Para Se Ouvir com os Olhos
Só se fala em outra coisa, agora. Copa do Mundo, Bafana-bafana (não sei se escreve assim e não tô nem aí), Dunga burro – ou coloradão, o que depende de região pra região – festa de abertura da Copa, Chico Buarque sul-africano, técnicas, táticas, esquemas, etc. Nada mais de corrupção e escândalos em Brasília, de desastres no trânsito, de crimes violentos, da crise na Faixa de Gaza – aew, israelenses! Agora podem botar pra quebrar, que ninguém vai dar bola, vão estar todos ocupados com a Copa da África!
Apenas duas coisas poderiam chamar, mesmo, a atenção do nosso continental e ensimesmado país para a África do Sul: uma delas seria uma novela global escrita por Glória Perez, a outra, seria um grande evento esportivo, como a Copa do Mundo de futebol. Guerras? Não, isso não chama a atenção. O Sudão vive em guerra desde sua independência da Inglaterra e ninguém quer nem saber onde fica! A propósito, é na África, também... que mais, catástrofes naturais? Bom, sem o terremoto que devastou o Chile, a gente só lembra que aquele país existe em eventos esportivos... acho engraçado isso, o pessoal acha legal saber de países mais desenvolvidos que o Brasil na Europa, ou os Estados Unidos, Japão... mas o Chile é o país sul-americano mais desenvolvido e é praticamente aqui do lado! Sem falar que os vinhos chilenos não perdem em nada pros franceses e italianos e são mais baratos!
Mas não vamos falar disso, não agora... o negócio agora é Copa do Mundo. Não exatamente, não tenho muito do que falar, na verdade! O que eu curto, em copas de seleções de futebol é exatamente isso, o futebol, quer dizer, os jogos... têm seleções que simpatizo, têm outras que torço sempre contra, e tem o Brasil, que depois do Internacional, é a seleção pra qual torço. A quem interessar possa, sempre torço contra Argentina e França. Sempre. Não simpatizo com nenhuma dessas seleções. Você simpatiza, bom pra você... ou azar o teu! Pra mim, dá tudo na mesma.
Enfim... eu não sou muito chegado em Olimpíada, onde há jogos que simplesmente não entendo e nem me interesso, mas têm alguns esportes que consigo acompanhar, como tae-kwon-do, futebol, vôlei de quadra e de praia... acho que ainda falta o futebol de botão e stock car nos jogos olímpicos! Quanto a Copa do Mundo, óbvio, gosto de futebol, portanto é lógico que gosto de assistir aos jogos... o que não curto muito, acho extremamente chato e enfadonho pra se ficar na frente da televisão assistindo, são as festas de abertura e de encerramento, seja da Copa do Mundo, seja da Olimpíada. Não tenho paciência pra isso. Na última Olimpíada, em Beijing, China, não assisti nem a abertura, nem ao encerramento. Não me interessa!
Esta foi a primeira Copa em que assisto à abertura. Obrigado, não por vontade própria. Estava no banco, mais ou menos uma hora na fila, pra pagar um mísero DARF. Pra completar, showzinho de abertura bem meia-boca. Galvão Bueno narrando show de abertura, Casagrande comentando... uma tarde perdida numa fila de banco já é irritante, imagine ouvindo duas antas falando sobre uma festinha de abertura de copa, que não precisava! Pra mim, não precisava... Copa Libertadores não tem festa de abertura... Champions League UEFA também não... mas enfim, a primeira Copa da África teve!
E só agora chego na parte que eu queria chegar! Pois, já de volta do banco, não estava mais assistindo ao show de abertura, estava no trabalho, onde não há aparelho de rádio, nem de televisão, só o computador e meu celular, onde posso acessar tanto um quanto outro. Ouvindo, num programa de rádio, alguém comentar a tão esperada entrada de Shakira no palco, foi que me prestei a ligar a tevê do meu celular, pra vê-la rebolando seu corpo perfeito no meio do palco de modo belo, excitante e sensual. Pois é, perdi uns bons cinco minutos observando a loira evoluindo deliciosamente no palco. Claro que sem som! Não curto muito o que ela canta, e sim o que ela dança, o que ela rebola, o jeito como ela mexe o corpo – e que corpo, companheiro!
