Brasil: A influência sonora do povo sobre a elite.
Nessa caminhada pela estrada da música popular do nosso país veremos que a massa popular tanto pode ser influenciada, como pode influenciar nas criações sonoras. Mas se alguém perguntar quem influenciou mais eu me arrisco a dizer que foi o massa que começou com a brincadeira.
Heitor Villa Lobos e Mário de Andrade estiveram no passado pesquisando a essência das manifestações sonoras nas classes mais populares do nosso país e registrando aquele sentir como a verdadeira alma nacional. E aí vem a pergunta: Será que a voz do povo é mesmo a voz de Deus? Alguns dirão que sim, outros que não. Já uns terceiros podem dizer ainda que a maioria da população não tem cultura, que a massa é alienada, que a mídia é que impõe o gosto etc e tal. E eu digo que dentro do ser humano há um sentir, que se identifica com o belo, e que questão de gosto não se discute. Contudo sei que alguém purista pode até afirmar que questão de mau se discute sim e que existem obras requintadas, e outras de péssima qualidade. Admito as razões de cada um, mas afirmo por último que a “beleza atrai, e o que agrada serve de preferência”. O filósofo Platão dizia que a beleza é a única ideia que resplandece no mundo. Segundo este pensador, somos obrigados a admitir a existência do "belo em si". Creio que o julgamento de beleza depende tão somente da presença ou ausência de prazer em nossas mentes, e que todos os julgamentos de beleza são verdadeiros, e todos os gostos são válidos. Aquilo que depende do gosto e da opinião pessoal não pode, nem deve ser discutido racionalmente...
No início da República Brasileira a única mídia que existia no nosso país era o jornal e pelo que sei ele não estava interessado em ditar normas musicais para ninguém. Mas as primeiras gravações para gramofone feitas no nosso território eram de canções engraçadas e picantes, criações da plebe para rico ouvir diga-se de passagem. Empresários são empresários e, pelo que sei visam lucro, e os daquela época certamente não estavam fazendo experimentos sem razão, eles deviam ter conhecimento do que seria agradável aos ouvintes e é claro que visavam vender. Os relatos da época nos dizem que naquele tempo a elite tinha sua música europeia e seus teatros com peças importadas. Já a população mestiça e mais pobre fazia suas manifestações nos subúrbios onde se misturava ao batuque dos negros. Daí vinham as nova danças com suas quebradas e requebros que tanto iam fazer corar de vergonha alguns conservadores brasileiros e deleitar o público francês. E pasmem, tudo isso se deu com o ritmo do maxixe bem antes da primeira grande guerra.
Continua no próximo artigo.