A LIBERDADE... O CONHECIMENTO... A ARTE... O PREÇO... "A Era de Ouro do Rádio". - sétima e última parte (final).

“A Era de Ouro do Rádio”

7ª parte – (parte b).

A História da Rádio Nacional.

Surge a Rádio Nacional, PRE-8, no Rio de Janeiro. A rádio foi adquirida, por apenas 50 contos de réis, da antiga Rádio Philips. A vinheta inaugural era uma bela melodia, tocada por vibra fone, seguida por uma voz tranquila de um locutor, que anunciava o prefixo e o nome da emissora. A Nacional se tornaria, durante muito tempo, um marco na história do rádio, com seus programas de auditório, suas comédias, seus musicais e suas radionovelas.

Entre o final dos anos 30 e a primeira metade dos anos 50 a Nacional seria uma das líderes de audiência do rádio brasileiro, em todo o país, sendo um desempenho até hoje insuperado por qualquer emissora de rádio, mesmo operando em rede.

A Rádio Nacional exportava sua programação do então Distrito Federal (Rio de Janeiro), que era gravada e dias depois transmitida, em outras cidades brasileiras. Havia também programas regionais nas emissoras que recebiam programas da Nacional, e a emissora carioca acabava se tornando escola para muitas rádios brasileiras.

Nessa época as pessoas poderiam ir para os estúdios das rádios, verdadeiros teatros, para assistir ao vivo à programação realizada. Era época de grandes emoções, em que as pessoas podiam ver pessoalmente os comunicadores em ação. A Nacional funcionou também como uma mídia criadora de grandes ídolos, estabelecendo correspondência entre eles e os fãs e promovendo concursos, como o célebre "A Rainha do Rádio", que consagrou diversas cantoras, como Emilinha Borba, Marlene, Dalva de Oliveira e Ângela Maria.

Criou o primeiro hype destinado ao público feminino: o cantor Cauby Peixoto, que, apesar dos recursos artificiais de projeção na mídia, se tornou reconhecido, de fato, como um cantor de talentosa voz e de um notável carisma.

A emissora também foi a pioneira das rádionovelas, tendo iniciado o estilo com a novela "Em Busca da Felicidade", em 12 de julho de 1941.

A novela durou três anos e foi sucedida pela célebre "O Direito de Nascer", que mais tarde seria levada para a televisão. As rádionovelas lançaram mão de um tipo de profissional interessante, o sonoplasta. Este profissional, que hoje é também registrado pela lei como radialista, é o que faz todos os efeitos sonoros que ajudam na dramatização das histórias, simulando desde sons de sapatos de quem sobe uma escada, até mesmo trovoadas, vendaval e chuvas, passando por passos de cavalos, etc..

Veja aqui o texto do jornalista Sérgio Cabral sobre a Rádio Nacional, publicada na revista Realidade de junho de 1972. Ele destaca o auge da emissora, a partir do sucesso do “Programa César de Alencar”, um dos que tiveram maior audiência nos anos 40 e 50.

Uma observação: o texto aparece como foi publicado na revista, daí que Cauby aparece como Caubi, respeitando a grafia utilizada pelo autor.

A Rádio Nacional lembra-se?

Uma estação de rádio, com um elenco maior do que o de qualquer emissora de televisão no Brasil. Você tem mais de 25 anos? Então ela faz parte de sua vida.

Sérgio Cabral.

Extraído da revista Realidade, n. 75

São Paulo, Abril, junho de 1972.

Praça Mauá, nº 7, Rio de Janeiro. Sábado, 14h 58. Dentro de dois minutos estará no ar o maior programa de todos os tempos do rádio brasileiro.

A Rádio Nacional transmite alguns anúncios, depois de ter apresentado o “Consultório Sentimental”, de Helena Sangirardi, e a reprise do “Balança, Mas Não Cai”, cuja audiência de 35 pontos no Ibope é incrível, tendo em vista que o programa foi apresentado ontem à noite.

O auditório de pouco mais de seiscentos lugares está superlotado. No mínimo, umas mil pessoas aguardam ansiosas o início do programa. Seu apresentador e principal responsável, César de Alencar, acerta com um dos produtores, Hélio do Soveral, os últimos detalhes para que tudo ocorra bem. A orquestra, com os integrantes todos sentados e o maestro Chiquinho, com seu enorme lenço no bolsinho de cima do paletó, preparado para comandar os primeiros acordes do prefixo do “Programa César de Alencar”.

No ar, o último jingle comercial: é a “Valsa do Phimatosan”, composta por Lourival Marques, que retirou a melodia de uma música europeia do século passado (séc. XIX). O operador acende a luz vermelha indicando que, dentro de quinze segundos, estará no ar o “Programa César de Alencar”.

Milhões de aparelhos de rádio, em todas as cidades brasileiras, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, estão ligados, oferecendo uma audiência esmagadora. Aliás, o ponteiro desses aparelhos poucas vezes sai da Rádio Nacional.

Hoje também é dia do jogo Vasco e Flamengo, o clássico dos milhões, reunindo as duas maiores torcidas cariocas no estádio do Maracanã. Todas as estações de rádio do Rio de Janeiro, até algumas de outros Estados, estão no Maracanã, para transmitir a partida.

