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MINHAS DEZ CANÇÕES PREDILETAS
Brasileiras
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Todos nós temos nossas preferências e na área musical isso se torna ainda mais forte, pois sinto a música como a companheira de todos os momentos, sejam bons, sejam ruins, sejam apenas momentos. Pensando assim, resolvi divulgar as minhas dez canções brasileiras prediletas, apresentadas aqui na ordem mais significativa, portanto, “Construção”, de Chico Buarque, é a minha favorita de todo o universo musical brasileiro.
1 – CONSTRUÇÃO (Chico Buarque de Hollanda)
Chico Buarque compôs esta canção no ano de 1971, em pleno regime ditatorial brasileiro. A letra possui um aspecto narrativo, além de um caráter cíclico e comparativo. O trabalho que Chico faz com as proparoxítonas na última palavra de cada verso é simplesmente mágico. O trecho final, intermediado com “Deus lhe pague” – cantado pelo MPB-4 – é mais um achado de Chico. Desnecessário me alongar. Uma obra prima da música brasileira, verdadeiro clássico.
2 – CARINHOSO (Pixinguinha e João de Barro)
Música de Pixinguinha, com letra de João de Barro, foi gravada com grande sucesso por Orlando Silva. Composta entre 1916 e 1917, teve também um registro inesquecível feito por Elis Regina, além de ter sido tema da novela Carinhoso, na década de 1970. É uma singela declaração de amor de um ser apaixonado e um pedido para que a amada venha sentir todo o seu carinho, afinal seus olhos sorriem quando a veem.
3 – SAMBA DA BÊNÇÃO (Vinícius de Moraes e Baden Powell)
Se há uma música que me conquistou para sempre desde que a ouvi pela primeira vez, esta se chama “Samba da Bênção”, composta por Baden Powell (melodia) e Vinícius de Moraes (letra), que acabou sendo uma das agradáveis surpresas musicais de 1965, ano de seu lançamento. A melodia e o arranjo em si são de uma simplicidade incrível, evidenciando que o belo não precisa, em momento algum, ser sofisticado. É nesta canção que Vinícius cita uma de suas frases mais famosas e que é lembrada até hoje: “A vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro pela vida”.
4 – MEUS TEMPOS DE CRIANÇA (Ataulfo Alves)
Coube ao miraiense Ataulfo Alves dizer numa melodia que o presente deve ser intensamente vivido, para revivê-lo com satisfação no futuro pelo fato de ter sido um lindo passado. “Meus tempos de criança” foi composta em 1957 e em 1968 ele confessou ao cantor e sambista Roberto Silva ter sido esta a sua melhor composição. Até hoje provoca saudades e emoções em quem viveu a época bela da vida. Como ele diz ao final da letra: “eu era feliz e não sabia”.
5 – LUAR DO SERTÃO (Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco)
“Luar do Sertão”, composta em 1910, é uma canção que, com seus versos simples e ingênuos, elogia a vida no sertão, especialmente o luar. A canção é atribuída ao maranhense Catulo da Paixão Cearense, que defendeu por toda a sua vida que era seu único autor. Porém, sempre existiu uma polêmica que dizia ser João Pernambuco o autor da melodia e Catulo apenas da letra. Leandro Carvalho, um estudioso da obra de João Pernambuco, declarou: “Por onde João andava, Catulo estava atrás, anotando tudo; foi o que aconteceu com Luar do Sertão: Catulo ouviu, mudou a letra e disse que era sua”. Tal polêmica, porém, serviu para divulgar ainda mais a canção.
6 – OUTRA VEZ (Isolda)
Muitos ainda confundem e atribuem a composição desta canção a Roberto e Erasmo Carlos. Mas quem a compôs foi Isolda, nascida em 1957 na cidade de São Paulo. “Outra vez” foi composta em 1977 e transformou-se num grande sucesso na voz de Roberto Carlos (um de seus maiores hits). O arranjo interpretado por Simone também fez grande sucesso. A letra possui uma sensibilidade muito grande e é uma declaração de amor incondicional, de modo que a maioria de quem viveu um grande amor gostaria de poder falar ao ex-amado(a). A frase “você foi a mentira sincera, brincadeira mais séria que me aconteceu” é histórica e emociona só de ler.
