A ARTE DA POESIA
Diferentemente da prosa que enche a página com palavras, os poemas têm espaços em branco, o que significa que o silêncio tem o seu lugar ao lado do som como algo significativo, essencial à apreensão dessas palavras.
E o silêncio não se apercebe na celeridade do tempo nem das ações. Portanto, não podemos mesmo ter pressa ao ler um poema. Precisamos observar as conexões, sentir a cadência, ouvir as ressonâncias.
Os poemas precisam ser lidos, relidos e relidos...
Li centenas de vezes o poema “Carta”, de Drummond de Andrade. São apenas três estrofes, quatorze versos, mas um mundo inteiro de sentimentos coube ali dentro.
É preciso que nos sentemos diante de um poema da mesma maneira que nos sentamos diante de uma flor, do mar que se quebra na praia, ou de um ocaso de colorido impressionante. Dessa forma, a poesia contribui para explorar o real e o imaginário, permitindo transformações naquilo que aparentemente é real.
A poesia nada mais é, portanto, que o retrato da nossa imaginação, da nossa autenticidade, beleza e emoção.
Não são poucas as vezes que o poeta necessita ser pessimista na razão para ser otimista na ação.
Ao longo da história as ações humanas passaram, passam e sempre passarão pela poesia, pois esta é simplesmente a mais livre de todas as liberdades.
Ao longo do tempo a poesia jamais se abateu diante do obscurantismo, do terror ou silêncio impostos.
Texto de autoria do professor e escritor Gilberto Martins