Menos a Rádio Nacional, líder também de audiência na transmissão esportiva: sábado à tarde, pode haver jogo da Seleção Brasileira, que a Nacional não deixa de transmitir o “Programa César de Alencar”.

ESTA CANÇÃO

NASCEU PARA QUEM QUISER CANTAR

ATÉ CANSAR

É SÓ BATER

E DECORAR

PARA RECORDAR

VOU REPETIR O SEU REFRÃO

PREPARE A MÃO

MAIS UMA VEZ

ESTE PROGRAMA PERTENCE A VOCÊS.

"Alô, alô, alô. Boa tarde, ouvintes; bom tarde, auditório. Agradeço a sua presença no auditório, sem a qual não faria nem a metade de nosso programa. A primeira parte do “Programa César de Alencar” é aquela que leva a chancela das meias Dixon - conforto e durabilidade. Fabricada em Juiz de Fora, porém à venda em todo o Brasil. Para abrir a parte musical, aí veio a mais recente contratação da Rádio Nacional: Jorge Veiga!"

O sambista surge com seu terno branco de linho S-120, sapatos de verniz, em meio a uma impressionante gritaria do auditório. E, como de hábito, antes de cantar a sua música, dirige-se aos aviadores: - Alô, alô, aviadores do Brasil. Aqui fala Jorge Veiga, da Rádio Nacional. Queiram dar os seus prefixos para guia das nossas aeronaves.

Uma fortaleza voadora da Força Aérea Brasileira, com catorze pessoas a bordo, depois de atravessar a selva amazônica, tentava pousar no aeroporto de Campo Grande (Mato Grosso*), que estava inteiramente às escuras.

Eram 11h15 da noite, quando seu comandante conseguiu comunicar-se com a Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, à qual transmitiu o drama que estava vivendo.

Um dos oficiais da Base, que recebeu a comunicação, telefonou imediatamente para a Rádio Nacional e, minutos depois, um locutor transmitia uma mensagem para Campo Grande, uma cidade distante 2000 quilômetros do Rio de Janeiro: "Atenção, Campo Grande; atenção, Campo Grande, em Mato Grosso. Uma fortaleza voadora da FAB precisa aterrar. O campo de pouso está às escuras. Atenção, Campo Grande, Mato Grosso".

Às 23h45, o avião pousava no aeroporto iluminado pelos faróis de dezenas de automóveis que ouviram o apelo da Rádio Nacional.

César de Alencar, calça azul-marinha, blusão branco, sorridente, comandando uma equipe de quase duzentas pessoas, entre cantores, músicos, locutores, contrarregras, operadores, radiatores.

O seu programa acaba de comemorar o décimo aniversário numa festa no estádio do Maracanãzinho, com um público de mais de 20.000 espectadores. Cearense, começou a sua carreira sob a orientação de Renato Murce, seu colega de emissora e responsável pelos programas “Papel Carbono” e “Piadas do Manduca”. Além de César, Renato foi quem iniciou a carreira de radialistas como Ari Barroso, Ismênia dos Santos, Saint Clair Lopes, Luiz Gonzaga, Araci de Almeida, Barbosa Júnior, Dilermando Reis.

Do seu “Papel Carbono”, programa de calouros, saíram: José Vasconcelos, Os Cariocas, Ângela Maria, Rogéria (**), Carlos Augusto, Venílton Santos, Claudete Soares, Ivon Curi, Dóris Monteiro, Alaíde Costa, Elen de Lima, Baden Powell, Dolores Duran e Chico Anísio. "Ladrão, ladrãozinho devolva a minha medalha e fique com o resto de jóias e com o dinheiro. Prometo que nada lhe farei".

O ladrão Waldemar de Oliveira, que havia roubado uma pulseira, um relógio cravejado de brilhantes, uma medalha e algum dinheiro, ouviu no “Programa César de Alencar” o apelo de sua vítima, a cantora Rogéria, e compareceu ao Distrito Policial para devolver o roubo.

Ela fazia questão da medalha de ouro, porque a recebera de presente de uma pessoa que tivera o cuidado de colocar na jóia a seguinte frase: "Um dia, quem sabe?"

A Nacional continua disparada na liderança de audiência. É ouvida por todos, até pelos ladrões, apesar as previsões de um astrólogo, o professor William Ramayana (o atual homem dos júris de televisão, José Fernandes), para a revista Radiolândia, de que a emissora teria um ano terrível, pois, além de sofrer um incêndio, a Rádio Mayrink Veiga lhe passaria à frente.

No entanto, mesmo se levando em conta os aparelhos desligados, o Ibope acusa: 42.5 para a Nacional; 10.5 para a Tupi; 8 para a Tamoio e 7 para a Mayrink Veiga.

- E agora, todos de pé: aí vem Caubi Peixoto!

FOTÓGRAFOS CERCAM CAUBI MAS NÃO FOTOGRAFAM.

O auditório entra em delírio. Os ouvintes quase não percebem que Caubi está cantando uma versão de “Blue Gardenia” porque o barulho da platéia é maior do que o da sua voz. Ele agradece jogando beijos, enquanto algumas fãs sobem ao palco e lhe colocam faixas.

