Música: a melhor terapia
Nada mais relaxante do que chegar em casa após um extenuante dia de trabalho, encontrar uma posição cômoda para se aconchegar no sofá ou até mesmo se deitar na cama, fechar os olhos por alguns instantes e ouvir uma bela melodia no ritmo de sua preferência. Essa é uma receita de uma terapia cada vez mais adotada pelas pessoas no mundo, pois é muito difícil a cultura que não tenha suas raízes ligadas à música.
Somos musicais desde antes de nascermos. Do ventre de nossa mãe é possível a percepção do mundo exterior, isso já vai moldando o nosso intelecto e nos proporcionando uma certa propensão a sermos pessoas mais calmas, isso quando o estímulo vem de uma música mais amena. Estudos ligados à musicoterapia apontam a música clássica como a mais indicada não somente para o período de gestação, mas também nos meses de vida iniciais da criança. Acredita-se que esse estímulo contribua para um considerável aumento na inteligência e incentive o florescer de dons não só ligados à música, mas também a diversas outras atividades culturais.
Tem muita gente, e me incluo nesse rol, que não vive sem música. É realmente impressionante esse efeito que a música tem no dia a dia das pessoas, não só por ser uma expressão artística da cultura humana, mas também por ser um indicador fiel do nosso estado de espírito. Quando se está feliz cantarola-se qualquer coisa que venha à mente. A tristeza também tem seu lugar marcado em muitos fados e cantigas de lamentos do sertanejo. Seu time tá precisando de uma força, aí se canta o hino ou uma canção de incentivo. Para tudo se tem uma música, pois ela sempre se adapta a qualquer situação.
Convenhamos dizer que a música hoje já não apresenta toda aquela preciosidade de rimas e todo um enredo criativo de décadas atrás. Já se foi a época dos grandes festivais quando multidões se reuniam para reverenciar os grandes intérpretes da boa música e os nossos ouvidos agradeciam por tão grande graça. Confesso que não sou dessa época, mas o estudo que faço dessa minha grande paixão que é a música me credencia a dizer que tempo bom de verdade foi aquele.
Saudosismo à parte, nunca devemos nos esquecer dos pioneiros. Não falo aqui somente dos grandes mestres da música erudita ou dos monstros sagrados da nossa música popular brasileira, mas também de grandes figuras do rock, do jazz, do rap e dos mais variados ritmos. Sempre digo que o gosto eclético pela música é muito saudável desde que seja pela música de qualidade, pois em todos os ritmos temos músicas que são a mesma coisa que nada, mas também temos muitas músicas de extrema qualidade, compostas por grandes artistas e dotadas de um aparato melodioso digno de finos musicistas.
O mais importante é não esquecer que a música extrapola seus aspectos culturais e vem se mostrar como uma ótima e eficaz terapia. Num mundo onde se perde tanto tempo vendo notícias sangrentas na televisão e ou se rendendo a uma gama de futilidades da internet, devemos tirar aquele disco velho do fundo do baú ou colocar para funcionar aquele nosso antigo toca-fitas e se entregar à magia da música. E se você não é assim tão nostálgico, ouça música aí mesmo no seu celular ou no seu ipod, mas não deixe de viajar pela trilha sonora da sua vida. Música não é só cultura, é terapia.
(*) Léo Guimarães é jornalista e servidor público municipal.
> Matéria publicada no Jornal A Cidade, página 8, edição de 30 de outubro de 2010, Borda da Mata/MG.