Brasil: A evolução do samba nas décadas de 1930 e 1940

O maior intérprete de sambas-canções nos anos 40 foi Orlando Silva. De origem humilde (trabalhava como trocador de ônibus), foi levado ao rádio por Francisco Alves e se tornou um grande cantor não somente nesse estilo, mas em todos os gêneros musicais populares à época, valsas e choros. Era a fase de grandes intérpretes como Vicente Celestino, Silvio Caldas e Augusto Calheiros. Deste período, destacaram-se sambas-canções como “Último desejo” letra de Noel Rosa, “Menos Eu” de Roberto Martins e Jorge Faraj, “Amigo leal” de Benedito Lacerda e Aldo Cabral e “Eu Sinto uma Vontade de Chorar” de Dunga.

Depois de um período de grande sucesso nas emissoras de rádios da década de 1930, as marchinhas e os sambas carnavalescos começaram a perder hegemonia. Na década seguinte começou a se destacar o conteúdo passional. Ritmos estrangeiros como a balada, o bolero, a guarania e o tango. Com isso o nosso samba-canção, foi muito influenciado no período por esses gêneros citados. A indústria fonográfica, especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, ampliava-se e procurava crescer ainda mais no mercado nacional. O público comprador de discos no Brasil, era formado principalmente da classe média urbana cada vez mais influenciada pelos costumes do American way of life. Neste contexto, a indústria de discos brasileira estimulou uma nova roupagem comercial do samba-canção, adaptado às influências musicais vindas de fora e bastante tocadas nas rádios brasileiras no período.

Lançada entre julho e agosto de 1946 na voz de Dick Farney, “ Copacabana” letra de João de Barro e Alberto Ribeiro, é considerada pelo estudioso Ary Vasconcelos como o marco dessa nova fase do samba-canção - com "Dick Farney cantando em português com a entonação de cantores americanos como “Crosby e Sinatra”. O bairro de Copacabana, por sinal, tornou-se um dos principais redutos desse novo samba por sua vida noturna intensa de boates e cabarés.

O samba-canção passou a ser vinculado como música de "dor-de-cotovelo" e a excessos sentimentais. As melodias expandiam-se em contornos mirabolantes, enquanto o acompanhamento exibia soluções orquestrais dramáticas. Era o amor no ar, repetindo os seus eternos contrastes e como sempre despertando emoções em cada época.

Nesta fase, despontaram Lupicínio Rodrigues com “Vingança, Nervos de aço, Ela Disse-me Assim, Nunca, Loucura, Sozinha”; Antonio Maria, com “Ninguém me Ama, Se Eu Morresse Amanhã de Manhã, Quando tu Passas por Mim - esta última composta com Vinicius de Moraes, Herivelto Martins e Dolores Duran.

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