E assim aconteceu com a cultura da música no Brasil, especificamente no Nordeste: uma verdadeira desgraça!
Por Wagner Araujo
No início era a música clássica, depois vieram outros estilos influenciados ou não pelas obras de Wagner, Mozart, Beethoven e outros ícones. Ao passar dos séculos, a música continuou ‘’sadia’’ independente de seu conteúdo artístico. Da cultura Americana e Inglesa vieram o Rock, o Jaz, o Blues...
...enquanto isso, na região Sul do continente abaixo da linha do equador, o Brasil, já influenciado pelo que era produzido na América e Reino Unido entrava com pé direito e muita ‘’classe’’ a partir dos festivais de música: Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil, Caetano Veloso, mais uma comunidade de talentosíssimos artistas instituíam o bom da música por aqui. Outro gênio que atende pelo nome ‘’ João Gilberto’’ corria por fora com sua cria: a Bossa Nova; ‘’vírus do bom gosto’’ que contaminou a poucos, mas sem dúvida, uma obra prima! Para que a inicialmente ‘’terra de Santa Cruz’’ (batizada na época do descobrimento pelos primeiros a pisarem por aqui) não pegasse no sono antes das 22hs, Roberto Carlos e o movimento ‘’jovem guarda’’ resolveram fazer fumaça (literalmente) sinalizando a existência do roqueiro - embora adormecido - que existia em cada ser racional daquela época. A garbosa música brasileira, mais tarde reconhecida internacionalmente com várias apresentações em terras distantes e ‘’canjas’’ para a televisão e outros eventos (Tom Jobim ao violão cantando com Frank Sinatra é apenas um de muitos exemplos) estava definitivamente em seu merecido lugar na história da música.
Mas a passagem para o novo milênio e as previsões de que o fim dos tempos está muito, mas muito próximo, parece se confirmar com as aberrações que explodem mundo a fora em todas as áreas: nas artes, o lixo musical que se produz em larga escala é uma das delas.
E pensar que com a democratização da tecnologia a coisa só viesse melhorar (...)
Os anos 1980, de longe, parecem os mais - digamos - de vanguarda na música mundial. Mas vamos falar só Brasil: Titãs, Legião Urbana, Ultraje a rigor, Kid Abelha, Ira! Lobão, Paralamas do Sucesso, e mais uma pá de banda, compositores e cantores geniais (ou não), deram enorme contribuição à música brasileira. Faça uma comparação com o antes e depois daquele decênio.
Ainda na época da ‘’guerra fria’’, a Bahia, logo ela - berço de gênios da música brasileira - ensaiava os primeiros passos rumo à desgraça musical: Muita calma nessa hora! Voltando a fita: antes – na época das espinhas no rosto e quando eu passava mais tempo que o necessário no banheiro para se tomar um banho - eu odiava os sucessos do Olodum, da Banda Reflexos, e outros grupos do chamado ‘’Afoxé’’ que conseguiam romper a as fronteiras radiofônicas da terra onde teriam desembarcado os primeiros que aqui chegaram, pois a minha cabeça só pensava o Rock e a música eletrônica. A verdade é que aqueles grupos de Afoxé soteropolitano davam verdadeiras aulas de história com suas composições; o que dificilmente poucos garotos na faixa etária dos 15 anos dariam importância.
Com as bandas e os cantores que surgiram ainda nos anos 1980, a ‘’era de ouro de da música brasileira’’ parecia plagiar o sonho do alemão Adolf Hitler com sua paranóia de fundar um reinado que durasse mil anos. A comparação com desvario do doido do Hitler é valida considerando a proposta brasileira. Mas o destino ou a falta de boa formação cultural e moral de nossa sociedade não permitiu que os nascidos após a penúltima década do século XX continuassem a evolução artístico-musical. De início a esculhambação se deu a partir de dois pontos do nordeste - mais um terceiro que será destacado mais à frente: na Bahia, as aulas de história dos grupos de afoxé eram substituídas pela ‘’Dança na boquinha da garrafa’’; no Ceará, mais precisamente em Fortaleza, o ‘’Mastruz com Leite’’ serviria de embrião para vinte anos depois de suas primeiras composições - embora estas falassem de amor num ‘’forró estilizado’’- culminarem em verdadeiras baboseiras musicais do tipo ‘’beber, cair e levantar’’. Quanto ao terceiro ponto geográfico, o estado do Pará deu sua contribuição para a desgraça musical que retrata este texto, com seu nocivo ‘’tecnobrega’’.
Chegamos ao décimo primeiro ano do século XXI: Cruzando as ruas e avenidas dos principais pontos de comercio do grande Recife, empurrados por uma legião de pobres diabos, os carrinhos com som, cheios de CDs piratas, quebram o silêncio inexistente com o novo lixo musical, nocivo, criminoso e lascivo dos assim chamados Mcs: ‘’O que é que essa novinha tá querendo? Tá querendo é? Então vai ter pressão! No quarto de motel ela vai sentir o gosto do meu mel’’. ‘’15 anos para mim já é coroa’’. Além dos péssimos arranjos musicais, estes são trechos de alguns ‘’hits’’ que no mínimo fazem apologia à pedofilia: espólio de uma cultura!
Fica a dica para o Ministério Público fazer sua parte e enquadrar em seu devido lugar os ‘’artistas’’ assim chamados ‘’populares’’.
Censura? Não!
Liberdade de fato!
Atenção:
caso tenhas curiosidade em ouvir algumas das músicas ''populares'' dos ''mcs'' de Recife-PE, não será difícil encontrá-las na ''Rede Mundial''.
Eu poderia ter postado link's...
...resolvi não pô-los por achar que o espaço aqui no Recanto das Letras não mereça tal lixo.
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