7 – CORAÇÃO DE ESTUDANTE (Milton Nascimento e Wagner Tiso)
Duas canções de Milton Nascimento estão intimamente ligadas. “Coração de Estudante” foi lançada em 1983 e logo se fez um grande sucesso na voz do próprio Milton. Com parceria de Wagner Tiso, tornou-se o hino das Diretas Já, o movimento sócio-político de reivindicação por eleições diretas, em 1984, após 20 anos de governos militares e eleições indiretas, onde os principais representantes do povo eram indicados pelo regime. Além disso, foi também a canção que marcou os funerais de Tancredo Neves, em 1985. Já em “Canção da América” Milton teve como parceiro Fernando Brant, sendo composta em 1979 e lançada em 1980 no álbum “Sentinela”, de Milton. Versa sobre a amizade e foi o tema de fundo dos funerais de Ayrton Senna, em 1994. Acabou ganhando o caráter de Hino à Fraternidade. Foi difícil decidir entre as duas, mas o sentido de liberdade influiu diretamente na minha escolha por “Coração de Estudante”.
8 – ÁGUAS DE MARÇO (Tom Jobim)
Lançada inicialmente em 1972 num compacto simples, foi posteriormente incluída no álbum Matita Perê, de 1973 (um disco clássico e uma obra-prima de Tom). Em 1974, uma versão belíssima, em dueto com Elis Regina, foi lançada no álbum Elis & Tom, o que alavancou ainda mais a canção, que também possui versão em inglês, feita pelo próprio Tom Jobim. Na pesquisa realizada pela edição brasileira da revista Rolling Stone, em 2009, “Águas de Março” ocupa o segundo lugar, atrás de “Construção”, de Chico Buarque de Hollanda. Em 2001 havia sido eleita como a melhor canção brasileira de todos os tempos, numa pesquisa do jornal Folha de São Paulo.
9 – ASA BRANCA (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)
Um baião composto em 1947 por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. A asa branca é uma espécie de pombo também conhecido como pomba-pedrês, ave muito resistente, mas que, em virtude da seca do nordeste se vê obrigada a migrar para outras regiões. Esse é o tema da canção, a seca intensa do Nordeste Brasileiro, que chega a matar. A versão mais famosa é a cantada pelo próprio Luiz Gonzaga, mas foi também gravada por vários outros intérpretes, incluindo-se aí, Elis Regina, Fagner, Maria Bethânia, Caetano Veloso e Raul Seixas (com este em inglês e português), entre outros.
10 – SAUDOSA MALOCA (Adoniran Barbosa)
Composta por Adoniran Barbosa em 1951, “Saudosa Maloca” é considerada a sua porta de entrada para o rol da fama dos compositores brasileiros. Na composição, ele cita dois personagens fictícios – o Matogrosso e o Joca – criados pelo próprio Adoniran, que viram seu barraco destruído pelos “homi das ferramenta que o dono mandou derrubá e fumo pro meio da rua apreciá a demolição”. Sentiam então uma tremenda tristeza a cada “tauba” que caía. Adoniran era mestre em popularizar palavras em suas letras e grande parte de seu sucesso deve-se aos “Demônios da Garoa” que interpretaram várias músicas do mestre, cujo nome verdadeiro era João Rubinato, natural de Valinhos/SP.
Estas são as minhas dez canções brasileiras favoritas de todos os tempos. Como me dispus a selecionar apenas dez, muitas ficaram de fora, também verdadeiras preciosidades, como por exemplo: Detalhes (Roberto e Erasmo), Roda Viva e Pedro Pedreiro (Chico Buarque), Garota de Ipanema (Tom e Vinícius), Nervos de Aço (Lupiscínio Rodrigues), Sinal Fechado (Paulinho da Viola), entre tantas. O que lamento é não haver nada de mais novo que possa ser enquadrado na categoria de boa música. Infelizmente já não se produzem mais canções como antes. Uma pena.
