Sola, fané, descangayada...
...se assuste não leitor que não for familiar com a linguagem do tango. É quase tudo operado no tal dialeto lunfardo, que tomava conta da boemia portenha, mas que acabou ganhando a intelectuália de Paris, New York, etc.
As três palavras acima são da abertura do famoso tango Esta noche me emborracho, interpretado por Carlos Gardel, provavelmente gravado nos anos vinte. Metendo-as no google, você chega à letra da canção completa e para traduzir o que não for de imediato compreendido, recorra ao Diccionario Lunfardo, que explicado tudinho, e picadinho.
Trata-se de um tango com forte dose de emoção e drama, e basicamente é a história do reencontro de um frequentador da noite com a antiga amante e de decepções aos borbotões, ao se dar conta do quão judiada a ex-amada se encontrava.
Uma das passagens mais críticas é quando ele revela que apenas dez anos antes, para alimentar os seus caprichos ele chegara a cortar o pão à velha...numa alusão ao desamparo em que deixara a própria madrecita.
E fugido daquela fantasmagoria, é na bebida então que ele se metia.
(O autor, que bem podia ser confundido com o nosso Pai da Aviação, é Enrique Discépolo, um dos mais prolíficos compositores argentinos de tango.)