o JUDAS-GAGA
Eu não ia escrever nada sobre a última música da Gaga, no entanto eu senti a necessidade de fazê-lo, pois eu acho que muitos já ficam com receio de uma canção com o nome do mais famoso traidor de todos os tempos – tal fato tem explicações opostas, e eu acredito nelas, ou seja, ele não traiu Jesus. Além de que é a mulher mais artisticamente obscena e extravagante dos últimos tempos que está cantando.
A música é uma Madonna ressuscitada no tema religioso, na coragem de falar sobre isso, no jeito dançante e na batida barroca que envolve o céu e a Terra numa abrangência tamanha que pôde-se acoplar recursos tecnológicos de forma harmônica.
O vocal de fundo que parece ser cantado por uma bruxa (quem sabe uma prostituta) mexe muito mais do que a música em si, ele te envolve e te faz sentir todo o drama transmitido pela música. O refrão lembra um pouco Bad Romance, há um ‘miau’ que também tem em Shake Your Kitty. Assim como em Born This Way, há aquela tensão entre o bem e o mal, sendo que ela se põe ao lado do mal e joga duas questões.
Vamos lá, prova, as questões:
1) Judas era mal? Desonesto? Traidor?
Gaga responde: claro que não.
2) Aqueles que o “seguem”, que gostam desse lado que TODOS CONSIDERAM SER RUIM, também são pessoas de má índole?
Gaga responde histericamente: É CLARO QUE NÃO. A opinião de massa sempre atrapalha. Não é porque todos consideram alguém um ser maldoso que ele verdadeiramente é. Judas não traiu Jesus e mesmo se traiu, tudo estava planejado. Se digo que o “sigo”, quer dizer que sou apenas diferente, não faço mal a ninguém e não pretendo fazê-lo.
É interessante o fato de ela exibir em uma mesma música o lado que a sociedade carrega um indivíduo a ter uma opinião e ao mesmo tempo, há algo que a incomoda e a faz refletir se as coisas são como todos imaginam que são.
Obviamente a letra é muito mais interessante e menos batida que o ritmo e o vocal.
Pessoalmente gostei de tudo, achei ela um pouco chocante, dançaria co mela em uma festa, mas já fui ouvindo e imaginei que a Madonna estava junto dela, portanto ela não é muito original. A originalidade está na visão da cantora, tanto na reconstrução de músicas bem elaboradas sonoramente como no tema, ela sempre inova no tema, e esse religioso ficou muito interessante. E o melhor é que o tema é católico, não obstante é uma metonímia para a opinião pública e o senso comum em geral.
Levando em conta a música como arte e tudo o que já rolou nesse campo, eu daria nota 3, valendo 5. Mas em minha opinião geral, levando em conta ela e esperando já um clipe simbólico e complexo, recordando também o quanto a artista cria objetos significativos, eu daria uma nota 4 ou 4,5.