Nota: Não é sem motivo que aqui em Santos/SP uma das emissoras de rádio mais ouvidas chama-se... “Saudade FM”.
1 – CONSTRUÇÃO (Chico Buarque de Hollanda)
Chico Buarque compôs esta canção no ano de 1971, em pleno regime ditatorial brasileiro. A letra possui um aspecto narrativo, além de um caráter cíclico e comparativo. O trabalho que Chico faz com as proparoxítonas na última palavra de cada verso é simplesmente mágico. O trecho final, intermediado com “Deus lhe pague” – cantado pelo MPB-4 – é mais um achado de Chico. Desnecessário me alongar. Uma obra prima da música brasileira, verdadeiro clássico.
2 – CARINHOSO (Pixinguinha e João de Barro)
Música de Pixinguinha, com letra de João de Barro, foi gravada com grande sucesso por Orlando Silva. Composta entre 1916 e 1917, teve também um registro inesquecível feito por Elis Regina, além de ter sido tema da novela Carinhoso, na década de 1970. É uma singela declaração de amor de um ser apaixonado e um pedido para que a amada venha sentir todo o seu carinho, afinal seus olhos sorriem quando a veem.
3 – SAMBA DA BÊNÇÃO (Vinícius de Moraes e Baden Powell)
Se há uma música que me conquistou para sempre desde que a ouvi pela primeira vez, esta se chama “Samba da Bênção”, composta por Baden Powell (melodia) e Vinícius de Moraes (letra), que acabou sendo uma das agradáveis surpresas musicais de 1965, ano de seu lançamento. A melodia e o arranjo em si são de uma simplicidade incrível, evidenciando que o belo não precisa, em momento algum, ser sofisticado. É nesta canção que Vinícius cita uma de suas frases mais famosas e que é lembrada até hoje: “A vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro pela vida”.
4 – MEUS TEMPOS DE CRIANÇA (Ataulfo Alves)
Coube ao miraiense Ataulfo Alves dizer numa melodia que o presente deve ser intensamente vivido, para revivê-lo com satisfação no futuro pelo fato de ter sido um lindo passado. “Meus tempos de criança” foi composta em 1957 e em 1968 ele confessou ao cantor e sambista Roberto Silva ter sido esta a sua melhor composição. Até hoje provoca saudades e emoções em quem viveu a época bela da vida. Como ele diz ao final da letra: “eu era feliz e não sabia”.
5 – LUAR DO SERTÃO (Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco)
“Luar do Sertão”, composta em 1910, é uma canção que, com seus versos simples e ingênuos, elogia a vida no sertão, especialmente o luar. A canção é atribuída ao maranhense Catulo da Paixão Cearense, que defendeu por toda a sua vida que era seu único autor. Porém, sempre existiu uma polêmica que dizia ser João Pernambuco o autor da melodia e Catulo apenas da letra. Leandro Carvalho, um estudioso da obra de João Pernambuco, declarou: “Por onde João andava, Catulo estava atrás, anotando tudo; foi o que aconteceu com Luar do Sertão: Catulo ouviu, mudou a letra e disse que era sua”. Tal polêmica, porém, serviu para divulgar ainda mais a canção.
6 – OUTRA VEZ (Isolda)
Muitos ainda confundem e atribuem a composição desta canção a Roberto e Erasmo Carlos. Mas quem a compôs foi Isolda, nascida em 1957 na cidade de São Paulo. “Outra vez” foi composta em 1977 e transformou-se num grande sucesso na voz de Roberto Carlos (um de seus maiores hits). O arranjo interpretado por Simone também fez grande sucesso. A letra possui uma sensibilidade muito grande e é uma declaração de amor incondicional, de modo que a maioria de quem viveu um grande amor gostaria de poder falar ao ex-amado(a). A frase “você foi a mentira sincera, brincadeira mais séria que me aconteceu” é histórica e emociona só de ler.
