A Música (Parte I)

Desde épocas remotas, a música significava a harmonia do Universo. Nos seus primórdios, era algo que se confundia com a própria magia, levando o ouvinte a uma concentração semelhante ao transe. Cedo se tornou visível que a música possuía um grande poder, podendo ser utilizada como meio de propaganda para estimular uma tribo, uma forma para difundir-lhe impulsos fortes, dando-lhe coragem para a guerra, e não simplesmente venerada como auxiliar mágico de rituais sagrados.

Como todas as artes, a música é patrimônio comum da humanidade. A arte de coordenar sons para produzir efeitos estéticos e harmônicos, sempre foi usada pelo ser humano para manifestar sua cultura, propagar suas idéias, expressar seus sentimentos e sua religiosidade. Desde as civilizações mais antigas, que a música aparece como uma expressão do misticismo e da alegria, da representação artística da cultura popular.

Os Sumérios, povo da baixa Mesopotâmia, na Ásia, utilizavam a música em rituais sagrados, incluindo funerais, triunfos militares e banquetes. Atingindo todas as camadas sociais, o fenômeno da música se modificou através dos anos, pela influência dos países ditos, dominadores. Quando um país invadia o outro, sua primeira preocupação era a aculturação de seus costumes no seio do povo dominado. Ou seja, matando a cultura, matava-se a identidade popular. Porém, o que realmente acontecia era uma miscigenação de costumes e crenças que por sua vez davam origem a uma cultura diferente, própria e autêntica. Assim, portanto, também a música sofreu essa mutação de várias culturas, assimilando gostos e costumes.

Foi a propagação da religião cristã, partindo de um culto local da Judéia e transformada na fé aceita em todo o mundo ocidental, que provocou o desenvolvimento da música européia. Talvez tenha sido esse fator que determinou a diferença marcante entre a música ocidental e oriental. Ao contrário de outros tipos de arte, como o teatro e a literatura, a música oriental até as últimas duas décadas, embora admirada no Ocidente como objeto de estudo, dificilmente poderia proporcionar uma prazer estético. E essa imcompreensão parecia recíproca, pois salvo alguma exceção, o Oriente também não aceitava a música do Ocidente. Felizmente nos últimos vinte anos, com o advento da tecnologia, houve uma interação nos meios musicais aproximando os dois hemisférios.