Torna-se canção.
Quando a música aceita o poema, torna-se canção, e caminham lado a lado em melodia, e juntos contam seus segredos.
A música é uma espécie de poema sem letra, as suas palavras estão nos acordes, e que as vezes pede uma companhia.
O "carmine", como se chamava na antiga Roma, um poema musicado, e daí o nome "Carmen", que é o nome da minha mãe. Talvez eu seja o filho de uma canção...!
Ontem, Dylan foi agraciado com o Nobel de Literatura, alguns torceram o nariz, mas eu não. O fato é que estamos em outros tempos, onde o leque chamado "literatura" finalmente se abriu. A poesia, a canção, a carta, o livro, a crônica...enfim, o verbo, tudo é literatura, e sempre foi.
Literatura vem do latim " littera", que significa "letra", a arte de escrever, e não somente a de escrever livros.
Quando escrevo uma canção deixo-me levar pela melodia, e as palavras vão aparecendo e se encaixando, às vezes dá trabalho, mas sempre vale muito a pena.
Bob Dylan é um poeta contemporâneo, com seu estilo folk-pop, de muita sensibilidade , foi casado com a excelente cantora Joan Baez, quando eram jovens e o mundo oferecia diferentes temas para se compor: A Guerra do Vietnã ,o racismo escancarado, o choque de gerações , o movimento hippie, etc...
Ontem, a "canção" foi premiada, pela primeira vez os escritores de livros , entre eles o próprio Dylan, foram deixados de lado, mas só um pouquinho, pois a arte de escrever não tem limites, nem fórmulas, nem estilos enquadrados, é aberta, pertence ao todos, a quem deseja ouvir os ecos do mundo.