7 – CORAÇÃO DE ESTUDANTE (Milton Nascimento e Wagner Tiso)
Duas canções de Milton Nascimento estão intimamente ligadas. “Coração de Estudante” foi lançada em 1983 e logo se fez um grande sucesso na voz do próprio Milton. Com parceria de Wagner Tiso, tornou-se o hino das Diretas Já, o movimento sócio-político de reivindicação por eleições diretas, em 1984, após 20 anos de governos militares e eleições indiretas, onde os principais representantes do povo eram indicados pelo regime. Além disso, foi também a canção que marcou os funerais de Tancredo Neves, em 1985. Já em “Canção da América” Milton teve como parceiro Fernando Brant, sendo composta em 1979 e lançada em 1980 no álbum “Sentinela”, de Milton. Versa sobre a amizade e foi o tema de fundo dos funerais de Ayrton Senna, em 1994. Acabou ganhando o caráter de Hino à Fraternidade. Foi difícil decidir entre as duas, mas o sentido de liberdade influiu diretamente na minha escolha por “Coração de Estudante”.
8 – ÁGUAS DE MARÇO (Tom Jobim)
Lançada inicialmente em 1972 num compacto simples, foi posteriormente incluída no álbum Matita Perê, de 1973 (um disco clássico e uma obra-prima de Tom). Em 1974, uma versão belíssima, em dueto com Elis Regina, foi lançada no álbum Elis & Tom, o que alavancou ainda mais a canção, que também possui versão em inglês, feita pelo próprio Tom Jobim. Na pesquisa realizada pela edição brasileira da revista Rolling Stone, em 2009, “Águas de Março” ocupa o segundo lugar, atrás de “Construção”, de Chico Buarque de Hollanda. Em 2001 havia sido eleita como a melhor canção brasileira de todos os tempos, numa pesquisa do jornal Folha de São Paulo.
9 – ASA BRANCA (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)
Um baião composto em 1947 por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. A asa branca é uma espécie de pombo também conhecido como pomba-pedrês, ave muito resistente, mas que, em virtude da seca do nordeste se vê obrigada a migrar para outras regiões. Esse é o tema da canção, a seca intensa do Nordeste Brasileiro, que chega a matar. A versão mais famosa é a cantada pelo próprio Luiz Gonzaga, mas foi também gravada por vários outros intérpretes, incluindo-se aí, Elis Regina, Fagner, Maria Bethânia, Caetano Veloso e Raul Seixas (com este em inglês e português), entre outros.
10 – SAUDOSA MALOCA (Adoniran Barbosa)
Composta por Adoniran Barbosa em 1951, “Saudosa Maloca” é considerada a sua porta de entrada para o rol da fama dos compositores brasileiros. Na composição, ele cita dois personagens fictícios – o Matogrosso e o Joca – criados pelo próprio Adoniran, que viram seu barraco destruído pelos “homi das ferramenta que o dono mandou derrubá e fumo pro meio da rua apreciá a demolição”. Sentiam então uma tremenda tristeza a cada “tauba” que caía. Adoniran era mestre em popularizar palavras em suas letras e grande parte de seu sucesso deve-se aos “Demônios da Garoa” que interpretaram várias músicas do mestre, cujo nome verdadeiro era João Rubinato, natural de Valinhos/SP.
Estas são as minhas dez canções brasileiras favoritas de todos os tempos. Como me dispus a selecionar apenas dez, muitas ficaram de fora, também verdadeiras preciosidades, como por exemplo: Detalhes (Roberto e Erasmo), Roda Viva e Pedro Pedreiro (Chico Buarque), Garota de Ipanema (Tom e Vinícius), Nervos de Aço (Lupiscínio Rodrigues), Sinal Fechado (Paulinho da Viola), entre tantas. O que lamento é não haver nada de mais novo que possa ser enquadrado na categoria de boa música. Infelizmente já não se produzem mais canções como antes. Uma pena.
Nota: Não é sem motivo que aqui em Santos/SP uma das emissoras de rádio mais ouvidas chama-se... “Saudade FM”.
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