Dias Melhores e Tempos Fraturados

O viajante ao viajar busca entende-se melhor a si mesmo e a olhar o mundo em outras perspectivas. O autoconhecimento é ainda uma das facetas do longo processo que e a viagem em si.

Trata-se de uma fuga não declarada dos problemas familiares e cotidianos que azedam semanas e dias, e a fuga serve para isso, cada viajante parte em busca de uma aventura que possa viver em paz e tranquilidade durante alguns dias da sua vida. A busca por aventura ou experiências agradáveis deve também fazer parte do pacote, é uma parte importante de todo o processo, é um esforço para sair da rotina, e requer planejamento e outros detalhes como preparar malas. E parte rumo á rodoviária ou aeroporto, e os trâmites aí envolvidos. Nessa coluna, procuro relacionar o exercício da viagem com a esperança de dias melhores e algo nesse sentido.

Tal demanda propositiva se alinha ao desejo de novidades e surpresas, ao mesmo tempo o viajante prescreve verdades universais acerca de si mesmo, verdades absolutas e inegociáveis.

Ao se encontrar com os parentes, conhecidos, ele está disposto a ouvir um pouco de tudo tanto notícias boas e agradáveis e também notícias de teor negativo. As primeiras abarcam dizer que tudo que é bom realmente pode se aperfeiçoar e deve se ter esperança sobre isso. As segundas canonicamente representam o fracasso da humanidade que não se pode alterar ou mudar, de fato algo imutável.

Mas em diálogos com meu avô e tios em diferentes momentos, entende-se que eles ainda esperam ansiosamente por dias melhores. Mas se tratando de anciãos, isso realmente é intrigante parece-me que as esperanças de velhos e anciãos é um produto concreto da experiência.

Em particular com meu avô, no alto de sua velhice olhava e olha hoje para futuro como se fosse presente. Para ele o advento do futuro, é um sinal contundente que a humanidade ainda tem jeito. Ele considera que sua experiência é um mero desdobramento da existência, e que todos precisam dela.

A sua sabedoria reside em entender os tempos e os momentos diferentes um de outro, mas como devemos entender os tempos?

Em primeiro instante, é viver como se fosse o último de nossas vidas. Em certo ponto de vista isso é complexo, nessa linha de pensamento está coerente e justo. O aspecto visto pelo ancião demanda atenção, pois ele exige que se viva intensamente em cada minuto sem riscos ou com riscos.

No segundo a via de pensamento politicamente correta irá ponderar para outro lado da balança, essa esperança condena riscos e medos comuns à humanidade em sua essência, concordo com a mentalidade do ancião, mas ele tem muita divisa e razão ao defender isso.

Retomando assim outra parte dos diálogos com os tios, percebe a mesma confiança no futuro não com mesma presença, ao contrário verifica-se uma desconfiança anêmica com relação á mudanças estruturais e sequenciais advindas de governos e políticas, ver se um conjunto de anciãos com evidentes convicções, mas com latente visão pessimista ou realista á Aluísio de Azevedo.

Não anulo seu descontentamento advindo de uma vida atribulada e sofrida, o ceticismo tem sua s origens exatamente em ver esse fracasso da humanidade, mas prefiro ouvi-los em certos momentos, pois parecem acenar para um novo país repleto de complexidades e nuance, a mentalidade deles demonstra que precisamos ter esperança ainda que tardia, a visão crítica não impede que se tenha esperança, somente permite que se veja com clareza a realidade que divisamos diariamente.

Ao rumar para fechamento dessa coluna, a clareza de uns e o otimismo de outro se dirige a um futuro de dias melhores ainda no plano do imprevisível e do não programado, procura tecer um mosaico de opiniões bem conexas, esse mosaico abre um mundo novo que muito embora tarde a chegar, mas a viagem permite verificar essas concepções com cuidado e respaldo de estudos e análises sociológicas e canônicas advindas ao longo da existência da humanidade que exige permanência no entendimento dos acontecimentos subsequentes.

Os anciãos embora céticos enxerguem um mundo ainda em estado de parto, sua sabedoria e experiência restringe um sonho de realidade, ao enxergar isso vislumbram um mundo sombrio e desafiante, pois segundo eles, no mundo a cada momento surge novos desafios frios e nada removíveis.

Enfrentar o futuro com risco é uma caixinha de surpresa, o mais aconselhável segundo alguns deles parece ser ler algo que se adéquo a realidade fria dos tempos fraturados do século XXI, assim o futuro se condiciona a caixa de riscos frios e sombrios que temos á frente.

Convido ao caro leitor que leia “Os Tempos Fraturados” de Erick Hobsbawn, irá ajudar você caro leitor a entender esse tempo que vivemos e as suas complexidades , sem abrir mão da sabedoria dos anciãos.

JPensador
Enviado por JPensador em 26/11/2024
Código do texto: T8205915
Classificação de conteúdo: seguro