MODA-NAFTALINA no cérebro ou no guarda roupas?

NAFTALINA

E a partir do momento que o Procon escorrega na bolsa do futuro e nas reservas de mercado,

o jeito é ficar na expectativa de que até as múmias do Egito sejam desnudadas para suprir necessidades emergentes. Em tempos de guerra os turbantes possivelmente tenham que ser substituídos pelos chapéus de palha “made in Brazil”. O Fio 200 fica sepultado com todos os delírios, porque somente barbantes podem segurar a indumentária no deserto do Saara e o sisal da Bahia, nem pensar. E assim já começou a guerra contra os valores agregados em Londres: Prenderam um tal John Galliano sob a alegação de que ele estava promovendo insurreição na terra dos Faraós, entupir o canal de Suez e outras loucuras mais.

Se nossas camisas não podem mais contar com os fios Egípcios, aquele tecido pra curativo que a São Geraldo Fabrica e que é usado como forro de bolso com 50% de poliéster, pode ser a médio prazo a melhor cambraia que teremos para uma camisa social de luxo, leve, econômica e durável. Não se pode chamá-lo de pano de guarda-chuva, porque ele tem um fio lá e outro cá, e parece mais os curativos de hospitais. Triste sina pelo menos a nossa de Tupiniquins copiadores de moda do velho continente, catando retalhinhos no Lafayette em Paris e assim o projeto de ressurreição do linho fica enterrado definitivamente.

Numa dessas, o algodão novamente vira tergal que rima com modal e ninguém mais vai achar que fica mal. O negócio é preço baixo e encontrar uma maneira eficiente de derrubar o algodão (ou o seu produtor), com todos os seus títulos de nobreza e o complô mais eficiente pode ser a Jabuticaba. Isso mesmo, eu pesquisei. Pesquisem minha gente, sem pesquisa no São Google, todos nós ficaremos parados no tempo.

Portanto, Viva a jabuticaba. Eu estou cansado de ser chamado de ladrão pelos feirantes, e aliás eu nem os conheço tão bem para vomitar adjetivos pejorativos como replicante. São palavras dos meus amigos e clientes distribuidores que me contam que eles chegam nas lojas xingando Deus e todo mundo e dizendo que as Fábricas estão roubando. Ora, eu sequer tenho algo a ver com isso diretamente. Sequer sei plantar um pé de angu, quanto mais uma fibra nobre, bonita, sedosa, garbosa. Como dizia meu velho pai socialista subversivo – “você é um candidato sério a se tornar um parasita da sociedade” e foi assim que me surgiu a idéia de escrever aquele poema que aqui publiquei: “ Eu sou, mas quem não é?” Um pequeno burguês exitante (rsss)

Garanto-lhes no entanto que jamais me escondi atrás de sofismas milenares para roubar gravatas em Shoppings.

Não se assustem, a Jabuticaba que chega com as chuvas de agosto vai ser objeto de estudo na Embrapa, ou do staff cientifico do campus da Universidade de Campinas ou outros órgãos do governo que estão sempre “pesquisando” alguma coisa e já já eu explico o titulo do meu texto - Naftalina.

Essa fruta negra, deliciosa e gostosa, por ser abundante nessa época e assim coincidindo sua colheita com a safra do algodão, pode se tornar um entrave à especulação no preço, desde que os apanhadores resistam a idéia de devorá-la. Pode ser em num tempo bem curto, a Jabu se torne a 4ª.maior cultura mundial e com a vantagem de não precisar ser subsidiada e o algodão passaria a figurar em 5º. Lugar.

A Jabuticaba tem ainda a vantagem de possibilitar um sub-produto melhor que o algodão, pois óleo engorda e o vinho de jabuticaba pode equilibrar a balança com a França e Argentina e é uma bebida saudável. Alguns cientistas das maiores universidades dos EEUU, (que me desculpem os nacionalistas mais exaltados, tem que ser dos EEUU, pois eles são os melhores e mais modernos, né?) estão fazendo experiências e testando vasilhames cuspidores e desinfectadores do liquido branco da jabuticaba pois ninguém mais vai querer engulir o caroço que passa a ter peso de ouro no contexto que se desenha com essa descoberta fantástica. Surge então a idéia de mais um sub-produto, que seria o Jabutigel para que se evite a transmissão da AIDs pelo contato do tecido com a pele. Antecipo aqui que essa pode ser a matéria do Fantástico (da Globo, claro) no próximo domingo.

Os fios resultantes dessa nova “pesquisa” terão uma coloração “bronzeada” o que deve agradar ao excelentíssimo Sr. Presidente da maior e mais poderosa nação do mundo, o tal Obama, que nos visitará em breve com todo seu aparato de segurança e como a gente não pode exporta-la pra lá pois é considerada um bem perecível e de rápida deteriorização, com certeza com o tratamento que a transforma numa fibra resistente poderemos exporta-la com o sofisticado nome de Seridojabu, o fio nobre de Sabarabussú (rssss). Se Obama não agradar da idéia, a gente o deporta e o acusa perante um tribunal internacional de preconceito contra povos sub-desenvolvidos que transformam a materia prima em seu próprio território, contrariando interesses econômicos da potencia ocidental colonizadora e repressora.