Em março de 1949, Babi de Oliveira, produtora do programa “A Hora do Comerciário”, da Rádio Mauá, dava uma entrevista à “Revista do Rádio” sobre os novos valores que surgiram em seu programa e chamava atenção particularmente para um cantor: "Temos um rapaz, ótimo cantor de sambas que assegura seu êxito em qualquer dos nossos estúdios". O rapaz era Caubi Peixoto, que só cinco anos depois "asseguraria seu êxito", graças a um espetacular lançamento através da Rádio Nacional, planejado pelo compositor Di Veras, seu primeiro empresário.

Algumas apresentações no “Programa César de Alencar” foram suficientes para que se transformasse num dos maiores ídolos populares. Os cronistas de rádio o escolheram como a Revelação de 1954 e neste ano já era uma das atrações mais caras do rádio brasileiro: CR$ 50.000,00 por apresentação.

As cartas confirmam a sua popularidade. Em junho de 1954, recebera 2.245 correspondências, perdendo apenas para Emilinha Borba (2.995), mas vencendo Marlene (2.223). Em agosto, porém, alcançou o primeiro lugar com 3.052 cartas, contra 2.544 para Emilinha Borba e 2.325 para Marlene.

É o resultado do primeiro trabalho de um empresário nos termos americanos. Di Veras havia lido nas revistas algumas coisas sobre os métodos de lançamento de Frank Sinatra, Dick Haynes e outros cantores dos Estados Unidos e resolveu aplicá-los no Brasil.

Pagou a algumas fãs para desmaiarem no auditório e contratou uma equipe de fotógrafos profissionais para acompanhar Caubi Peixoto em todos os lugares onde cantasse.

Não precisava fotografar, bastava espoucar o flash. Ficou tão animado com a experiência, que decidiu repeti-la no próprio país onde aprendera o método, os Estados Unidos.

E para lá foi com Caubi. De lá enviava fotografias do cantor ao lado de artistas famosos de cinema e a primeira página de jornais com o nome de Caubi na manchete. Aliás, já não era mais Caubi e sim Ron Cobby, pois Peixoto era difícil para os americanos pronunciarem. Só que os jornais não eram os verdadeiros, mas aqueles destinados principalmente a turistas que pagam uma pequena importância e lhes dão a primeira página de um jornal com seus nomes na manchete.

Além disso, a “Revista do Rádio” e “Radiolândia” eram informadas de que Caubi fazia grande sucesso nos Estados Unidos, onde contratos milionários lhe eram oferecidos.

A CRIANÇA CHOROU

DORME, DORME, MENINA.

TUDO CALMO FICOU

MAMÃE TEM AURISSEDINA.

O locutor Afrânio Rodrigues, o "Touca de Aço", lê um comercial e o microfone é novamente entregue a César de Alencar, que anuncia Gregório Barrias, cujos boleros são vendidos aos milhões no Brasil. É mais uma atração internacional apresentada no programa. Aliás, não há cantor estrangeiro que venha ao Brasil e deixe de comparecer ao programa.

Só houve um caso: Jacqueline François, que concordou somente em cantar no estúdio. Apesar disso, numa sexta-feira à noite, o auditório foi aberto para ela, que receberia inclusive uma homenagem. A cantora Marlene lhe entregaria orquídeas depois de fazer a seguinte saudação: Jacqueline: ofereço-lhe estas flores em nome da direção da Rádio Nacional e de seus artistas. São flores que traduzem a nossa imensa alegria e a honra de vê-la cantando aqui - você que é a gloriosa expressão da música francesa. “Vive La Frange".

Não houve nada disso, Jacqueline cantou mesmo no estúdio e o público presente a via apenas pelo vidro (ela de costas para a platéia).

A Rádio Nacional e o patrocinador dos programas de Jacqueline, o incorporador de imóveis Santos Vahlis, cancelaram imediatamente o seu contrato, por causa da atitude da cantora. A questão repercutiu nos jornais e alguns colunistas deram razão a Jacqueline, pois não tinha nada que cantar para o que chamavam de "macacas de auditório".

A “Revista do Rádio” defendeu a Nacional, o mesmo acontecendo com a “Radiolândia”, que, em editorial, afirmou que o público era seleto e enobrecia qualquer ambiente, "mesmo porque o público que comparece às sextas-feiras na Nacional é variado e distinto". - E agora, a cantora que canta e dança diferente: Marlene!

Segundo um antigo funcionário da Nacional, a sociedade brasileira está dividida em emilinistas e marlenistas. É impressionante a popularidade dessas cantoras. “Radiolândia” foi ver quem é a mais popular no Congresso e o resultado foi o seguinte: marlenistas, os deputados Manuel Barbuda, Benjamim Farah e Novais Filho, além do senador Juraci Magalhães; emilinista, apenas o senador socialista Domingos Velasco; votaram nas duas os deputados Frota Aguiar, Carlos Lacerda, Dalton Coelho, Nestor Duarte, Afonso Arinos e os senadores Apolônio Sales e Kerginaldo Cavalcanti.

Marlene - Quatro horas da manhã.

Sai de casa o Zé Marmita.

Pendurado na porta do trem.

Zé Marmita vai e vem.

Breque do auditório - Marlene é a maior.

Embora cantando com grande sucesso no “Programa César de Alencar”, o forte de Marlene é “Programa Manoel Barcelos”, às quintas-feiras. Ficou mais ou menos estabelecido que um fosse para Emilinha e outro para Marlene, uma cantora que começou a enfrentar a liderança de sua rival ganhando o título de Rainha do Rádio, em 1949, com 529.982 votos, custando CR$ 1, 00 cada um.

