LITERATURA E EDUCAÇÃO: Um direito essencial 

 

"A Literatura corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob pena de mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo, ela nos liberta do caos e, portanto, nos humaniza"

(Antonio Candido)

 

Essas palavras do renomado crítico literário brasileiro nos fazem refletir sobre o papel fundamental da literatura na formação do ser humano e, por extensão, na sociedade. A leitura, ao dar forma aos sentimentos e à percepção do mundo, atua como uma ferramenta de libertação e de humanização. Nesse sentido, o acesso à educação, aos livros e à literatura, é mais do que um direito; é uma necessidade vital para a construção de uma sociedade mais justa e consciente.

 

Ao redor do mundo, ter acesso à educação é um direito básico, garantido por diferentes tratados internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que, em seu artigo 26, afirma que toda pessoa tem direito à educação. No Brasil, esse direito também está assegurado por meio de legislações como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Constituição Federal de 1988. Ambos preveem que a educação é um direito de todos, e é dever do Estado e da família garantir que esse direito seja exercido de forma plena.

 

Dentro desse contexto, a leitura e o acesso à literatura desempenham um papel crucial. Os livros são portais para o conhecimento, permitindo que crianças e jovens desenvolvam suas capacidades cognitivas, ampliem seus horizontes e compreendam melhor o mundo ao seu redor. A literatura, em particular, permite que os leitores explorem diversas realidades e sentimentos, fomentando a empatia e o pensamento crítico. Além disso, a leitura contribui diretamente para o desempenho escolar, facilitando o aprendizado em diferentes disciplinas.

 

No Brasil, existem iniciativas que buscam democratizar o acesso à leitura, como bibliotecas públicas e programas de distribuição de livros nas escolas. Entretanto, o desafio da acessibilidade ainda é grande. Em muitas regiões, principalmente em áreas rurais e periferias urbanas, as crianças e os jovens enfrentam dificuldades em acessar livros de qualidade. Isso compromete não apenas o direito à educação, mas também a possibilidade de desenvolver plenamente suas capacidades humanas, como aponta Antonio Candido.

 

A falta de acesso aos livros e à literatura pode ser vista como uma forma de exclusão social e cultural. Quando crianças e jovens são privados desse contato, perdem a oportunidade de se desenvolver plenamente como cidadãos críticos e conscientes. O estímulo à leitura desde os primeiros anos escolares, portanto, é uma das maneiras mais eficazes de garantir que o direito à educação seja exercido em sua plenitude.

 

Para que o Brasil avance nessa questão, é necessário que o poder público, juntamente com a sociedade civil, invista em políticas que tornem o acesso à literatura mais amplo e democrático. Projetos como bibliotecas itinerantes, clubes de leitura em comunidades e a melhoria das bibliotecas escolares são iniciativas que podem transformar a realidade de muitos estudantes. Além disso, a formação de professores capacitados para mediar o contato dos alunos com a literatura é essencial.

 

Em resumo, garantir o acesso à leitura e à literatura é uma das formas mais eficazes de promover o desenvolvimento integral das crianças e jovens, conforme afirmado por Antonio Candido. Esse acesso não apenas fortalece o direito à educação, mas também contribui para a formação de seres humanos mais conscientes, críticos e capazes de atuar de forma ativa na sociedade. Portanto, é preciso investir continuamente em ações que garantam que esse direito seja efetivamente exercido.

Prof Eduardo Nagai
Enviado por Prof Eduardo Nagai em 16/09/2024
Reeditado em 16/09/2024
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