MODA-A ROUPA. QUE TU VESTES, DE NOVO! (II)

E quando eu pensava que, finalmente havia chegado ao fim o reinado dos tecidos de micro fibras (100% poliéster) nas camisas masculinas e a suavidade e leveza do algodão voltaria a reinar e até os chamados clássicos de 200 anos, os fios tintos listrados fininhos de 2 mm ou levíssimos xadrezes com coloridos discretos, em tons pastéis, sepultarom de vez, e/ou outra vez (esperava que por um “long time”, a tentativa das multinacionais de têxteis sintéticos derivados de petróleo, de praticamente obrigar o homem a vestir uma camisa com aquele tecido horrível que a gente usava antigamente como pano de guarda chuva, eis que a China se sobrepõe a todos esses interesses e chega arrebentando. A desculpa esfarrapada é a de que não precisa passar. Bobagens, pra viagem você pode apostar muito bem numa camisa de um tecido composição 60/40 Algodão/Poliéster e ele não vai amarrotar do mesmo jeito. O que tem determinado mesmo essa avalanche de porcarias é o preço.

Portanto, de volta ao guarda roupa do homem elegante as tradicionais camisas de fios 40 ou 50 e até 80 ou 100, penteados, em telas ou maquinetas diversas, ou fios tintos, somente em sonhos e delirios. E para o próximo ano, fala-se no retorno das estampas em geométricos, espaçados ou em estilo gravataria que pode retornar em fundos tintos escuros com detalhes em branco mate. (Branco mate é um termo industrial que equivale ao famoso “silk-scream” um trabalho quase artesanal que se aplica mais comumente em camisetas). Seria quem sabe uma alternativa saudável para as tecelagens nacionais apresentarem algo diferente e que possa enfrentar essa concorrência desleal.

Nos confecionados, duas inovações chegaram pra ficar: A gola da camisa presa por botões menores salientes ou por baixo, que já vem sendo produzida há um bom tempo e nas camisas sociais praticamente não se vê mais as famosas abotoaduras. A manga japonesa, simulando uma dobra de manga comprida ficou somente na esfera dos garotos e também já caiu no esquecimento e quem apostou nesse produto, ficou com ele encalhado nas prateleiras. Cuidado com as entretelas aplicadas nas golas e nos punhos que sendo de má qualidade podem reagir com ferro quente e enrugar. Na cama e mesa e não tem como ficar sem os lençóis de malha com elástico no contorno para ficarem presos aos colchões.

Permanecerá obviamente para os jovens a extravagância dos estilistas que deitam e rolam nas camisetas com figuras exóticas e loucas em silk-scream e outros recursos com efeitos emborrachados e assim as imagens irreverentes continuaram sendo estampadas abaixo do ximango, para escancarar a diferença entre o velho e o novo, como se a moda fosse também um instrumento de guerra de preconceitos. A influência dessa extravagância invadiu o setor calçadista e quando você olha uma vitrine os tênis brilham tanto e possuem tantos detalhes que você calçando um daqueles produtos exóticos, mesmo sendo jovem, vai parecer mais um marciano, na busca constante do ineditismo e do vedetismo.

O governo promete ainda para o próximo ano estabelecer finalmente por decreto, padronizar o tamanho das roupas, ou seja, por exemplo, o tamanho 44 da Fórum, Salsa Jeans, Blue Blood ou ET Jeans, ou griffes Mineiras, Goianas, como Contraponto, Vocabulário, Frittz, Poty Rô, Jan Darrot, Zip Zone, ou Babioli, terão que ter os mesmos tamanhos e assim o Brasil passará a fazer parte de uma comunidade internacional que obedece normas e francamente não é preciso aquela demagogia de obter um certificado “ISO O AQUILO” para conferir ou aferir, basta cumprir a Lei..

A Globalização nesse aspecto é muito benéfica já que visando o intercambio de produtos é muito importante uma linguagem única, como aquela que existe por exemplo na construção e composição dos tecidos, onde o importador não precisa ver a amostra de um produto. Ele compra pelas informações e quando recebe a mercadoria lá fora, toda a especificação contida no documento da CACEX tem que bater pois somente assim o credito será confirmado. E assim por diante, você pode escolher um vermelho e citar o código Pantone (marca mundial registrada) e ele se transformará no mesmo vermelho que se tinge nos EEUU, na China, no Brasil ou no Japão.

No Jeans, quase não dá pra inventar mais nada em termos de lavagens, mas as lavanderias fazem ainda a grande farra da aparência usando muita resina, amassando e fazendo o chamado hiperstone (lavagem com pedra ou com pó de pedra) dando o aspecto de envelhecido, tendência que parece também ter chegado para ficar. É a roupa que o jovem adora surrar. E as variações e exageros continuam com o uso de lixa que chega a ser manual (pasmem) e assim amassado na prensa em alta temperatura eles provocam um vinco permanente. Alguns inovam mais ainda, fazendo um Black-black, ou blue-blue que é um sobre tinto ou o chamado “sujinho”, onde a cor aparece mais do lado avesso, formando um detalhe a mais na roupa. Até as estrias e franjas (ou bigodes) aparecem para sacudir o bom gosto dos meninos e meninas, sempre ávidos por novidades. E assim, termos esdrúxulos, como retrodye, craquelado, e hiper destroyer com técnicas de laser, acidwash e skinny, aparecem no vocabulário dos vendedores(as) de Shoppings que obviamente não vendem uma calça, mas uma "griffe".