É verdade que contou com o apoio da Companhia Antarctica Paulista (***), que lançava na época o guaraná Caçula.

A Rainha do Rádio seguinte foi Dalva de Oliveira. Até 1950, era uma cantora razoavelmente conhecida, sem muita penetração popular. Mas o espetacular rompimento com seu marido, Herivelto Martins, fez com que ela não cantasse mais no “Trio de Ouro”, do qual Herivelto era o líder, mas sozinha. E mais: as suas músicas, com letras alusivas à separação, comovem os fãs e suas apresentações no “Programa César de Alencar” passam a ser tão barulhentas quanto as de Emilinha e Marlene.

Enquanto Herivelto Martins é vaiado no “Teatro João Caetano”, as músicas de Dalva de Oliveira estouram nas paradas de sucesso, num recorde dificilmente igualado na história de nossa música popular:

Primeiro lugar – “Tudo Acabado”;

Segundo lugar – “Errei, Sim”;

Terceiro lugar – “Que Será”.

Todas as três gravadas por Dalva de Oliveira, que acabou sendo eleita Rainha do Rádio com 311.107 votos.

Em 1951 não houve Rainha, mas em 1952 venceu Mary Gonçalves, uma cantora paulista contratada pela Nacional e que aparecia muito nos filmes da Atlântida. Em 1953 com mais de 1 milhão de votos, a Rainha foi Emilinha Borba (o resultado financeiro do concurso era aplicado na construção do Hospital dos Radialistas, sob a responsabilidade da Associação Brasileira de Rádio). Em 1954 a Rainha do Rádio foi Ângela Maria. E foi eleita a melhor cantora do ano pela crítica e ganhou o título de “Rainha dos Músicos do Brasil”. Em 1955, a Rainha foi Vera Lúcia e, em 1956, Dóris Monteiro.

DORES? GUARAÍNA CORTA A DOR.

E NÃO ATACA O CORAÇÃO.

O “Programa César de Alencar” prossegue. Apesar do grande sucesso, seu apresentador ainda não está satisfeito, pois seu velho sonho de ser diretor da Rádio Nacional ainda não foi concretizado. Numa mudança de governo, quem sabe? Agora, porém, ele está concentrado no programa. E anuncia uma bela cantora que a Nacional foi buscar em Lisboa: Ester de Abreu.

Ester está com muito prestígio. O prefeito da cidade do Rio de Janeiro, general Dulcídio do Espírito Santo Cardoso, apaixonou-se por ela e ficaram noivos. O pessoal todo da Nacional compareceu à festa do noivado com muitos presentes. O produtor Paulo Roberto (programas: “Gente que Brilha”, “Lira de Xopotó”, “Honra ao Mérito”, “Obrigado, Doutor”, “Nada Além de Dois Minutos”) fez um discurso em nome dos colegas da emissora. O noivado durou dois anos, depois dos quais o general casou com outra.

César de Alencar quer diversificar o programa, introduzindo quadros humorísticos. E chama Brandão Filho, Apolo Correia e Alcino Diniz para um sketch escrito por Ghiaroni. Afinal, por que não aproveitar o setor de radioteatro da Nacional?

Agora mesmo, esse setor perdeu um de seus principais astros, o radiator Rodolfo Mayer, mas o diretor do Departamento Artístico, Floriano Faissal, não ficou muito preocupado, tal a quantidade de astros e estrelas que permanecem na Rádio.

Rodolfo Mayer foi para a Rádio Tupi em condições consideradas astronômicas: CR$ 200.000,00 de luvas e salário mensal de CR$ 60.000,00 por um período de dois anos. O Boletim da Nacional, distribuído à imprensa, dá a informação da saída de Rodolfo com certa dose de autossuficiência: "Rodolfo Mayer sai da Nacional sem rancores nem inimizades. Dá-se apenas que recebeu uma proposta irrecusável: a direção da Nacional concordou em que ele fosse buscar aquela herança para voltar daqui a dois anos".

Rodolfo era importante, mas como poderia sentir a sua saída uma emissora que tem sob contrato radiatores como Álvaro Aguiar, Celso Guimarães, Domício Costa, Domingos Martins, Floriano Faissal, Hemilson Fróes, Mário Lago, Paulo Gracindo e Roberto Faissal?

Aliás, apesar dos grandes programas musicais e de auditório, é nas novelas que a audiência alcança índices impressionantes, como a das 8 horas da noite, que já deu 92 pontos no Ibope.

- Homens de rádio da Europa e dos Estados Unidos que nos visitam saem daqui dizendo que aprenderam conosco. (Floriano Faissal)

A SONOPLASTIA SOFISTICADA

FAZ O OUVINTE VER AS NOVELAS.

