ANOREXIA E A BIOGRAFIA DOS EXAGERADOS



Eles também fazem parte do grupo das minorias ruidosas mesmo que seja em epitafios eletrônicos
A arrogância dos ditadores da moda e da beleza não afeta apenas a saúde das modelos, como tem ficado escancarado em reportagens diversas e no cotidiano de centenas de jovens que desfilam em passarelas em busca da fama, do dinheiro e de titulos.
Ela faz um numero enorme de vitimas invisiveis, imperceptiveis a médio, longo e até mesmo curto prazo. Os holofotes e os minutos de fama perseguidos de forma obssessiva por muitos profissionais interrompe com luzes e brilhos das estrelas o processo produtivo e muitas vezes afeta o frágil sistema de publicidade.
Criam do nada e fazem quase nada. São apenas um espelho da realidade, do cotidiano, refletem comportamentos, nada mais. E fazem de um ato simples, de uma pesquisa comum, um espetaculo com fogos de artificio, ou como se fosse assim, repleto de interrupções inúteis num processo que poderia ser bem mais suscinto e humilde. Cameras, holofotes para mostrar ossos em movimento e corpos dilacerados. – “lembra-te que as vezes tens de comer”, eis o slogan do inferno lembrando-me aqui do esqueleto de Isabelle Caro, modelo Frances que pssou metade da vida lutando contra essa maldita doença e morreu, na mesma faixa de idade de Amy Winehouse e um pouco antes de Cazuza, outro exagerado.
São cinematográficos e não fazem a historia do cinema, da moda ou da música. Fazem parte apenas da lista daqueles que fazem estardalhaços propagando anseios pessoais.
Constroem um céu repleto de estrelas e retóricas iluminadas, festivas e não fazem a história do jornalismo.
São donos da passarela onde reina o desfile de horrores e quando o espetáculo deveria ser a moda, as estrelas que brilham são ossos e vaidades.
São altamente remunerados, quando sobem ao palco para cantar ou desfilar, isso é inegável e produzem o maior cancer na planilha de custos no grupo que lista despesas ou dissimula com a fantasiosa expressão "valor agregado".
Há quem pague pela fumaça nos dois sentidos, há quem fique e haverá quem continuará fascinado por essa loucura ou por esse entrave na produção e na produtividade e na saúde dos participantes que fica em segundo plano. O mundo da moda e do reino da beleza é fascinante, é um espetaculo belissimo, que massageia egos e satisfaz vaidades e é quando a gente finalmente começa a entender que novidade é a palavra chave e que está por tras de todo esse aparato de exageros. Rola a droga, rola a droga da vaidade e rodam os exagerados precocemente dos 27 aos 32.
E as "novidades" são ciclicas, elas se repetem e a inspiração e "look" ganha evidencia muito mais na esperteza e jogo de palavras e tudo se resume no final das contas na vontade e gosto pessoal do lojista ou do publico que se renova.
Bolinhas são bolinhas, listrados são listrados, conheço isso desde que nasci e nada vai mudar, apenas se repetir, repetir, repetir, a cada espaço de tempo. A camisa do homem é a chave, e mostra que nada mudou em 100 anos. E... prá quem entende, um pingo é letra. Ao contrário, o louco serei eu, apesar de que mesmo assim e apesar de mim, outras Amy e outros Cazuzas surgirão, como surgiram outros Jacksons ou Mamonas. A causa da morte por elegancia dos médicos ou da familia, ou da imprensa é sempre a mesma: “desconhecida”, mas todos nós sabemos que todos os “exagerados” morrem de overdose,

Certo é que todos eles, pulam do trem da vida, antes do ponto final.
Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 26/02/2012
Reeditado em 16/08/2012
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