DEIXO, SIM

* Texto inspirado na canção MINHA MULHER NÃO DEIXA NÃO. Se alguém quiser conhecer, coloque o título no Google/Youtube e logo poderá ouvir o sucesso do carnaval nordestino.

*É interessante ler o que diz o Jefferson Xavier, em seu BLOG DO JEX, no link http://www.45graus.com.br/sucesso-minha-mulher-nao-deixa-nao-e-plagio-da-turma-do-ze-do-alegria,blog-do-jex,74028.html

Logo que me casei, deixava não. Tudo não e nãoooooooooooooooo. Nem sei que havia em minha cabeça pra fazer tal bobagem. Tudo bem, cada fase tem suas características. O casamento, a posse, isto é meu e o boi não lambe. Levei tempo pra entender que não pode ser assim. Outras também um dia aprenderão que quanto mais se prende, mais se perde.

Li por aí alguém questionando sobre a letra desta canção popular brincalhona e que se inspira justamente nesse comportamento da mulher que nada deixa o marido fazer. Começa o treino no namoro, afiado fica no noivado e, no casamento, corta de tão amolado. Não deixo, não! Não vai, não. E se você for eu vou atrás. Quanto sofrimento para dois, quanta falta de liberdade.

Aquele alguém questionou aventando talvez a hipótese de que tal comportamento seria o indício de o homem ser dominado. E como é interessante que os amigos de farras chegam à porta de casadinhos de novo e chamam! Nesse momento, ele vai lá e diz: Vou não, rapaz, minha mulher não deixa, não. Ela me mata, etc e tal. Dominado, isto que você é, um sujeito dominado.

Começa a teima dentro de casa, o vai não vai. Falta lembrar que o homem também não deixa, não. Tem daqueles que querem Deus pra si e diabo para os outros. Até fogem, enganam, mentem, fazem de tudo pra viver na boa vida de solteiro. A vida de solteira também é maravilhosa, mas mulher tem algo no juízo que não funciona e entra na cela e pede ao carcereiro para fechar.

Com o progresso e as alterações de conceitos e costumes na sociedade, parece que tudo virou de pernas para o ar. Na verdade, todos nós precisamos de diversão, de lazer e de momentos com outras pessoas, amigos, amigas, ex-colegas. Sabiam que existem países onde isto é normal? Saem os homens com seus amigos e as mulheres com as suas amigas. Depois de farrearem e conversarem bastante, se encontram todos em lugar previamente acertado. Mas, como conseguir isto neste país com gosto ainda de senhores de engenho, de coronéis e mandões de toda sorte? Em sendo assim, um não deixa, não, o outro sair. Transforma-se o casamento em uma prisão.

Depois de muitos anos de união, nota-se que é preciso deixar, sim. E eu deixo. Só que o feitiço vira contra o feiticeiro. Agora que deixo, diz, não quero ir não e também não deixo você ir não. Ficam ciumentos os maridos depois de tanto tempo e até parece que depois de tantos anos passados e de muita estrada percorrida, a gente fica mais bonita e perigosa. E agora. Que fazer? Eu faço confusão. E sendo sergipana, rodo a baiana.

E sabem o que é pior? Quando a mulher tem filhos homens mais ciumentos do que o marido. Não é o meu caso. A que se faz de engraçadinha, dos meus filhos, é a mais nova. Logo para mim que a quase tudo disse sim e deixo, sim.

A letra da música pode ser inocente e até graciosa, entretanto, carrega em si uma realidade de quase todos os casamentos e a situação criada de desconforto para dois. Difícil exercício é deixar, mas também é excelente quando a gente aprende. Deixo, sim.

taniameneses
Enviado por taniameneses em 30/01/2011
Reeditado em 31/01/2011
Código do texto: T2761980
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