Além da equipe, o Departamento de Radioteatro da Nacional possui um estúdio cheio de objetos os mais variados destinados a produzir sons durante a transmissão das novelas:

Portas de rua, de automóvel, de armário e de aço; janelas de todos os tipos; portões de ferro, apitos de navio, de trem, de lancha, de guarda de trânsito e de contramestre de veleiro; tábuas especiais para tirar sons de passos leves, pesados, secos e retumbantes; escadas rangentes, facas, espadas, bengalas, rodas de ferro, rodas de madeira que imitam a cantilena dos carros de boi ou o som de um mastro de navio que se quebra; louças, cristais, fichas de jogo, panos de seda, cascas de coco seco que reproduzem ruídos de patas de cavalo; pios para imitar sapos e grilos; ramos secos de coqueiro para dar idéia de folhagem; folhas de papel celofane dentro de um saco (esfregado com a mão dá a impressão de um incêndio enorme); pregos, serrotes, martelos, campainhas dos mais variados tipos, telefones, além de um conjunto de madeira do qual se tira o som de soldados em marcha. Há também o guarda-chuva que se abre e fecha dando o som do farfalhar de um grande pássaro; comprimidos efervescentes dentro da água que dão a idéia de milhares de formigas devorando uma pessoa. O som do tiro de revólver sai de uma martelada numa espoleta.

Há de se considerar o talento dos radiatores e radiatrizes: no 22º capítulo da novela “Num Cantinho do Mundo”, de Eurico Silva, o diretor Floriano Faissal bateu palmas para a interpretação da radiatriz Ísis de Oliveira (****). O operador acompanhou os aplausos e o público ouviu aquelas palmas sem entender a razão.

- A cena era perigosíssima. Ísis teria que exagerar, mas não tanto que caísse no ridículo. E ela foi na medida certa. (Floriano Faissal)

O radioteatro começou na Rádio Nacional três meses após a sua inauguração, com a transmissão de diálogos humorísticos ou não, intercalando números musicais. Isso foi em dezembro de 1936.

Mas só em agosto de 1937 é que estreou o “Teatro em Casa”, com a irradiação de peças completas.

A novela em capítulos teve início no dia 5 de junho de 1941, às 10 e meia da manhã: - Senhoras e senhoritas... O famoso Creme Dental Colgate apresenta... O primeiro capítulo da empolgante novela de Leandro Blanco, em adaptação de Gilberto Martins: “Em Busca da Felicidade”.

Os patrocinadores, para conquistarem ouvintes, prometeram fotografias dos artistas e um álbum com o resumo do enredo para quem enviasse o pedido acompanhado de um rótulo Colgate. No primeiro mês chegaram 48.000 pedidos e os patrocinadores tiveram que parar a promoção. “Em Busca da Felicidade” durou dois anos e foi substituída por “O Romance e Glória Marivel”, do mesmo autor.

Depois vieram “Predestinados”, “Fatalidade”, “Maldição”, “Renúncia”, e foram aparecendo diversos autores brasileiros e a Nacional passou a transmitir 14 novelas por dia.

ELA É LINDA.

AAAAH!

MAS É NOIVA.

OOOOH!

USA PONDS!

AAAAN!

César de Alencar está feliz. O maestro Radamés Gnatalli fez especialmente para o seu programa um arranjo sobre músicas de Ari Barroso. O próprio Radamés assume a orquestra como regente e, pela primeira vez, a platéia faz silêncio.

Para o locutor Aurélio de Andrade, um dos fundadores da emissora, a parte musical talvez seja o principal fator de sucesso da Rádio. - Certas músicas gravadas com um pequeno acompanhamento são transmitidas na Rádio com uma orquestra imensa e arranjos feitos pelos nossos melhores maestros.

Os maestros: Radamés Gnatalli, Romeu Fossati, Severino Filho, Zimbres, Lyrio Panicalli, Moacyr Santos, Eduardo Patané, Alberto Lazzoli, Gustavo de Carvalho, Francisco Duarte (Chiquinho), Romeu Ghipsman, Leo Perachi, Alexandre Gnatalli, Ercole Vareto e Francisco Sergi.

A orquestra: 35 violinos, nove violas, seis violoncelos, nove contrabaixos, sete flautas, quatro oboés, um corne inglês, três clarinetes, dois clarones, dezessete saxofones, onze pistões, nove trombones, cinco bateristas, cinco guitarras, quatro pianos, uma harpa, quatro trompas, uma tuba, um bombardino, um acordeão e onze ritmistas.

Há também dois conjuntos regionais com um total de onze instrumentistas e solistas individuais: Chiquinho (acordeão), Carolina Cardoso de Menezes (piano), Abel Ferreira (clarinete e saxofone), Luperce Miranda (bandolim), Jacob Bittencourt (bandolim) (*****), Luiz Americano (clarinete), Dilermando Reis (violão), Carlos Matos (violão), Jorge Lenny (órgão) e Amirton Valim (piano).

Paulo Tapajós, diretor musical da Rádio, dispõe de todos esses recursos para os grandes programas musicais, como “Um Milhão de Melodias”, “Festivais GE”, “Cancioneiro Royal”, além dos especiais com os cantores da casa, como Orlando Silva, Ivon Curi, Caubi Peixoto, Silvio Caldas e outros.

É verdade que, de vez em quando, a orquestra cresce sem muita necessidade, como se verificou quando o Senhor Café Filho assumiu a presidência da República e nomeou o Senhor Marcial Dias Pequeno para superintendente das Empresas Incorporadas da União (às quais pertence a Rádio Nacional) e o jornalista Odylo Costa, filho, para a direção da emissora.

Circularam boatos de que a nova direção faria cortes drásticos na Rádio, mas o Senhor Marcial Dias Pequeno desmentiu. Ou melhor: confirmou apenas duas demissões, a do famoso tenente Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal do presidente Getúlio Vargas, e do Senhor Roberto Alves, também integrante da guarda, ambos envolvidos no atentado ao Sr. Carlos Lacerda, que resultou no assassinato do major Rubem Vaz.

