[[Três décadas sem o Poeta Goiá]] Festival resgata trajetória musical do compositor

Foi realizado na sexta-feira (21/01), na Casa da Cultura de Coromandel, o 2º Festival “Canta Goiá”. Em sua segunda edição, o festival foi sucesso, 20 músicas do poeta foram interpretadas por diversas pessoas da cidade e região. O público presente foi recorde. Nesse ano, Gerson Coutinho da Silva, o poeta Goiá estaria com 76 anos de idade. Morreu precocemente no dia 20 de Janeiro de 1.981, com apenas 46 anos, exatamente três décadas atrás, a população perdia um de seus filhos mais ilustres. A organização do evento avaliou com muito êxito o festival, todas as expectativas foram alcançadas, teve grande participação de musicistas de toda região e o público compareceu fielmente na apresentação. O objetivo do festival é resgatar as músicas do poeta e valorizar a cultura local, consequentemente, buscar aprimorar a identidade cultural dos moradores, através da obra magnífica de Gerson Coutinho da Silva. Os participantes foram avaliados por um grupo de jurados muito entendidos da área musical, Luis Antônio Araújo e José Lázaro Machado (músicos), a dupla Lelles & Leonardo e o grande amigo do compositor Goiá, Osvaldo Alves da Silva. Os quesitos avaliados foram interpretação, harmonia, afinação, ritmo, arranjo e apresentação. Na ocasião, uma obra sobre a vida do poeta Goiá foi lançada. O escritor Diogo de Souza Brito, de Uberlândia, lançou no evento seu livro dedicado ao poeta, “Negociações de um Sedutor: trajetória e obra do compositor Goiá no meio sertanejo”. O livro é fruto de pesquisa desenvolvida para a conclusão de seu mestrado em História na UFU (Universidade Federal de Uberlândia). Obra que foi agraciada no ano de 2010 com o Prêmio Funarte de Produção Crítica em Música, do Ministério da Cultura. “Sempre fui admirador do poeta Goiá, sua vasta obra mostra a validade desse grande personagem que mudou a forma da música sertaneja no país, sem dúvida, um sedutor, um amante da sua terra”, afirma Diogo.

Finalmente, depois de cinco horas de apresentações, o resultado chega, e foi de forma acirrada, que os jurados chegaram à finalização avaliativa, pois o nível de todos os participantes foi alto na competição. A dupla Júlio César & Danilo “roubaram” a cena e levou para casa três títulos, sendo primeiro lugar geral no festival, melhor arranjo e melhor intérprete, faturando o valor de mil reais. Em segundo lugar, a dupla Wisley & Robério levaram setecentos reais, já em terceiro lugar, o cantor Chiquinho, com trezentos reais.

Um evento nessa categoria valoriza e mostra para as gerações atuais a importância do poeta para a cultura local, regional, nacional e até global, pois Gerson Coutinho da Silva, que nos “deixava” de forma repentina, precisamente há 30 anos, foi um dos compositores mais importantes de todos os tempos. Não há no cenário musical brasileiro, um artista que em sua obra tenha referido tanto a sua terra natal como Goiá. Ele revolucionou a música sertaneja, chamada na época de caipira, tornando-a cheia de vida, retirando dela, os erros de português, sendo assim um dos primeiros compositores sertanejos do Brasil com suas letras cheias de filosofia, paisagismo, metáforas, romantismo e literatura moderna. Goiá tinha uma maneira especial de relatar em suas canções, fatos e acontecimentos vividos na trajetória de sua vida, suas paixões, seus sentimentos mais profundos e principalmente a saudade dos tempos de criança e de sua cidade que ele amava tanto. Goiá é valorizado, mas ainda falta maior valorização desse grande ícone sertanejo brasileiro por parte do poder público, de empresas e também pelos cidadãos comuns de forma mais intensa, é um filho ilustre de Coromandel que merece ser lembrado eternamente. “Quem é neste mundo que não tem saudade, Da felicidade que não volta mais. Do verde esperança, de um vale formoso, Do tempo saudoso dos queridos pais. Eu vivo sofrendo de tanta saudade, De uma cidade, razão dos meus áis. Uma saudade amarga e cruel, De Coromandel em Minas Gerais.” Sem dúvida, é com muita honra que escrevo essa matéria sobre Goiá, eterno amante da natureza e de Coromandel, cidade que amava, amava no coração, amava nas letras musicais. O poeta, este, não morrerá jamais, estará eternamente em nossos corações...

Por Juan Wagner Honorato