de mero acompanhante no choro ao papel de destaque como instrumento de solo.
Gravou em 1949, seu primeiro disco em 78 rpm, formado por dois choros. De um lado "Carlotinha" e do outro "Brasileirinho". Brasileirinho até hoje ainda é tocado e lembrado pelas novas gerações.
Durante a década de 1950, fez grande sucesso com composições como "Brasileirinho", "Pedacinhos do Céu", "Chiquita" e "Vê Se Gostas", e as composições de Waldir o projetaram internacionalmente.
Como teve grande atividade internacional, em especial por países da América do Sul e Europa, foi grande divulgador da música brasileira, em especial do chorinho e do baião.
JACOB DO BANDOLIN (1918 – 1969)
Músico e compositor carioca.
Principal referência brasileira no instrumento que virou parte de seu nome.
Jacob está para o bandolim como Waldir Azevedo está para o cavaquinho. Promoveu o bandolim de mero acompanhante para instrumento de solo. Colocou o bandolim como instrumento solista por excelência.
Com uma expressiva popularidade, Jacob, ajudou a divulgar o choro tradicional por meio de shows e Lp´s .
De sua autoria clássicos do choro como: “Vibrações”; “Doce de Coco”; “Noites Cariocas”; “Assanhado”; e “Receita de Samba”.
Os anos 1940 e 1950 foram de grande animação para o Choro. Nessa época aconteceu a mais saborosa das disputas entre Jacob e Waldir Azevedo.
No início da década de 1960 quando a Bossa Nova se tornou a paixão musical dos brasileiros, o Choro perdeu terreno. Jacob, então, na luta para não deixar o Choro cair no esquecimento, montou um grupo de feras, o popular Época de Ouro. Formado por: nas cordas – Dino 7 Cordas; César Faria; Carlos Fernandes de Carvalho Leite; e Jonas Pereira da Silva; na percussão – Gilberto D’Ávila; e Jorginho.
Com esse conjunto alcançou grande popularidade.
ALTAMIRO CARRILHO (1924 – 2012)
Músico, compositor e flautista fluminense de Santo Antônio de Pádua.
Considerado por muitos como o melhor solista flautim do mundo e como um dos maiores na história do instrumento. Com sua genialidade na flauta transversa tornou-se lenda do Chorinho.
Difundiu o Choro com suas apresentações em mais de quarenta países e pelo Brasil com apresentações com conjunto de Choro por ele criado.
Compositor de versatilidade extraordinária, são de sua autoria cerca de 200 músicas dos mais variados ritmos e estilos. Dentre seus Choros, destacam-se: “Aeroporto do Galeão”; “Bem Brasil”; Beija-Flor”; “Chorinho do Rodrigo”; “Flauteando na Chacrinha”; e “Vivaldino”.
Paulo César de Farias, o Paulinho da Viola (1942 - )
Músico, cantor e compositor carioca. Consegue, ao mesmo tempo, ser um excelente instrumentista, um compositor genial e um sensível poeta.
Provavelmente, seu talento deve ter sido influenciado ao Choro por seu pai César Faria um dos Chorões do conjunto Época de Ouro de Jacob do Bandolim, e pelos encontros de Chorões em sua casa.
Seus sambas e choros trazem inovações melódicas e harmônicas, sempre desenvolvendo, modernizando e evitando que estes gêneros fiquem congelados no tempo.
Além de promover o Choro com suas composições e apresentações, realiza shows de Choro em casa noturna no Rio de Janeiro.
Dentre os Choros de sua autoria destacam-se: “Choro Negro”; “Cochichando”; “Inesquecível”; ”Romanceando”; “Rosa Essa Menina”; e “Sarau para Radamés”.
Fazendo injustiça por não mencionar tantos outros destacamos entre os mais atuais, a partir de 1950: Raphael Rabello; Hamilton Holanda; e Yamandú Costa.
E o Choro continuará, pois são muitos os músicos bem jovens que fazem parte de grupos de Chorões e continuam a nos brindar com essa música símbolo primeiro de nossa diversidade resultante desse caldeirão étnico, o Brasil.
FONTES
LIVRO:
Chorinho Brasileiro – Como Tudo Começou – Carla Aranha
SITES:
almanaquefolha.uol.com.br;
pt.wikipedia.org; e
revelacaoonline.uniube.br.