Eram contratados como clarinetistas da orquestra: Gregório ganhando CR$ 30.000,00 por mês e Roberto Alves, CR$ 15.000,00, embora - segundo o Senhor Marcial Dias Pequeno - não soubessem "nem assobiar".

NA SUA CASA TEM BARATA?

NÃO VOU LÁ.

NA SUA CASA TEM MOSQUITO?

NÃO VOU LÁ.

NA SUA CASA TEM PULGA?

NÃO VOU LÁ.

PEÇO LICENÇA PARA MANDAR,

DETEFON EM MEU LUGAR.

A Rádio Nacional vive seus grandes dias. César de Alencar sonha em dirigi-la para ter o prestígio de um Gilberto Andrade ou Vítor Costa. O primeiro, seu diretor-geral de 1940-1946, além de ter dinamizado a programação, aumentou a potência do transmissor de ondas médias, criou as ondas curtas, instalou novos estúdios e contratou alguns dos principais astros da emissora. O nome de Vítor Costa é mais ligado à parte comercial.

A prova do êxito do seu trabalho é a fortuna que fez com as comissões das contas de publicidade que levou para a Nacional. Deixou-a em 1954 e comprou a Rádio Mundial do Rio de Janeiro, a Nacional de São Paulo e outras do interior do Brasil, fundando a Organização Vítor Costa.

Deu o seu Cadillac "rabo de peixe" e mais CR$ 900.000,00 em troca de um Rolls-Royce que pertenceu a Getúlio Vargas, cujo preço é calculado em CR$ 2.000.000,00.

A VOTAÇÃO PARA O CRAQUE ADEMIR,

SÓ FOI MENOR QUE A DE JÂNIO.

Milhares de cartas chegaram diariamente dirigidas a programas e a artistas. Uma seção com seis funcionários cuida especialmente da correspondência e, muitas vezes, tem que recorrer a funcionários de outros setores, como ocorreu quando o programa “No Mundo da Bola” instituiu um concurso para que o ouvinte dissesse qual o jogador de futebol de sua preferência, enviando o nome do craque num envelope de “Melhoral”.

O vencedor foi Ademir, do Vasco da Gama e da Seleção Brasileira, com 5.304.935 votos. O total de envelopes de “Melhoral” chegados à Nacional foi de 19.105.856. Em matéria de eleição no Brasil, o jogador Ademir só perdeu, em quantidade de votos, para o Sr. Jânio Quadros.

O Instituto de Criminologia do Distrito Federal (+), dirigido pelo famoso criminalista Roberto Lyra, acaba de diagnosticar uma nova doença, à qual deu o nome de "doença do rádio". Justificativa: "Ao ouvirem permanentemente o seu artista preferido, as mocinhas criam em suas mentes o romance com que sonham. E como não conseguem, na maioria das vezes, atrair o objeto de sua paixão, passam à fraude, ao artifício, às mistificações, donde as denúncias caluniosas tão frequentes ultimamente no Rio de Janeiro".

Talvez o Instituto tenha razão. Afinal, vários cantores e radiatores têm sido denunciados na imprensa como pais de filhos de fãs e alguns chegam até a serem agredidos, como Ivon Curi, que teve o seu carro quebrado por uma admiradora em apaixonada fúria.

A direção da Rádio Nacional, porém, não concordou com o diagnóstico do Instituto de Criminologia e veio a público lembrando os programas culturais, entre os quais o “Grande Teatro De Millus”, com a transmissão de peças de Shakespeare, Gogol, Eugene O'Neill e Garcia Lorca, radiofonizadas por Dias Gomes. E “O Seu Criado, Obrigado”, escrito por Lourival Marques e apresentado por César Ladeira e Nilza Magrassi?

Mais de 200.000 cartas por ano com perguntas sobre os assuntos para serem respondidas as segundas, quartas e sextas à tarde, logo depois do “Repórter Esso”, da “Crônica da Cidade” e da novela.

Não pode ser esquecido também o papel da Rádio Nacional durante a guerra, quando havia um programa especialmente dirigido aos nossos soldados que lutavam na Itália. Seus familiares enviavam as mensagens que desejassem, sem qualquer problema. Ou melhor: havia um, a choradeira de todo mundo, inclusive dos produtores, locutores e técnicos, como no dia em que uma menina disse ao pai pelo microfone que fazia quinze anos naquele dia e que gostaria muito que ele estivesse presente à festinha.

Uma emissora com nove diretores, 240 funcionários administrativos, dez maestros, 33 locutores, 124 músicos, 55 radiatores, 39 radiatrizes, 52 cantores, 44 cantoras, dezoito produtores, um fotógrafo, treze informantes, cinco repórteres, 24 redatores e quatro secretários de redação não poderia ser apontada como causadora de doenças sociais.

Além disso, quando há programas de baixo nível, eles são imediatamente retirados do ar. O “Acredite Se Quiser” (escrito pelo futuro membro da Academia Brasileira de Letras, Raimundo Magalhães Júnior), cuja idéia era copiada do “Incrível”, “Fantástico”, “Extraordinário”, de Almirante (++), contava casos de aparição de fantasmas, o que, para a direção da rádio, era "prejudicial aos ouvintes menos esclarecidos ou de mais acentuada instabilidade psíquica, tornando-se, portanto, desaconselhável do ponto de vista da higiene mental".