Lendo um comentário escrito no site twitter, sobre o uso pela cantora de playback, quer dizer, insinuou que ela não estaria cantando, no palco, lá na África do Sul. Engraçado a(s) pessoa(s) que fez/fizeram o comentário ter notado apenas quando a diva colombiana apareceu pra fazer sua apresentação, e não antes, quando um músico cujo nome não vou me lembrar cantava uma música com André 3000 (Three Tausen), do Outcast – que sequer estaria no país, quanto mais no palco – ou quando estiveram os Black Eyed Pies – que aliás valem a pena pela gracinha da Férguie. Sim, esses também fizeram uso do tal pleibeque! Sério que pensei: “e quem tá preocupado se Shakira faz pleibéque ou não?” Eu não me preocupo nem um pouco! Ou a(s) pessoa(s) que tuitou/tuitaram queria(m) mostrar que tem algum conteúdo intelectual, ou não curte(m) muito os atributos artísticos da moça. Eu, como não me incluo em nenhum dos dois tipos...
Não me preocupo em PARECER ter conteúdo, o que eu sei, eu sei, o que não sei, bem, isso é o que mais tem! Não vou fingir ser “perspicaz” nem “engraçado” pra esconder o fato real que me fez parar o meu trabalho e assistir o gingado colombiano de Shakira, com o som desligado: ela é uma gostosa e eu gosto de ver uma gata requebrando com roupas curtas num palco! Quantos homens não pararam na frente da televisão ontem, justamente hipnotizados por aquela semideusa rebolante? E quantos ainda afirmarão que conhecem as músicas e que as curtem? Esses com certeza são poucos, tantos quanto os idiotas espíritos de porco que, pra não serem taxados como tarados, inventam um defeito qualquer na moça: “Ela desafinou! Rá!”, “Ela só faz de conta que canta, é pleibéque! Rá!” Tá, então, se você não está gostando, sai da frente da tevê! Simples! Desligue o televisor e vá ler um livro! E deixa quem tá curtindo o show da moça!
Eu, como disse, não reparei se Shakira estava cantando, ou não, porque tirei o som da tevê no meu celular. Shakira, pra mim, faz parte de uma classe de cantoras que não precisam ter voz, não precisam fazer nenhuma música que eu curta, que me faça comprar o cd, ou gravar no mp3 do meu celular, pra escutar onde eu estiver. Shakira faz parte da nobre categoria de cantoras que também são a própria canção, de mulheres que cantam e encantam – ela e umas poucas outras mais que encantam, hipnotizam – com o corpo! Se isso soa vulgar? Depende do seu conceito de vulgaridade. Isso, eu garanto, não entra no meu conceito de vulgaridade. Nem Mônica Mattos está conforme o meu conceito de vulgaridade! E sim, as mulheres frutas estão nesse conceito. A Joelma também, embora num patamar um pouco abaixo. Ela, definitivamente, não é uma cantora com o corpo. Não é das que paro pra ouvir com os olhos!
Shakira, Wanessa Camargo, Cláudia Leite, a Férgui, do Black Eyed Pies, Beyonce, Rihanna... essas são bons exemplos de cantoras que cantam com os corpos, que se ouve sem som, que se ouve com os olhos. Elas são a própria música ondulando pelo ar, seus corpos são a visualização da música, não só seus corpos como sua dança, a sensualidade, que é algo muito subjetivo, mais imaginável que perceptível, mas a imensa maioria, ao que tudo indica, há de concordar que o bailado delas é sensual e excitante – em todos os sentidos, não só no que você pensou, cabeça suja!
Gosto de viajar com a música. Fechar os olhos e ouvir algumas músicas, e voar como se tivesse asas, fosse efetivamente livre de todas as amarras e pudesse singrar os céus, me aventurando por lugares nunca dantes vistos. Por mais que considere boas cantoras Shakira, Beyonce, Claudinha Leite – e elas realmente são cantoras de grande talento, são afinadas e têm belas vozes, mas não consigo viajar na sua música, não consigo ouví-las cantar, pois suas canções não são do tipo que me faz viajar. Por outro lado, quando as vejo pela tevê, ou em algum outro lugar – somente Cláudia Leite eu vi num palco, e foi extasiante estar “frente a frente” com ela – seus corpos, sua dança, sua energia, seu gingado, seu bailado, sua sensualidade, fazem parte do seu estilo, da sua forma de cantar, são uma extensão da própria música! Por isso elas são – para mim – da bela e rara classe de cantoras para se ouvir com os olhos. E se emocionar, igualmente!