Agora um esclarecimento de interesse público e muito importante para o consumidor final. Vamos fazer algumas contas juntos:

Um tecido na tecelagem vai para a indústria de confecção por um custo ao redor de R$6,00 a R$10,00 o metro linear. Se tomarmos como média o preço será R$8,00. – 1,30 ms é o máximo de tecido que se gasta para fazer uma calça e um corte industrial essa média baixa para 1,20 ms o que nos leva ao custo da matéria prima principal (tecido) R$9,60. Uma industria de confecção que produz o básico e com um trabalho simples de lavanderia (As maiores griffes têm sua própria lavanderia com um custo mais baixo do que o terceirizado que cobra em média R$5,00 por peça) vai poder vender essa calça (pagando todos os impostos normalmente) por um preço que oscila entre 25,00 a 40,00, o que significa que um lojista, não precisa ultrapassar a casa dos R$50,00 a R$60,00 remarcando folgadamente todos os seus custos de revenda. Assim quando você paga acima de 80,00 por uma calça, sei não, fique de olho.

Por isso, em grandes centros, as feiras você pode se assustar ainda mais com os preços pois a grande maioria compra mercadoria sem nota e são isentos de impostos na venda de sua própria produção, que não tem aluguel de lojas, pagamento de balconistas, propaganda em TV, custo de publicidade de “Out-doors” embutido. Por isso não tenha receio de comprar uma peça dessas, num lugar desses, pois geralmente a matéria prima principal (o tecido) é sempre o mesmo. Temos poucos fabricantes no Brasil do Legitimo índigo Blue e são eles a Santista, Canatiba, Vicunha, Tear Têxtil, Corduroy, Covolan, Paraguaçu e Santana Têxtil e mais alguns que complementam com uma produção pequena que produzem um padrão.

Você pode examinar outros detalhes como etiquetas de couro, "Zipperes", botões e o peso do tecido, profundidade do bolso (muito importante para sua segurança) e a qualidade do trabalho de lavanderia se está afinado com o seu gosto pessoal e assim não se apegue a griffes, porque você vai jogar o seu dinheiro fora sem necessidade. Examine bem o forro de bolso usado se não é igual àquele tecido gaze usado para curativo, pois ele vai rasgar logo e deixar você na mão. Seja exigente e atento, afinal, você está pagando. Muito cuidado com as bancas de liquidações que podem conter peças defeituosas/devolvidas por outros clientes. Faça um teste importante: Pegue a calça e coloque-a sobre o balcão, abotoe na cintura e puxe o "zipper" e qualquer coisa você vai notar no desencontro. Esse é o defeito mais grave, seguido pelo defeito nas pernas que podem apresentar níveis de conversão diferentes, ou seja, você vai vestir e as duas pernas lá embaixo vão ficar brigando.

Outro alerta que vale a pena você guardar e observar. Ao comprar uma bermuda por exemplo, observe se o elástico na cintura faz o contorno total ou se vai até o meio, ou pior, costuma ser um cordão pequeno que pega apenas 5 cms pra esquerda e mais 5 para direita e não ajusta a peça na sua cintura como você deseja. Outro detalhe importante, o cordão (geralmente de polyester) deve ser amarrado por fora, pois por dentro pode ferir o seu corpo, principalmente se você for alérgico àquele produto o que é muito comum. Na compra da camisa, dê preferência àquelas mais compridas, pois quando você lavar pela primeira vez ela pode encolher e deixar você com a barriguinha de fora e valorize um ximango duplo, pois ele dá mais consistência e observe bem se as casas dos botões foram bem feitas e se não existem pontas e linhas soltando. O bom gosto de uma marca que preserva seu nome pode estar presente também nos botões que devem acompanhar a cor do tecido formando um composèe. Uma camisa azul marinho com botões verde alface é prova de absoluto mau gosto ou extravagância exagerada de estilista azedo. Cuidado com roupas “assinadas” pois os estilistas são os grandes responsáveis por tudo de maravilhoso que acontece no mundo da moda, mas alguns são extremamente loucos, ou seja, loucos varridos.

Felizmente ainda existem os alfaiates e as costureiras que fazem exatamente aquilo que você pede e sob medida.

Portanto, pelo menos vestindo aquilo que você gosta e aprecia, você pode ser feliz.

Uma frase importante e relevante, para que os comerciantes lojistas não me joguem tantas pedras, lendo isso aqui.

"Dificilmente existirá alguma coisa neste mundo que alguém não possa fazer um pouco pior e vender um pouco mais barato, e, as pessoas que consideram somente "preço", são suas merecidas vítimas."

John Ruskin

Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 28/02/2012
Reeditado em 09/10/2013
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