“PASTILHAS VALDA”,

“PASTILHAS VALDA”,

EMILINHA É A MAIOR.

“PASTILHAS VALDA”,

“PASTILHAS VALDA”,

EMILINHA É A MAIOR.

César de Alencar - Está no ar o big show “Parada dos Maiorais”. Veremos quais as músicas e os intérpretes que estão galgando os degraus da fama. O programa está chegando ao fim, César vai apresentando as músicas colocadas na parada de sucesso e se prepara para anunciar Emilinha Borba, com a qual encerrará o programa de quatro horas.

Num outro estúdio da Rádio, Jorge Curi e Antônio Cordeiro já sentados à frente do microfone, prontos para iniciarem mais um “No Mundo da Bola”, através do qual os ouvintes saberão o resultado do jogo entre Vasco da Gama e Flamengo. No auditório, César, Emilinha e o público encerram a festa num barulho só.

CÉSAR HOJE (1972): PROGRAMAS DE TV,

AOS SÁBADOS À TARDE.

Maio de 1964. Não existe mais o “Programa César de Alencar”. O seu apresentador fez tudo para ser diretor da Rádio Nacional e não conseguiu.

Gravou até os jingles de Miguel Gustavo para a campanha do Sr. João Goulart para vice-presidência da República ("Na hora de votar / Dona de casa vai jangar / É Jango, é Jango / É João Goulart"), compareceu aos seus comícios, mas, ao assumir a presidência (+++), seu candidato não lhe reconheceu os esforços.

Veio a Revolução de 1964 e César (junto com os locutores Hamilton Frazão e Celso Teixeira) denunciou vários colegas como inimigos do novo regime e 36 foram demitidos.

Mas não foi nomeado diretor e perdeu o programa.

Abril de 1972. Paulo Tapajós, ainda diretor musical da Nacional, entra no banheiro da emissora e vê centenas de embrulhos amontoados uns sobre os outros. Naquele dia, consultara o Boletim do Ibope e verificara que está difícil para a Rádio subir do quarto lugar em que está colocada há muitos anos: longe, muito longe da Globo, primeira colocada, e não faz qualquer ameaça à Tupi, segundo lugar, ou à Mundial, terceiro.

Fala-se até em fechamento da Nacional, enquanto os funcionários mais antigos tratam da aposentadoria.

Nem mesmo as obras e o serviço de limpeza dão ânimo ao pessoal. Desapareceram as teias de aranha, as rachaduras na parede, mas os ouvintes se esqueceram dos programas da Nacional.

Tapajós, há mais de trinta anos trabalhando na mesma emissora, mete o dedo num dos embrulhos e rasga o papel. Olha e vê que dentro deles há discos de acetato. Sendo diretor musical da Rádio, quer saber que discos são aqueles. E viu: gravações dos programas “Gente Que Brilha”, “Tancredo e Trancado”, “A Hora do Pato”, “Festivais GE”, “Programa César de Alencar” e outros, jogados num canto do banheiro, respingados de urina.

NOTAS DO EDITOR DO SITE:

(* ) Desde 1978, portanto seis anos após a publicação deste texto, o estado correspondente é Mato Grosso do Sul, divisão do antigo Estado do Mato Grosso.

(**) Não confundir com o famoso travesti que atua na TV, cinema e teatro até hoje.

(***) Atual AMBEV.

(****) Não confundir com outra atriz, de uma geração mais recente e que vem a ser a irmã da modelo Luma de Oliveira.

(*****) Vem a ser conhecido como o célebre Jacob do Bandolim.

(+) Município do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, é hoje capital do Estado homônimo.

(++) Compositor e radialista, Almirante integrou, no final dos anos 20, o “Bando dos Tangarás”, no qual integravam também Noel Rosa e João de Barro (o "Braguinha").

(+++) João Goulart se tornou presidente depois da renúncia de Jânio Quadros.

Observações do escriba:

1ª – Produtos Eucalol - Era uma empresa brasileira que produzia e vendia produtos de higiene pessoal como pasta de dentes, talco e sabonetes. Foi fundada pelos irmãos imigrantes alemães Paulo e Ricardo Stem. Os sabonetes Eucalol tinham como uma das matérias-primas o Eucalipto e por isto certos sabonetes tinham a cor esverdeada. A princípio os brasileiros não simpatizaram muito com a cor do sabonete. Para aumentar a vendagem os fabricantes anexaram aos sabonetes as famosas estampas colecionáveis, nas quais eram contadas histórias muito interessantes. Naturalmente as vendas aumentaram muito.

2ª – A Coca-Cola foi fundada em maio de 1886 (129 anos), pelo farmacêutico e inventor estadunidense John Pemberton. No Brasil a Coca-Cola chegou por volta de 1942. A primeira fábrica da Coca-Cola foi instalada No Rio de Janeiro. A fórmula exata da Coca-Cola é um segredo industrial, e nem sequer são conhecidas quais as matérias-primas são usadas para a sua fabricação. Alguns estudiosos afirmam que na Coca-Cola existe uma substância cancerígena. Muitos médicos, nutrólogos e nutricionistas não recomendam o seu uso. Pessoalmente não sou simpatizante da Coca-Cola. Eu recomendo aos meus pacientes o uso de água de côco e, sobretudo o uso do suco de côco. É só misturar a água do côco à carne do côco e passar no liquidificador. É natural e extremamente nutriente.

