Autores Musicais no Brasil São Desrespeitados
Autores Musicais no Brasil
São Desrespeitados
Eu venho de um tempo, como diria minha avó, (eu também sou avó), em que a autoria musical era respeitosamente sagrada. A menção acima: minha avó, é para reafirmar que essa atitude de respeito ao autor musical transcende os séculos. Lembro-me nos anos 60 e 70, em que a tentativa de plágio era recorrentemente denunciada, gerando polêmica, tipo: “é, plágio, não é, foi, não foi“, e no mínimo desmoralizava o usurpador da criação do colega. Poderia ser “roubada” a mesma melodia, ou também partes dessa melodia. Muitas vezes era difícil provar, tamanha era o cuidado, para se chegar a real prova de que o compositor foi plagiado.
Nem somente o autor era defendido nas suas criações, mas seus sucessos eram respeitados até nas suas raízes, falando-se de suas influencias musicais, que autor lhe influenciou, cidade ou estado de origem, antevendo a cultura musical que originou. Tipo: de onde vem aquele ritmo.Numa época em que a informação está muito mais acessível, percebe-se que há realmente uma despreocupação em informar ou defender as autorias. Sobra então para nós, buscar corrigir essas injustiças, com ações de desaprovação pelos atos de displicências ou mesmo desrespeito perante essa classe de artistas.
Há bem pouco tempo, a cantora maranhense, Alcione, intérprete de tantas pérolas, se apresentou no Faustão, e foi discorrendo algumas maravilhosas composições de grandes autores brasileiros, a exemplo de Pixiguinha, João da Baiana, Aderaldo Gentil, e muitos outros, ao tempo em que Faustão ía lhe lembrando títulos, e nem uma vez, ele ou ela citou de quem era a música. Algumas canções me causaram grande curiosidade em saber seus autores. Quando projetaram aquela participação de Alcione, no mínimo pensaram: “quem quiser saber sobre as autorias, que vá procurar na mãe dos ignorantes, o google” - Mas eu estava assistindo era TV, e depois eu teria dificuldade em lembrar todos os títulos antes de procurar no Google.
Há pouco tempo, cerca de dois ou quatro anos, entre tantos outros que nascem na mente criativa do baiano, surgiu um ritmo, a que chamaram de Arrocha. Romântico, sensual, delicioso na dança, e até hoje não ouvi no Radio, ou assisti na Televisão nada sobre a autoria ou quem foi o criador, ou quem fez a primeira canção com aquela musicalidade. Muitas letras já surgiram dentro da melodia, com autores e cantores famosos, a exemplo de Carlinhos Brown, (com Tantinho) Silvano Sales (um mestre no Arrocha). Porém é preciso que se divulgue o primeiro “arrochador”. Eu não o faço aqui, porque realmente não sei.
Nacionalmente, surgiu imponente: “Eu quero Thu, Eu quero Tha”. (O título é assim mesmo?) Ou eu tenho que procurar na minha mãe o Google? Recuso-me. Conseguiram fazer uma letrinha sutil, bem alegre e motivante à dança. Não discordo da canção, acho divertida e também já fui contagiada lá na minha aula de “Mix Dance”. Considero que ela atingiu o objetivo que é trazer a massa. Uma brincadeira, uma descontração. O que discordo porém é a própria letra não dizer de onde vem o ritmo, que mais uma vez foi desse cadeirão musical incandescente que é Salvador, Que ela vem da Bahia. Deixa transparecer que eles, os “meninos” João Lucas e Marcelo são criadores inclusive do rítmo. Bata-me uma garapa....como se diz em bom baianez.