A elitização do funk
O funk no brasil está imersivamente ligado as comunidades mais carentes. Movimento esse que surgiu na década de 80 em comunidades cariocas e que apareceu como um protesto sobre os problemas sociais ligados a elas. Não demorou para a mídia relacionar o funk com a criminalidade, pois era também usado por milícias, como o comando vermelho, que o usava como forma de mandar mensagens para quadrilhas de comunidades rivais ligadas ao tráfico de drogas.
Na década de 90 com a expansão do funk, surgiu sua romantização, com influencia da música americana, como o miami bass, que trazia músicas mais erotizadas e batidas mais rápidas. Não demorou muito e o funk explodiu nos anos 2000 com os proibidões, assim causando uma popularização pelo Brasil, principalmente nas comunidades paulistas. Ainda assim tratado com preconceito por ser uma cultura ligada ao pobre,
o funk também deu voz as mulheres, explicitando o machismo ligado ao som, assim surgindo grandes influenciadoras como a Valesca Popozuda e a Mc carol, mas isso só fica explicito a partir de 2010.
Com o surgimento do funk ostentação, o funk paulista ganha maior espaço na camada cultural, o que foi o primeiro passo para a elitização do mesmo, com garotos de comunidades ganhando voz e conseguindo enriquecer com novas mídias, e por assim dizer “ostentando” seus artigos de luxo, fica explicito que o pobre perdeu espaço, mas de que forma isso influenciou nas “quebradas”? O pobre que não tem condições de ostentar, também ouve a mesmas músicas dos que tem, e assim causa um desejo de ostentar também, de mostrar que tem, assim influenciando-os a entrar para a criminalidade para conseguir alcançar esse nível que dificilmente alcançariam se não escolhessem esse caminho.
Mas essa não é a questão aqui, a questão é, quando o funk deixou de ser música de preto, de favelado, e virou música de branco, elitizado? No ano de 2015 vimos a ascensão colossal de um funkeiro em específico, vulgo Mc Bin Laden, que até então direcionava suas músicas ao público mais pobre, os dos famosos bailes. Mas como ele elitizou o seu funk? Com a música “Ta tranquilo, ta favorável” que não criou identificação com o jovem pobre, mas sim conquistando a elite, “que ta suave final de semana”, criando assim ainda mais a distancia do funk e suas raízes mais humildes.