3ª – Futebol - Bem antes do surgimento da televisão, o futebol foi muito popularizado no Brasil, através da radiodifusão. Daí o surgimento no Brasil, do “País do Futebol”, da “Pátria de Chuteiras”, do “Celeiro de Craques” e de outros “epítetos”. Após a Copa das Copas de 2014, após a Alemanha - Dó, Ré Mi, Fá, Sol, Lá, Si x Brasil – Dó, é que constatamos que o Brasil não é o país do futebol, não é a pátria de chuteiras e nem é celeiro de craques, coisíssima nenhuma.

Na verdade, o que vemos na atualidade, na grande maioria dos casos, são chutadores de bolas, e, de péssima qualidade.

Se de um lado vemos a “Vênus Platinada”, fazendo do futebol o ópio do povo, do outro lado, vê-se a TV Record, fazendo da religião o ópio do povo.

De um terceiro ângulo, constatamos que o Brasil é o país da corrupção epidêmica, de banqueiros gananciosos e, mais das vezes desonestos, de empreiteiras corruptoras, de numerosos políticos desonestos, capitaneados por um desgoverno apodrecido, repleto de oportunistas, de sindicalistas, de grevistas, e de perseguidores fascistas. O desgoverno do (P)artido dos (T)rambiqueiros, não vai além do apodrecido Partido dos Trambiqueiros.

4ª – Companhia Antarctica Paulista – Foi fundada em 1885 por alemães e dinamarqueses.

5ª – Gessy – Também ligada à indústria de produtos de higiene. O sabonete Gessy não nos deixa mentir.

6ª – Repórter Esso – A Esso é ligada à indústria petrolífera, à indústria criminosa de automóveis, à indústria criminosa de motocicletas, à indústria de acidentes mortais ou deformantes de trânsito, à indústria de autopeças, à indústria de muitos medicamentos venenosos, e á indústria de inúmeros outros produtos nocivos à saúde.

7ª – Aurisedina ou Aurissedina – Também ligada à Indústria Farmacêutica.

8ª – Colgate – O creme dental Colgate também é ligado à indústria de higiene pessoal e provavelmente ligada à Indústria Farmacêutica.

9ª – DETEFON – No Brasil, o inseticida detefon surgiu através do Instituto de Medicamento Fontoura, fundado em 1915, pelo farmacêutico Cândido Fontoura. Hoje está banido o seu uso. O laboratório Fontoura parece ter sido o primeiro laboratório a comercializar a penicilina no Brasil, o famigerado antibiótico capaz de curar todas as enfermidades. Ou seja, é a famosa “bala mágica” que combate todas as infecções do mundo. O referido laboratório Fontoura fabricava também o famoso “Biotônico Fontoura”, altamente indicado para a população infantil. Outra panacéia que não curava nada. Placebo puro.

10ª – Melhoral – Também muito conhecido como ASPIRINA ou AAS. O ácido acetilsalicílico foi sintetizado pelo laboratório alemão BAYER em 1899. O ácido acetilsalicílico foi o 1º fármaco a ser sintetizado na história da farmácia e não recolhido na sua forma final da natureza. Dizem que foi a primeira criação da Indústria Farmacêutica. Antigamente era muito utilizado para combater a febre e como analgésico. Nos dias atuais é igual a BOM-BRIL. Possui “maravilhosas” mil e uma utilidades.

11ª – Pastilhas Valda – Foi desenvolvida na França em 1902. Deve ter chegada ao Brasil pouco tempo depois. Dizem que é bom para a garganta. Como adoro meus perfumados e saborosos cigarros Hollywood original, dispenso as pastilhas Valda. Para mim é bem melhor uma cerveja bem gelada.

12ª – O nome de CARTOLA também não apareceu na 7ª parte (ou sétima versão). Então... “As Rosas Não Falam” ou “As Rosas Falam”. Tudo bem, tudo bem e tudo bem. Acontece que eu “Falo Com as Rosas”. Ponto final.

13ª – Alô leitores. E a pílula do câncer, hein! E a corrupta da ANVISA, repleta de petistas, tem condições científicas de resolver alguma coisa? Tem coisa nenhuma corja de ladrões!

14ª - Ao escrevermos um pouco sobre “A Era de Ouro do Rádio”, tivemos e temos como objetivo: a – Resgatar um pouco da história de CARTOLA. b – Relembrar um pouco das músicas da época. c – Continuar combatendo as Indústrias Farmacêuticas. d – Preparar três PEN-DRIVES com melodias para pessoas da 3ª, da 4ª e da 5ª idade. E tenho pressa. Acabei de falar com as rosas. As rosas estão mandando beijos perfumados para todas (os) as (os) escritoras (os) do RECANTO das LETRAS.

Se DEUS nos permitir voltaremos outro dia. Boa leitura e bom dia.

Aracaju, quinta-feira, 05 de novembro de 2015.

Jorge Martins Cardoso – Médico – CREMESE – 573.

Fontes: (1) – Dra. Internet. (2) – Dr. Google. (3) – Dra. Wikipédia. (4) – Fábio Pirajá. (5) – Outras fontes.