Vai ser o luxo no lixo, ou vice-versa e o profeta Joãozinho Trinta, cantou essa pedra de forma sutil, numa dessas exaltações do samba. Ele hoje com certeza desfilaria com uma camisa de pano de prato, no lugar do cetim e o seu carro alegórico se chamaria com certeza Gossypium spp x Myciaria cauliflora., mas entrando no lugar a fibra do Seridojabú, tudo se equilibraria. (Seridojabú, bom esclarecer, seria uma espécie de fibra longa (tipo 4) da Jabuticaba e o proprietário de uma usina de açúcar falida e que não pagou suas dividas ao BNDEs, já registrou a patente desse nome e como se trata de um projeto salvador ele vai sem dúvida obter um novo financiamento e sua divida anterior fica quitada pelo alto alcance social do projeto.

A vantagem da fibra Seridojabú seria ampliada com a fabricação de algodão hidrófilo que poderia ser engolido como algodão doce com gosto da fruta e dessa maneira os anseios de meu amigo Antoine se tornariam realidade.

Que o meu dileto e prezado colega Nilo Antunes Naime (membro dessa comunidade e discípulo de Antoine) não leia isso aqui, pois hoje estou com a macaca revivendo os tempos em que eu escrevia num jornalzinho chamado “tramas & urdumes, batidas de fofocas penteadas de humor”.

A bem da verdade, tive um pesadelo essa noite, ouvindo vozes de vários gerentes de vendas ao mesmo tempo fazendo o coro da revolta. Um deles apareceu de tanga (aquela mesma usada pelo Tarzan, conseqüência imediata da crise) e me disse em tom ameaçador: “Essa tabela que passei ontem pela manhã, já não vale mais nada” – corrija todos os seus pedidos com um acréscimo de dez por cento, pois somente ontem o algodão subiu novamente 20%.

- Mas chefe...

– Não me interrompa e ouça a voz do diretor que conclama a todos os representantes se matricularem num curso rápido de “Gestão de custos”. Já me adiantaram que o gestor já pensa em sugerir ao Governo Federal medidas drásticas de como conter o desperdício de fibras que inclui prisão sem direito a fiança para gerentes de postos de gasolina que usarem estopas na limpeza e todas as industrias de bonés ficam intimadas a dispensarem a sarja e outros tecidos, sendo permitido de agora em diante apenas o uso do TNT que se estenderão às fabricas de bonecas e Pets, pois brinquedos de plástico não sentem os efeitos da temperatura e cães não precisam de adornos.

Por outro lado...

É bom que todos pensem em alertar os fornecedores de algodão de que o consumidor não gosta muito de pressão e tudo tem um limite. Vai haver um momento que pode ser de repente, em que ele vai escancarar o guarda roupas e vai usar tudo que lá está com ou sem cheiro de naftalina.

Que ninguém duvide disso e aguardem a dupla ressaca pós carnaval – a do álcool e a do nosso querido algodão que nesse momento vive um clímax que já não se justifica quando as remarcações de preço entram na fase dolorosa da especulação desenfreada e defensiva com critérios de custo jogados na cesta de lixo pelo medo e pavor mesmo que justificados.

Os terroristas de plantão continuam por aqui fazendo a farra da retórica, das estatísticas e termos sofisticados, mas não nos esqueçamos que dinheiro não é igual a voto – Não se desperdiça – Essa é a diferença. Minha tanga está com cheiro de naftalina para dar exemplo, mas minha corda não é um cipó e sim de sisal, matéria prima nacional.

E pra não dizer que não pesquiso, eis alguns números interessantes:

Fonte de pesquisa - www.netafim.com.br

1-350 milhões de pessoas ligadas ao plantio do algodão.

2-Suas sementes são ricas em óleo (18 a 24%) e proteínas (20 a 40%)

3-Seu nome cientifico – (Gossypium spp.)

4-A China consome 40% da produção mundial (o que não é novidade pois tem também igual

percentual da população ou perto disso)

5-Egito e Austrália, produzem o melhor algodão do mundo (O primeiro vivendo uma guerra

civil, o segundo acaba de passar por uma catástrofe natural)

6-O algodão é a mais importante fonte de receita para os seguintes paises exportadores:

Burkina Fasso, Benin, Uzbequistão, Mali, Tajiquistão, Costa do Marfim, Cazaquistão, Egito e Siria

7-Custos mais baixos de produção – Austrália, China, Brasil e Paquistão

8-EUA e Israel tem o maior custo de produção do mundo.

9-Os principais exportadores são EUA, Uzbekistão, Brasil e Austrália.

10-O Algodão está entre as quatro culturas mais importantes de produção de fibras. Será ultrapassado pela

Jabuticaba em pouco tempo (rssssss).

11- Área mundial de cultivo – 34,8 milhões de há (China, EUA e India, os principais produtores mundiais (60%).

12-Cerca de 53% do algodão produzido no mundo é subsidiado (um fato meio estranho) principalmente se

considerarmos paises exportadores – Subsidiar lucros ?

13-Paises que subsidiam : EUA, China, Grécia, Espanha, Turquia, Brasil, México, Egito e Índia

14-Algodão é cultivado em mais de 100 paises, representando 40% do mercado de fibras.

Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 03/03/2012
Reeditado em 31/12/2013
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